Segundo tenho conhecimento, muitos trabalhos para a elaboração de Projectos Educativos de Escola privilegiam um instrumento frequentemente utilizado em Sociologia, vale dizer, o inquérito.
O inquérito não deve ser uma prioridade de trabalho para Projectos Educativos, mas apenas um recurso ancilar.
O que pergunto é o seguinte: há uma ideia de Projecto Educativo para as comunidades escolares? Eis uma questão que considero vertical e prioritária à via horizontalista do inquérito.
A espinha dorsal de um Projecto Educativo deve ser a atenção dada à componente lectiva que por sua vez estará ao serviço do modelo ocidental de democracia cuja charneira é a liberdade.
Um Projecto Educativo não deve circunscrever-se apenas à melhoria de aspectos exteriores (higiene, instalações, equipamentos, etc.) de um estabelecimento de ensino, mas sobretudo apresentar estratégias sérias para a consciencialização da disciplina como um bem, superando fobias, aparentemente inexplicáveis, que impedem a responsabilização dos jovens pelas consequências dos próprios actos. Mas por que razão isto acontece?
Eu defendo que uma Sociedade, sob o peso das esquerdas, vê ameaçado o sentido da responsabilidade.
As esquerdas estão vocacionadas para o fortalecimento da vontade geral cujo termo fatal e necessário é a supremacia do Estado sobre as mais ínfimas movimentações do indivíduo.
Nesta conformidade, ninguém pode escapar aos desígnios do Estado como se este fosse um destino implacável.
Assim sendo, amortece o sentido de responsabilidade no indivíduo que é levado, consciente ou inconscientemente, a pensar que o Estado, qual bom pai, tudo resolve. Eis o móbil básico da desresponsabilização geral.
Incapazes de coragem para descer às causas mais profundas das coisas, psicólogos e sociólogos, à boa maneira romântica de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), operam intelectualmente e em campo no sentido de que o indivíduo nasce bom, mas que a Sociedade o degrada. Este é o tópico bem disseminado em milhentos textos escolhidos para os vários manuais dos alunos por pseudo-intelectuais. Ora não é possível exigir aos jovens responsabilidade e submetê-los à ideia de que a Sociedade é origem fatídica de degradação generalizada.
Urge que um Projecto Educativo contribua para a convicção a interiorizar pelos jovens de que a Sociedade não traça o destino, mas que este é construção de cada um. Só assim é possível a responsabilidade em vez da demissão.
Finalmente, nenhum Projecto Educativo poderá fugir à reivindicação da autoridade e dignidade do professor em função de um serviço à comunidade a fim de que não assistamos ao colapso desta com o da própria escola no sentido de instituição.
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