22 março 2006

A cola do ex-libris

Devo confessar-vos que não me dou bem com as novas tecnologias, é tudo complexo, a necessitar manuais. Vem isto a propósito do Fórum Cultural, esse ex-libris alcochetano, no dizer “simples” e descritivo do site da Câmara: “a obra de maior envergadura até hoje realizada pela Autarquia” e que “veio permitir que Alcochete passasse a dispor de um dos espaços culturais mais dignos e modernos que se pode encontrar no Distrito”, esse projecto de “elevado índice de versatilidade”, e outras baboseiras de prosa saloia - para não chamar parola! - do escriba de serviço pago a expensas do erário público. Tudo bem, diria eu cá com os meus botões, não fossem as dúvidas que as “obras de fachada”, sobretudo as realizadas por autarquias, sempre me deixam. Suponho que sabem ao que refiro, há exemplos à mostra, escuso-me de apontar a dedo casos concretos. E, ao que consta, são só a ponta do iceberg. Mas passo à frente, dou de barato a maior transparência a benefício dos patrocinadores, por crer que equipamentos neste âmbito são eventualmente úteis e necessários. Possibilitariam, no caso específico de Alcochete, uma revitalização da vida económica e social, se devidamente conjugados com a área urbana em que se inserem - a de maior densidade populacional do país - com a dinâmica gerada pelo Free Port. Mas estas cogitações, aqui deixadas à laia de desabafo, só fariam sentido se o ex-libris tivesse vida, leia-se programação regular: exposições temporárias, teatro, cinema, música, colóquios, congressos. E que se soubesse, isto é, que se fosse ao site da CMA e se visse, dia tantos isto ou aquilo, para, pelo menos, seis meses. Mas não, não vi lá nada. Como não acredito em que não exista programação regular para aquilo, para o tal famosíssimo ex-libris, o defeito só pode ser meu, por não me entender com as novas tecnologias: mea culpa, mea maxima culpa! Agora se realmente de programação há zero, aconselho a excelentíssima edilidade a esticar a língua e a lamber o verso do dito: para o colar no livro. Sabe a cola?! Pois é...

12 comentários:

Unknown disse...

António, todo o teu texto é pertinente e está muito bem conseguido.
Se sem viveres em Alcochete já vês tanto, que não fora se cá vivesses!
Parabéns.

Anónimo disse...

Vejo, com absoluta tristeza, que este novo tagidense militante (de seu nome António) aprendeu bem a lição com o sr. Dr. Marafuga: molda a realidade à medida da sua conveniência, para extrair conclusões abusivas e não certificadas.
Com que então, no nosso Fórum Cultural, existe programação zero? O meu caro António deve andar muito distraído, certamente porque não mora cá (que desculpa terão os que por cá vão respirando?)
- Exposição "o Touro. Mitos. Rituais. Celebração" (patente ao público e amplamente divulgada nos jornais locais)
- Nem de propósito, ontem houve um concerto pela Orquestra Sinfonietta (já é azar escrever um post destes mesmo depois de o auditório do Fórum ter praticamente enchido...)
- Para a semana, haverá um concerto de Blind Zero (no dia da Juventude) - aguardem pelo anúncio nos jornais...
E, de facto, poderia estar aqui uma semana a enumerar o que foi feito... e não me compete, sequer, defender estes ou aqueles que nos governam.
Mas o que verdadeiramente me impressiona é que estes senhores transmutados em banhistas com vista para o pôr-do-sol na Ponte Vasco da Gama não tenham tido a decência de publicar um único post sobre uma só iniciativa realizada no Fórum Cultural.
Em vez disso, preferem denegrir e criticar sem o mínimo conhecimento de causa.
Criar realidades paralelas, como o meu velho amigo Pequito tão bem sabe, tem um nome. Mas para já vale a pena eu devolver a pergunta: afinal, quem tem a língua a saber a cola?
Um forte abraço e melhores tentativas para a próxima, meu caro António.

In Via disse...

Senhor José do Cerrado,

As lições são sempre bem vindas, estimadíssimo amigo, venham de onde vierem, desde q haja vontade de aprender. Não é o seu caso, por certo, dado a sobranceria com q fala delas. Só q não responde à minha interrogação, muito pelo contrário, comprova-a, o q desde já muito lhe agradeço: não há programação regular no Fórum Cultural, ponto final parágrafo. Há, sim, eventos ao sabor da corrente - do Tejo? - ou da conveniência política de algum apparatchik. Saber-me-á dizer qual a programação de Abril, dos eventos agendados, caso entenda o q escrevo, com dias e horas? E a de Maio? Junho? Julho? Chega? Não, não sabe. E sabe qual a razão da sua ignorância? É q não há pior cego q o q não quer ver! E assim o meu amigo, q veio buscar lã, lá segue tosquiado. Não fique incomodado, deixe lá, o tempo vai quente!
Um abraço, e faça da Avis, sem se espetar ao volante, o seu lema: we try harder!

António

Unknown disse...

Enquanto, também, no Forum Cultural de Alcochete, não se fizerem comunicações sobre as obras dos nossos poetas, exposições sobre os quadros e trabalhos dos nossos pintores e artesãos respectivamente, sessões de fado dos nossos fadistas, etc., etc., etc., esse espaço para mim será sempre espúrio ao universo da alcochetanidade.

Anónimo disse...

sobre a programação, têm que questionar quem foi eleito. Houve uma programação anual, aceite pelo anterior executivo e que o actual deve ter achado por bem meter na gaveta.
Mas os meus caros amigos também não respondem a nenhuma das minhas questões e olhem que elas são parte importante do que insinuam: por que razão nunca usaram esta vossa tribuna para dizer bem fosse do que fosse que se tivesse passado no Fórum Cultural?
A exposição sobre o Touro não tem nada a ver com Alcochete?
Um célebre concerto de Camané não tem nada a ver com, o que aquele iluminado senhor chama de "universo da alcochetanidade"?
O lançamento do livro sobre as actas de vereação de Sabonha, nada tem que ver com Alcochete?
Quem é que é o cego, aqui? E quem é que faz vista grossa ao que está bem à frente do nariz?
Fechar a alcochetaneidade sobre si própria é o maior erro que já vi o Dr. Marafuga apregoar (e não têm sido poucos...) Alcochete ficou ligado ao munndo com a Ponte Vasco da Gama e, quer os velhos do Restelo queiram, quer não, o nosso cantinho está inserido numa lógica metropolitana e regional, de que faz parte por direito próprio. Quem estiver minimamente atento aos eventos no Fórum Cultural, verá que houve sempre um inquestionável equilíbrio entre o universo alcochetano e produtos regionais / nacionais, como forma de diversificação cultural e atracção de novos públicos.
I try harder, my friends! I just wish I could say the same about you!
Aquele abraço, sempre benevolente

Anónimo disse...

E mais:
A banda de Alcochete já tocou no auditório do Fórum Cultural pelo menos 5 (cinco) vezes. Numa das ocasiões, homenageou-se a fadista alcochetana Leopoldina da Guia. Noutra, tocou com Carlos Guilherme.
Quando foi inaugurado, o programa incluiu um dia inteiro dedicado às fórmulas locais, com ranchos e mais ranchos... até o sofrível Rancho da Fonte da Senhora...
Na exposição sobre Anderson, a criatividade das nossas crianças foi desafiada e montou-se uma exposição com os seus desenhos.
Por favor, nem me obriguem a puxar mais pela memória. Está à vista de todos a integração e interactividade do Fórum Cultural na comunidade em que se insere, e a qual serve.
O abraço continua benevolente; o discurso acabou de se tornar...

Anónimo disse...

O gato mia dentro do fórum vazio. O gato mia no terreno irregular e empapado que circunda o fórum. O gato mia mas o fórum não tem acessos, nem além nem aquém. O gato mia porque o fórum existe ou porque ali há gato?
Pelas alminhas, capem o gato antes que o seu cagarim faça com que alguém vá de cana!

Unknown disse...

Pouco me importa naquilo que o discurso de Zé do Cerrado acaba de se tornar.
Sou um alcochetano que sempre viveu na sua terra. Sei que desde o 25 de Abril, a prática genérica de comunistas e socialistas tem sido diluir a micro cultura alcochetana em "qualquer coisa" que tem a ver com uma dinâmica de globalização (aposto que me dirá que esta é levada a cabo pelos americanos sem me dizer quais!).
É hipocrisia o que há entre a esquerda e a cultura. A esta outra coisa não acontece senão ser esvaziada por aquela.
A esquerda, para sobreviver, tudo fará para transformar a cultura num invólucro giro. Por exemplo: uma procissão é uma manifestação cultural sem deixar de ser religiosa. Ao fim e ao cabo, uma procissão é também uma afirmação da fé. Ora a fé é um valor judaico-cristão por excelência. Eu pergunto: Como é que as esquerdas materialistas poderão progredir no terreno coabitando com as procissões? Ou acabariam com elas sob o pretexto de que pertencem a uma velha ordem ou mudariam o sentido intrínseco das mesmas.
A alcochetanidade só faz sentido como mosaico da portugalidade. O anónimo a quem respondo é que é "Cerrado" e sou eu que fecho?
Muito eu tenho rido consigo, homem, não de si, claro, sou cristão.

In Via disse...

Senhor José do Cerrado,

Desde ontem q aguardo, pacientemente, q me diga qual a programação prevista para o Fórum Cultural. No mês de Abril vai acontecer o quê? E em Maio? Em Junho? Datas e horas, faça favor. Não sabe? Então não insista em afirmar q o Fórum tem programação regular. O q o Fórum tem, isso sim, é uma programação de acasos, nada mais. E uma programação de acasos não se compadece com o esforço financeiro dispendido, com o dinheiro dos contribuintes, um dinheirão ali enterrado. Percebe?

António

Anónimo disse...

Meu caro António,
nunca disse saber qual a programação regular do Fórum Cultural e adverti para que fizesse essa pergunta a quem nos governa. Desconheço se quem nos governa tem ideias para aquele local... ou se o vê como um empecilho herdado de um executivo anterior que teve, notoriamente, visão estratégica cultural para além de iniciativas de vão de escada nos salões das juntas de freguesia...
Mas porque insiste o meu amigo em menosprezar tudo o que lá se tem passado de bom? A todo o rol de iniciativas que frizei, não consegui obter uma única resposta da sua parte, o que é confrangedor, vindo de quem se acha no direito de escrever sobre algo que, na realidade, desconhece inteiramente.
Já sabemos que o Dr. Marafuga tem uma cassete anti-esquerdista na cabeça (já se sabe que não há pior radical que os convertidos...) e que isso o impede de ver para além de um conceito muito sui generis de alcochetaneidade. Mas o meu amigo podia fazer um esforço - try harder, dir-me-ia - para ultrapassar esse seu discurso da falta de uma programação regular e avaliar, de forma rigorosa e séria (que eu seriamente duvido que consiga), as iniciativas de seis meses de actividade.
É que o "esforço financeiro" não está absolutamente dependente de uma programação regular, como pretende, mas de uma avaliação mais ampla do que por lá se tem feito. E como o meu prezado amigo não deve ter estado presente em sequer uma iniciativa, não poderá nunca ser capaz de fazer avaliação. Percebe?
Aquele abraço

PS - meu caro João Marafuga: o riso é-nos verdadeiramente comum, pois nem imagina as gargalhadas que vou tendo cada vez que o vejo armar-se em paladino de um povo que, como já se viu, não o quer rigorosamente para nada. E então quando fala de cultura desconhecendo tudo à volta é, de facto, hilariante...

Anónimo disse...

Ó Zé do Cerrado, deixe-se de ataques à minha pessoa, e diga se no seu entender, o não saber da programação do Fórum é natural, normal. O meu amigo pode não saber, vá. E A CMA, sabe? Pois é, aí é q bate o ponto, está a ver? É q a coisa voga ao sabor do vento, a ver quem lhe bate à porta Fórum. Acha bem?

Anónimo disse...

O gato mia no fórum. Miau.
O guarda do fórum assusta-se e pisa o gato que mia. Miiiaau.
Chiça, pisei o gato!
Não, sua besta, você pisou foi o Zé do Cerrado!!!