Ou comunistas ou cristãos. Eu não estou a dizer que uns e outros não dialoguem. Uma insinuação desse jaez não seria digna de um verdadeiro humanista cristão.
Eu estou a dizer que não se pode amar comunismo e cristianismo ao mesmo tempo porque o primeiro assenta numa ideologia - o marxismo - negadora de Deus. Ora negar Deus é negar o homem na própria essencialidade deste.
Portanto, quem se afirma comunista e simultaneamente crente em Deus vive uma profunda contradição, causa profunda de confusão e tropeço da própria vida.
Um ou outro cristão poderá dizer-me que é por força da conjuntura que apoia os comunistas. Mas estes não perdem tempo e aproveitam o voto conjuntural para a mudança estrutural.
Assim, se não separarmos as águas desde já, poderá acontecer que abramos os olhos em tempo inútil.
Quem ama os rostos dos filhos e netos pode querer o comunismo?
3 comentários:
Li o blog por sugestão de terceiro, gostei.Li este post, e desde logo aviso que não sou cristão, nem comunista, para lhe perguntar se afirmar a "essencialidade" do Homem não é um passo algo temerário? Quero dizer: existe algo que se possa dizer de "essencial"? Isto partindo do principio que estamos de acordo com a definição de "essência". E daí à "essência" do Homem estar ligada dum modo definitivo à afirmação da existência de Deus (suponho que na versão cristã), enfim...que bases para um diálogo verdadeiro e humanista?
Quanto ao comunismo, é a velha história das utopias libertadoras que trazem em si o gérmem da tirania; com os comunistas a coisa já tem a ver com a "essência" do Homem: pode-se ser boa pessoa e ter valores muito equivocados, assim como se ter os valores mais respeitáveis e prácticas terroristas.
As afirmações de que cristianismo e comunismo têm princípios semelhantes e de que Jesus Cristo teria sido o primeiro comunista são filhas da ignorância, completamente absurdas e fazem o jogo das esquerdas.
O cristianismo assenta numa cosmovisão teocêntrica e o comunismo, cuja filosofia é o matrialismo dialéctico marxista, concretiza a excrescência mais execrável do humanismo antropocêntrico defecada no séc. XIX.
A Cruz de Jesus Cristo significa a união da imanência (presença) e da transcendência; o comunismo é só e apenas imanência, quer dizer, é só e apenas uma concepção materialista do homem e do mundo.
Por outras palavras, o comunismo é uma total desespiritualização, o que conduz à mais abjecta animalização do ser humano.
Em resposta a Pepe: a essência do homem é a imagem e semelhança de Deus. Essa essência é só uma como um é só Deus.
Para mim, o essencial é isto: 'há Algo maior que eu para lá de mim'. Eis a afirmação que à minha vida dá sentido. A união deste e da carne é o fundamento do mundo real. É isto que se pode dizer que é o essencial; é isto que alicerça o humanismo cristão.
Para os comunistas a essência do homem é apenas e só intramundana.
Não esqueça o meu amigo que para o materialismo dialéctico a questão fundamental da Filosofia assenta na relação pensamento e ser, entendendo-se por este a matéria.
No fundo, o marxismo debruça-se sobre a relação do instrumento (pensamento) e da matéria, vale dizer, debruça-se sobre a relação da matéria e da matéria.
Então o homem vive 'só de pão'? Tenho medo disto!
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