Quem passa o Passil a caminho de Pegões, depois da rotunda, tem à direita os caminhos, primeiro para o Pontão, logo a seguir Monte Laranjo.
As populações destas localidades do Concelho de Alcochete vivem mergulhadas em tremendas dificuldades. Estou convencido de que a maior parte das pessoas que residem na vila não fazem a mais pequena ideia das privações suportadas pelos moradores de Pontão e Monte Laranjo. Eu nunca esquecerei o júbilo nos rostos das crianças quando lhes oferecíamos roupas de marca, excedentes dos nossos filhos. São experiências que só no terreno podem ser avaliadas e ficam para sempre.
Mas o que mais me confrange é o facto de os acessos àquelas localidades serem centenas de metros de terra batida. De Verão é a poeira; de Inverno são os buracos e a lama.
Escrevi então à Câmara, defendendo que os caminhos, com a congregação de esforços das partes interessados, talvez pudessem ser asfaltados.
A resposta, sem começar pelo nome do destinatário que sou eu, reza assim relativamente à matéria em foco: «Tanto o Pontão como o Monte Laranjo encontram-se em propriedade privada, pelo que, o asfaltamento das respectivas acessibilidades não é competência desta Câmara. No entanto, sempre que estes caminhos necessitam de reparação, a autarquia efectuará a sua reparação» sic. Nesta resposta que me foi dada, eu descortinei alguma contradição, porque se a Câmara efectua a reparação dos caminhos sempre que urge, tem para tal a autorização do(s) proprietário(s). Assim sendo, este(s) não se disponibilizaria(m) à negociação de um bem maior, isto é, ao asfaltamento? O teor desta pergunta leva-me a dirigir uma segunda missiva à Câmara, opinando que o facto de os caminhos para o Pontão e Monte Laranjo pertencerem a propriedade privada não ergueria muro intransponível ao fim almejado. Torno a transcrever a resposta que, como a anterior, começa sem se dirigir ao destinatário, pormenor revelador do desprezo que o(a) escriba sente pelo munícipe: «[...] Relativamente ao Monte Laranjo, está em causa uma propriedade agrícola devidamente vedada. Neste caso o proprietário não tem permitido intervenções de fundo, conseguindo-se, apenas, intervenções pontuais de melhoria dos acessos. No caso do Pontão, os custos de pavimentação das estradas são bastante onerosos, para além de não ser espaço público» sic. Agora, nesta redacção, Monte Laranjo e Pontão apresentam-se em planos distintos: no que toca ao primeiro aglomerado populacional, não há acréscimo de informação por parte do Gabinete de Apoio ao Presidente, mas o segundo surge envolto em contradição. É que parece estar implícita a ideia de que a pavimentação para o Pontão não se faz tanto por o caminho ser propriedade privada, mas mais por ser onerosa. E pronto, ninguém julgue que eu tornei a bater no ceguinho.
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