09 janeiro 2006

A esquerda e o passado

No texto imediatamente anterior, quis dizer e sou forçado a manter em abono da verdade que a esquerda recusa o recebido pela Humanidade desde a bruma dos tempos.
Entre os ditos valores da esquerda e os que fizeram a Civilização Ocidental e Cristã não há união possível, embora, por exemplo, no plano jurídico possa e deva haver um espaço de comunicação para preservar a paz entre os homens.
Mas o facto de a esquerda não ter condições para escutar o recebido por força do fundo marxista que lhe é intrínseco, não invalida que ela pegue no passado ora para a desconstrução, ora para o alcance de fins inconfessáveis.
No que respeita à desconstrução criminosa dos valores dos nossos maiores, não há biblioteca no mundo, por maior que seja, com capacidade para albergar tudo o que foi escrito e gravado só nos últimos cem anos.
Se algum leitor dos meus textos deseja que eu lhe forneça, ao menos, um exemplo dessa desconstrução de lesa-humanidade, leia o poema "O Cristo" de O Canto e as Armas de Manuel Alegre.
Relativamente à utilização do passado sob a capa da Cultura ao serviço de estratégias políticas, convém saber que a esquerda de hoje colhe a melhor lição de António Gramsci (1891-1937), marxista italiano. Este filósofo defende que o melhor método para a vitória do socialismo à escala planetária assenta na apropriação e alteração dos códigos culturais do povo antes da grande revolução no campo económico.
E pronto, aqui fica aquela dimensão das coisas que faltava ao meu último texto.

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