31 março 2006

Política: a minha visão (1)

O PCP de Alcochete sabe bem que, nas eleições locais de 2001, a sua derrota nada teve a ver com «Trabalho, Honestidade e Competência». Candidatos filiados e independentes não eram uma corja de mandriões, desonestos e incompetentes.
Tal como a vitória recente resultou, sobretudo, do voto útil e de um conjunto de circunstâncias sobejamente conhecidas dos mais atentos, todas exteriores ao partido, embora tenha havido algum hábil trabalho de desgaste dos socialistas, nomeadamente junto do pessoal da câmara e da população receptiva.
A diferença mais visível, entre 2001 e 2005, esteve na qualidade das campanhas, a última melhor planeada e executada. Mas a estrutura organizativa manteve-se quase imutável e, salvo algumas trocas de posições, os principais derrotados de 2001 foram "repescados" e venceram em 2005.
Em 2001, houve quatro razões concretas para o partido perder e ser afastado do poder, ao fim de 19 anos de maiorias quase sempre esmagadoras.
Primeira, na parte final do mandato houve sérios desentendimentos internos. Lembro o caso DDI, a fábrica de destruição de munições de guerra, em Rego da Amoreira. A divisão perdurou durante a campanha eleitoral, mal delineada e conduzida. Uma semana antes das eleições, a CDU estava trancada em casa e o PS tomou conta do terreno.
Segunda razão, durante cerca de ano e meio o vencedor desgastara e fragilizara o poder junto da opinião pública letrada e atenta, mormente através de dirigentes das colectividades e da comunicação social.
Terceira, perdeu porque os funcionários da câmara e os dirigentes das colectividades estavam fartos de um executivo forreta. A câmara é um montepio e o maior empregador de residentes no município, dela dependendo, directa ou indirectamente, quase todas as colectividades e centenas de famílias de fracos recursos (umas 3.000 pessoas, pelas minhas contas).
Dirigentes associativos, empregados da câmara e respectivas famílias tinham (e terão nos próximos anos, sempre que a abstenção for elevada) o poder de ditar o desfecho eleitoral no município.
Quarta razão: o "chumbo" da primeira versão do empreendimento Freeport, pouco antes das eleições, ingenuamente "vendido" como uma espécie de taluda para o concelho. Essa foi, sem a menor dúvida, a pazada de terra decisiva sobre o cadáver do poder então vigente.
Fico-me por estas quatro razões concretas, pois o melhor é não cavar muito fundo.

(continua)

4 comentários:

Anónimo disse...

O Freeport...tudo o q dê trabalho, emprego, afastando as pessoas da dependência da Câmara, é uma ameaça q rapidamente afastam. O PC alimenta-se e sobrevive da miséria e da ignorância!

Unknown disse...

É verdade que «...a estrutura organizativa [PCP local] manteve-se quase imutável e, salvo algumas trocas de posições, os principais derrotados de 2001 foram repescados e venceram em 2005».

In Via disse...

O primeiro comentário não é anónimo, é meu.

Anónimo disse...

"Trabalho, Honestidade e Competência"...balelas!

E depois não querem que digamos que lhes colocaram uma cassete!!!

Como é possível em pleno sec.XXI e após todos estes anos de "democracia" continuarem com este tipo de conversa.Será que ainda estamos no Paliolítico? Meus srs. acordem . O tempo do "fachismo", do obscurantismo, dos papões já passou.Só os srs. ainda não viram!?! A conversa é sempre a mesma, já aborrece.

marialisboa