As pessoas poderão não ver razão no facto de eu raramente participar nas iniciativas culturais levadas a cabo pela Câmara, tanto mais que me ouvem reclamar que sou um homem da cultura.
Por exemplo, o colóquio "Inês de Castro - Mito e Realidade" interessava-me bastante porque é um conflito paradigmático da História de Portugal sobre a razão do Estado versus razões do coração.
Mas eu tenho razões para não aparecer porque, se aparecesse, poderia dar a entender a muitas pessoas que estava satisfeito com a acção do executivo camarário, quando assim não é.
Poder-me-iam dizer que eu deveria separar as águas, mas aqui responderia que na vida não separo nada, embora distinga tudo.
A situação na Câmara de Alcochete é caótica sem que seja dada à população do Concelho informação clara e rigorosa, mas eu, segundo gente bem pensante, deveria pôr tais factos para trás das costas, ir ao colóquio e, qual lince, esperar pacientemente pela minha vez para exibir os meus galões culturais. Então eu sou lá homem para reunir tudo isto e levá-lo à prática? Acima da minha vaidadezinha, pois também a tenho, está esta minha terra de Alcochete que nunca traí.
E agora, já viram ou não a minha razão?
2 comentários:
Caro João Marafuga:
Afaste por momentos a cultura da política e vá ao colóquio sobre Inês de Castro. A comparência a essa iniciativa não me parece que dê a alguém o direito de depreender que concorda com a prática política, parecendo-me suficientemente documentada a sua oposição a esta.
Entretanto, sem pôr em causa a oportunidade da iniciativa, creio que nesta efeméride seria mais acertado um colóquio subordinado ao tema da restauração do concelho, acerca da qual a maioria pouco sabe e de que há ampla documentação no arquivo municipal (e não só). Disso temos algumas lições a extrair no presente.
Além desse colóquio, há um outro, no dia 14, às 17h00, no salão nobre dos Paços do Concelho, subordinado ao tema “Os Novos Desafios do Municipalismo”.
Pelo muito que temos sabido e debatido nas últimas semanas, a ideia parece-me oportuníssima. Contudo, o painel é monocolor e se a assistência não confrontar os autarcas com certas realidades pouco há a esperar: presidente da câmara de Palmela, Ana Teresa Vicente; presidente da Assembleia Municipal de Alcochete, Miguel Boieiro; e presidente da câmara de Alcochete, Luís Miguel Franco.
Oxalá me engane.
Sr. Bastos, era necessário que eu não conhecesse tão bem estes homens como conheço para me pôr no meio deles.
Mas hoje até conheço melhor o que une todos esses homens, razão por que a lonjura entre mim e eles é o único acordo para vivermos em paz.
Estes que agora lá estão, no fundo, levam-me mais a sério do que os socialistas. Os comunistas vão tentar que eu fique na Rua do Fala-Só, embora racionalmente saibam que hoje em dia isso é impossível.
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