05 janeiro 2006

Para memória futura


Há uns meses (25/4/2005), escrevi noutro local a propósito de um novo edifício habitacional em construção no prolongamento da Rua Prof. Leite da Cunha, em Alcochete.
Agora que esse "aborto de conveniência" – assim lhe chamei então – parece ter atingido o aspecto definitivo, aqui fica uma imagem actualizada para memória futura.
Não vejo necessidade de alterar nada ao que então escrevi. E foi o seguinte:

Dir-me-ão que este prédio em construção em Alcochete, na confluência das Ruas Prof. Leite da Cunha e D. Maria Teresa de Noronha, é legal, curial e normal.
Dir-me-ão que respeita o PDM, o PDN, o PDZ e todas as siglas da teia burocrática que há décadas permite aos patos bravos fazer do território e da paisagem o que lhes dá na real gana, porque as câmaras precisam de dinheiro para obras de fachada e estão-se nas tintas para minudências, como os direitos das pessoas.
Dir-me-ão que este loteamento respeita o plano de pormenor elaborado para a zona, aprovado pelos órgãos autárquicos após submissão a apreciação pública prévia.
Dir-me-ão que a edilidade tomou conhecimento da autorização de construção, que sancionou por unanimidade, como é seu hábito.
Dir-me-ão que o construtor entregou projectos normais e legais e pagou todas as taxas e licenças exigidas pela câmara, usufruindo dos direitos inerentes.
Digam o que quiserem, replicarei sempre que este edifício viola a lógica e os princípios da gestão do território, por ter mais um piso que os adjacentes e ocultar novo pedaço de rio a algumas centenas de proprietários que chegaram primeiro e supostamente teriam alguns direitos.
Repare-se no impacte deste edifício na paisagem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vivo em Alcochete há poucos anos mas já tenho visto GRANDES atentados à sua paisagem urbana.
Para evitar minudências e juizos de valor mais ou menos subjetivos, convido os leitores a um passeio à "ponte - cais".
No regresso, voltados para a Vila, olhem-na como se fosse pela primeira vez!
Não saltam à vista coisas RECENTES que, num país civilizado e que quer um desenvolvimento SUSTENTÁVEL e harmonioso, NUNCA deveriam ter sido construídas?
O ironico disto é que, noutros sítios, se gasta dinheiro para corrigir esse tipo de erros (v. Prédio Coutinho - Viana do Castelo); Aqui gasta-se qualidade de vida ao contruí-los!
Arre!
E depois dão-nos umas xaropadas com o escasso orçamento, por exemplo!
Nesta discussão, a única coisa necessária para evitar aquelas coisas é SENSIBILIDADE E BOM-SENSO.