02 janeiro 2006

Também não aceito


Não aceito, e sei que os portugueses também não aceitam, um País adiado ou conformado e, menos ainda, o regresso a uma existência apagada e ao isolamento mesquinho que marcou os longos anos do Estado Novo.”

Está aqui publicado, na íntegra, o texto da última intervenção formal de Jorge Sampaio na televisão pública. Trata-se da sua mensagem de Ano Novo e vale a pena gastar alguns minutos a lê-la, porque já poucos ligam à TV.

Apesar de algumas hesitações e erros, é indiscutível que este Presidente da República tem sido uma espécie de provedor dos poucos portugueses aparentemente descontentes.
Para não recuar mais no tempo, recordo-me de um célebre discurso de 5 de Outubro, em plena Expo'98, debaixo da pala de Siza Vieira no Pavilhão de Portugal, que arrasaria politicamente António Guterres. Não seria menos brando com Durão Barroso e zurziu também Santana Lopes, embora este resulte de um sério erro político por si cometido.
No último ano e meio, sobretudo, Jorge Sampaio tem insistido nas críticas ao laxismo nacional, que começou na classe política bem instalada na vida e se transformou numa espécie de epidemia nacional, cujas consequências são crescentemente visíveis.
A tal ponto que me custa a entender como, em três décadas, os meus compatriotas se esqueceram dos direitos conquistados no período 1975/1979. Nesse particular aspecto, os meus camaradas de profissão (jornalistas) têm dado um péssimo exemplo.
Não tendo qualquer capacidade de intervenção a nível nacional, prometo que no plano local continuarei a afinar pelo diapasão de Jorge Sampaio.
Sou, por feitio, contra a máxima de que quem cala consente.

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