Resposta a uma Clara, intrigada com a cor das nossas camisolas e bandeiras.
Pessoalmente não estou partido, nem quero. Continuo com o esqueleto inteiro, que conservo conforme posso. E mantenho-me vertical desde sempre.
Ensinaram-me, há muitos anos, que os partidos são grupos organizados de cidadãos (às vezes pouco) unidos no desejo de tomar o poder. Uns pela força, outros pela persuasão, alguns por ambas.
Eu, que sou um cidadão bem comportado e nunca quis assaltar coisa alguma, há décadas decidi não ir por aí. Se me derem o poder aceito-o, tanto mais que "a cavalo dado não se olha o dente". Mas nunca usaria um bando para fins inconfessáveis, por ser contrário aos meus princípios.
Até porque tenho do poder uma visão humanista (e talvez idealista, concedo): tê-lo é servir quem no-lo confia, com lealdade e transparência, sacrificando os nossos próprios interesses.
Como quem gosta do poder não o larga sem ser à força, eu que sou bem comportado terei de esperar que o poder caia na rua. Mas, desde que tenho idade para pensar e decidir, ainda não caiu...
No 25 de Abril esteve quase, mas havia então um general de monóculo que se meteu em sarilhos por ter escrito um livro. A "outra senhora" ofereceu-lho de bandeja e ao general saiu a fava do bolo-rei.
O poder tem passado bem sem mim. E eu sem ele, obviamente. Limito-me a aturá-lo, porque não tenho outro remédio. Já me vai faltando a paciência, confesso.
Se, em sua opinião, eu teria de pertencer a algum partido para justificar o trabalho de escrever aqui, lamento contrariá-la. Muito antes outros tiveram essa ideia e engoliram sapos.
Se insiste em que eu tenha de pertencer a algum partido para justificar a presença neste condomínio, faça o obséquio de me inscrever no do concelho de Alcochete.
Conheço bem as cores predominantes do seu estandarte municipal e gosto delas: o vermelho do sangue e o amarelo dos campos dourados pelo sol.
A ele deveriam pertencer todas as pessoas que aqui nasceram, que aqui residem ou que gostavam de ver estes 94km2 melhorarem a sério. Faço os possíveis para que acordem e lutem, denodadamente, para se sentirem felizes e satisfeitas nesta terra.
Se todas o fizessem, tenho a certeza que isto levaria uma volta de 180 graus.
Ajudo-as conforme posso a manifestarem-se, oportunidade que aproveitam generosamente mas desagrada a alguns caciques. Coitados!
Em consciência, por agora creio criticar menos do que devia como cidadão pagante, votante e interessado neste arraial. Sugiro algumas coisas que me parecem óbvias, como comprovará se tiver a paciência de ler este blogue desde o início. Se o fizer, encontrará até algumas referências positivas porque não sou bota-abaixista.
Tenho-me limitado, nos últimos 4 meses, a preencher uma lista de problemas à espera de solução. É um pouco longa e talvez infindável, mas a culpa não é minha. É do estado a que isto chegou...
Em tempo oportuno e na dose certa terá a oportunidade de ler as minhas críticas francas, sinceras e objectivas. Sem outra intenção que não a de endireitar o que está torto.
A maior de todas as coragens é a de assumir responsabilidade.
(Gustavo Barroso)
5 comentários:
Subscrevo este texto integralmente.
Senhor Fonseca Bastos, devo conversar-lhe que não gostei minimamente da sua ironia provocatória muito menos quando se refere à minha pessoa “Resposta a uma Clara”. Em primeiro lugar, não sou uma qualquer, em segundo não faço parte de nenhum ovo e para finalizar, não esperava que o senhor com todos os seus predicados trata-se uma senhora dessa forma, sim uma senhora, pois com os meus 55 anos mereço ser mais respeitada. Julgo não ter ofendido ninguém com os meus dois argumentos. Pode deixar que não irá ler mais nada meu no “SEU BLOG”. Se esse foi o aviso, eu tenho muito prazer em lhe fazer tal vontade de não voltar a comentar nada do que aqui o senhor escreva, para não melindrar ninguém. Que tenham um bom dia. Clara do Montijo
Clara do Montijo, deve compreender que classificar pessoas não é qualquer coisa que alguém receba de bom grado.
O meu companheiro destas andanças não gostou e eu também não. Mas nem ele nem eu queremos que a Clara deixe de visitar este blog que também é seu. Aqui a Clara pode fazer o exercício da cidadania que é dever inalienável de todos nós.
Posso reconhecer que subjectivamente a Clara não quisesse melindrar ninguém, mas compreenderá que, no fundo, ninguém gosta de rótulos.
Portanto, o melhor será a Clara e nós superarmos este pequeno diferendo e, todos juntos, continuarmos a trabalhar a favor do bem comum.
Caro amigo Marafuga:
O que não entendo é o melindre causado pelo meu texto. Terá a pessoa em questão lido o texto até ao fim? Desconsiderei-a ou desrespeitei-a como e onde?
Acho que a ela falta algum sentido de humor, o que compreendo pois já ultrapassei a idade mencionada.
Não me senti nada incomodado, tanto mais que valorizei a intervenção com uma resposta. Sabem que nunca respondo a anónimos, mas desta vez abri uma excepção e dei-lhe destaque. Serve-me de emenda o resultado!
Seja bem-vindo quem vier por bem.
Claro que o sr. Bastos não melindrou a Clara. Apenas destacou o seu ponto de vista. Mas como a Clara diz que nos vai deixar, eu fico preocupado porque são tão poucos os capazes de erguer a voz que a hipótese de menos um me desagrada. O mesmo se passa com o sr. Bastos porque o conheço o suficiente para podê-lo afirmar.
Finalmente, nunca uma tomada de posição tão pertinente como a do sr. Bastos pode justificar que uma das nossas visitantes e interventoras nos abandone. Mesmo que Clara esteja contra as nossas posições ela faz aqui falta.
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