Leitor identificado enviou-me o seguinte texto:
Falemos de água potável. A mesma que utilizamos na satisfação das necessidades humanas: mata a nossa sede, é utilizada na rega dos campos e na higiene diária, está intimamente associada à Vida.
Dir-me-ão que o Dia Mundial da Água já lá vai. Pois é, caros amigos, mas o problema permanece insolúvel. Facto é que, à dimensão planetária, existe a desproporção quantitativa abissal de uma colher de café de água doce para uma vasilha de água salgada.
É do conhecimento geral que este fluído vital abunda no solo da nossa terra.
Façamos uma pequena perfuração superficial, ali no areal da praia, e logo observaremos que a água doce brota naturalmente do solo. Tudo indicaria que, hoje, como no passado, existem profusamente imensos lençóis subterrâneos de água potável, pelo que se pode inferir que esta se encontra disponível para o uso diário, sem problemas.
Ora, uma abordagem de carácter qualitativo dos recursos aquíferos demonstraria que isso não é verdade.
Convido-vos a fazer uma análise às características da água dos vossos terrenos agrícolas, junto ao perímetro urbano. Aposto que os resultados serão decepcionantes. Isto é, independentemente da profundidade a que realizaram a colheita da amostra de água, ela estará contaminada tanto do ponto de vista químico como bacteriológico.
Conforme me explicaram, a contaminação bacteriológica está associada à infiltração no solo permeável de dejectos, excrementos ou outros produtos orgânicos de origem animal.
A contaminação química tem sobretudo origem no impacte provocado pela utilização excessiva de fertilizantes ou adubos químicos sintéticos, que contêm nitratos.
Numa área muito vasta produziu-se a poluição total dos lençóis freáticos.
Nos serviços do Estado onde solicitei a análise da amostra de água de um terreno, fui vivamente aconselhado a não consumir essa água pelas razões já enunciadas, sob pena de vir a sofrer de algum cancro. Quanto ao uso da água para rega, comentaram ironicamente: é óptima para regar e até já contém todo o adubo de que a terra necessitará!
Urge ainda fiscalizar os licenciamentos das captações de água que por aí proliferam, com vista ao controlo e delimitação in situ das contaminações potenciais, isto é, com o fito de evitar a acção ou efeito de introduzir matérias ou formas de energia, ou incluir condições na água que, de modo directo ou indirecto, impliquem uma alteração prejudicial da sua qualidade em conexão com os usos posteriores ou com a sua função ecológica.
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