08 março 2006

Para que tudo fique claro


Sei que tenho que ter muito respeito pelos leitores dos meus textos. Aqui não se brinca.
Em mim, nos últimos tempos, operou-se uma completa mudança na estrutura mais profunda do meu pensamento. Sou de direita. Se calhar sempre fui. Só não tinha tomado verdadeira consciência disso. Penso mesmo que a minha história de vida no que se refere às ideias políticas é o percurso de muitos dos meus concidadãos enganados com o PREC.
Ser de direita é também saber conciliar uma visão liberal do homem e do mundo com o bem de Alcochete.
Faço questão que todos saibam, desde já, que defendo, intransigentemente, a coligação PSD-PPD e CDS-PP para as próximas eleições autárquicas. Esta é a minha posição inabalável, ainda que esteja a assinar a minha certidão de óbito quanto a qualquer participação cívica em termos de futuro. Isto pouco me incomoda desde que a minha consciência não seja incomodada.
Aproveito, finalmente, para fazer saber aos leitores dos meus textos que não acredito em listas de 'independentes'. Face a estas, adianto a seguinte pergunta: quem manda nos 'independentes'? Se me candidato a um órgão autárquico sob o toldo de um partido político, a estrutura mais alta deste, em última instância, poderá ser responsabilizada pelos desmandos dos autarcas que acobertou. E no caso dos 'independentes'? Responder-me-ão que poderemos recorrer aos Tribunais? Talvez, mas então a Justiça em Portugal tem que melhorar muito!...

12 comentários:

Anónimo disse...

Caro Francisco Bastos, sou um admirador do que escreve, mas terá que me perdoar a minha franqueza ao discordar com este seu último artigo. Porque não listas independentes, sobretudo pelo que assistimos nos últimos tempos com os políticos deste país. Sou militante do PSD com o n.º 140620 e nem sempre concordo com as ideias do meu partido. Acredito plenamente que uma lista de independentes, feita com pessoas credíveis poderá certamente fazer melhor do que certos políticos. E porque não uma lista de independentes apoiada por um ou mais partidos? Actualmente os políticos não têm credibilidade alguma junto da população deste País. Tudo pelo que se sabe e se vê. Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Major Valentim Loureiro e muitos outros que não me ocorre. Este problema existe pelo simples facto de os políticos não serem responsabilizados criminalmente pelos actos, muitas vezes bárbaros que cometem. Quem sabe se os políticos, principalmente os políticos locais não fossem tão afastados do povo, tão independentes, o povo os olha-se com outros olhos. Esta é a minha opinião. Carlos Alberto - Montijo

Anónimo disse...

Peço desculpa ao senhor Francisco Bastos, não era a ele que me referia mais sim ao senhor João Marafuga. Peço desculpa pela troca de identidade.

Unknown disse...

Carlos Alberto, não andámos a estudar juntos no Externato Sagrado Coração de Jesus? Se não estou a falhar, somos amigos de longa data.
Bom, Carlos, o sr. Bastos é Fonseca e não Francisco. De facto, o nome do meu companheiro neste blog é Arnaldo Fonseca Bastos.
Quanto ao último tema do meu texto por ti comentado, devo dizer-te, em primeiro lugar, que muitos dos meus artigos perdem boa dose de sentido se olvidarmos esta labiríntica terra de Alcochete.
Como exemplo, quem ainda não há muito tempo me falou aqui em Alcochete numa lista de independentes para as próximas eleições autárquicas foi um ex-militante de um partido político.
Saindo de Alcochete e falando em termos de ideias, eu considero que a Democracia é o Estado de Partidos e não o Estado de Independentes.
Talvez porque sempre tivesse sido na minha vida um homem de Igreja, embora com algumas rebeldias a meio do caminho, a verdade é que a minha estrutura mental não admite a exclusão, em matéria política, de uma organização superior. Sem esta, em religião, regredimos à feitiçaria; em política, regredimos à anarquia.

Anónimo disse...

Cara Marafuga, segundo a minha interpretação da democracia é mais ou menos isto: Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo. - Embora existam pequenas diferenças nas várias democracias, certos princípios e práticas distinguem o governo democrático de outras formas de governo.
- Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, directamente ou através dos seus representantes livremente eleitos.
- Democracia é um conjunto de princípios e práticas que protegem a liberdade humana; é a institucionalização da liberdade.
- A democracia baseia-se nos princípios do governo da maioria associados aos direitos individuais e das minorias. Todas as democracias, embora respeitem a vontade da maioria, protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias.
- As democracias protegem de governos centrais muito poderosos e fazem a descentralização do governo a nível regional e local, entendendo que o governo local deve ser tão acessível e receptivo às pessoas quanto possível.
- As democracias entendem que uma das suas principais funções é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião; o direito a protecção legal igual; e a oportunidade de organizar e participar plenamente na vida política, económica e cultural da sociedade.
- As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.
- A democracia sujeita os governos ao Estado de Direito e assegura que todos os cidadãos recebam a mesma protecção legal e que os seus direitos sejam protegidos pelo sistema judiciário.
- As democracias são diversificadas, reflectindo a vida política, social e cultural de cada país. As democracias baseiam-se em princípios fundamentais e não em práticas uniformes.
- Os cidadãos numa democracia não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, protege os seus direitos e as suas liberdades.
- As sociedades democráticas estão empenhadas nos valores da tolerância, da cooperação e do compromisso. As democracias reconhecem que chegar a um consenso requer compromisso e que isto nem sempre é realizável. Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrático”.
ISTO SIM É (para mim) DEMOCRACIA -Carlos Alberto -Montijo

Fonseca Bastos disse...

Isto está bonito! Tivémos eleições locais há somente cinco meses e já há quem trace cenários para as de 2009...
Alô, há alguém à escuta na sede local do PCP? E nos independentes? Isto não vos diz nada, nem vos desperta do torpor do poder cego, deliberadamente surdo e no essencial mudo?
Este é um sintoma das tentações do poder que há em cada cidadão ou um primeiro sinal de que qualquer coisa não está a correr bem?
Isto cheira-me a esturro, mas talvez seja defeito de fabrico da pituitária.

Unknown disse...

Carlos Alberto, o teu texto é uma foto do modelo ocidental de democracia. Nesta conformidade, as tuas palavras são a Democracia para ti e para mim!
Sr. Bastos, em Alcochete tem que ser assim.
A idiossincrasia do alcochetano, face a determinadas áreas da vida humana, nomeadamente a área política, leva-o a dizer sempre que é cedo. Isto favorece o poder instalado.
É evidente que o meu texto é «...um primeiro sinal de que qualquer coisa não está a correr bem» no reino da Dinamarca!

Unknown disse...

Sr. Jorge Cardoso, estranho a maneira como começa o seu post imediatamente anterior: "não entenderam", "já disse inúmeras vezes", "não perceberam", "não vêem", etc.
É falso que se «...Luís Franco concorresse por outro partido ou mesmo por uma lista de independentes, teria igualmente hipóteses de ganhar as eleições».
Luís Franco ganhou as eleições porque concorreu pela CDU, a única força política capaz de recuperar o poder depois dos desmandos do José Inocêncio.

Anónimo disse...

Aos comentários de Jorge Cardoso, só faltou a parte final da premissa: "Em Alcochete vota-se nas pessoas", é certo, "mas... por oposição a outras pessoas"! Foi assim que Inocêncio entrou para a Câmara. E foi assim também que Franco a viu cair do céu... Surpreende-me como, neste meio tão pequeno, as coisas ainda são assim: ninguém ganha o poder; os outros é que o perdem. Ou alguém pensa que Luís Franco é hoje presidente porque fez muito trabalho de oposição (construtivo, entenda-se) ou muito trabalho na comunidade? Ele até estava, na prática, à procura de primeiro emprego...
Votos de coragem, Jorge Cardoso. Tenho acompanhado as suas intervenções políticas mais recentes e, apesar do notório esforço em marcar terreno, tem sido das poucas vozes a fazer oposição séria, coisa que, está bem visto, o actual PS não consegue fazer. Mas reconsidere em relação ao CDS: olhe que dali não vem nada de bom, como ficou bem demonstrado no dia 9 de Outubro de 2005 (já viu como alguns dos que alegremente pululavam de azul e amarelo andam agora tão coladinhos ao vermelho, em troca de uns empregos para a família?)
Um abraço,

Unknown disse...

Jorge Cardoso, há alguns pontos de contacto no que pensamos sobre a política local.
É evidente que os eleitores do Concelho de Alcochete votaram muito mais contra o José Inocêncio do que contra o PS.
Mas nestas últimas eleições, nem que o PC avançasse com o maior borra-botas da nossa terra (passe a hipérbole), alcançaria sempre a vitória.
Depois, é preciso não esquecer uma coisa: nas três freguesias do Concelho, os partidos de esquerda são muito fortes, nomeadamente comunistas e socialistas. A ideia de que isto é uma luta de personalidades estará rota a partir dos alicerces. No caso de Alcochete, fazer vista grossa a partidos como o comunista e socialista é fazer o jogo a favor destes mesmos partidos.

Anónimo disse...

Perdoem-me a minha insistência, mas entendo que existe uma grande confusão neste debate, ou seja, segundo Nildo Viana, os partidos políticos são organizações burocráticas que se fundamentam na ideologia da representação e possuem como objectivo conquistar o poder, além de serem expressões de classes sociais, principalmente as classes sociais privilegiadas, mas vou mais longe, segundo Max Weber, um partido político é uma agremiação de cidadãos com afinidades ideológicas e mesmos fins políticos. São a unidade básica das estruturas políticas da maior parte das democracias do mundo actual. Logo estamos a falar de pessoas e não partidos.

Anónimo disse...

Lamento dize-lo, mas perante este, acalentado debate, concluo que Alcochete vive actualmente num regime de pura “Demagogia”. Quiçá o que falta em Alcochete é um pouco de “Aristocracia”.
Carlos Alberto

Unknown disse...

Carlos Alberto diz que falta a Alcochete o que cá mais há: "Aristocracia". Esta, para se defender, apenas contemporiza com a veste do próprio adversário.
Por mais meus amigos que sejam, obrigais-me a dizer: para se falar de Alcochete é preciso conhecer Alcochete. As comunidades não são todas iguais.