06 janeiro 2006

Do platonismo às esquerdas de hoje

Se lermos o Alcibíades de Platão, aparecem-nos afirmações à frente dos olhos atribuídas a Sócrates como «o homem serve-se do corpo», «o corpo não é o homem», «só a alma é o homem», etc., erguendo-se dentro de nós a estupefacção porque para a Teologia cristã e católica o homem é uma unidade de alma e corpo, o que está de acordo com o mais elementar em Antropologia.
Se o homem é uma alma que se serve de um corpo, qual a diferença entre este e qualquer objecto? Nisso não foi o Cristianismo que leva a importância do corpo ao ponto máximo, afirmando perante os crentes que Jesus Cristo ressuscitou em carne e que o corpo é templo do Espírito Santo.
Já no séc. II da nossa era os Gnósticos haveriam de tomar partido desta acentuada faceta platónica para defenderem a ideia de que Deus e o homem, isto é, a alma, são um, quando para o Cristianismo Deus é diverso do homem.
As consequências do Gnosticismo têm sido catastróficas ao longo da história da nossa civilização, não obstante todo o cambate da Igreja desda a Patrística.
Os gnósticos defendem que crimes e falsidades não afectam a alma desde que esta esteja unida a Deus. Por mais que eu possa aqui deixar as pessoas boquiabertas, as esquerdas são herdeiras desta nefasta vertente da cultura ocidental. Leia-se, por exemplo, Eric Voegelin, 1968.
Evidentemente que os nossos autarcas nunca racionalizaram nada parecido com o que eu estou aqui a dizer, mas eles estão sob o toldo de uma ideologia que os leva a pôr em prática o que eu aqui denuncio.
O Jornal de Alcochete de 4 de Janeiro de 2006, n.º 10, diz logo na primeira página que «Alcochete vai adiar para 2007/09 os compromissos assumidos em campanha eleitoral». Ora isto não tem qualquer desculpa porque no anterior executivo tinham assento três vereadores do PCP. Estes homens não sabiam o que se passava na Câmara ou fizeram parte de uma lista que prometeu a torto e a direito só para ganhar votos? Se não sabiam o que se passava na Câmara são irresponsáveis; se sabiam, são responsáveis pela grande mentira feita ao povo. Mas a esta hora estão com algum problema de consciência? Não estão porque eles e o Partido são um só.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os compromissos eleitorais assumidos, como foram na campanha para as eleições autárquicas, não têm grande valor.
Todos! De todos os partidos políticos!
Da enorme massa de propostas, poucas não serão panfletárias e poucas tiveram origem em dinâmicas, vontades e interesses gerados na comunidade. Porquê? Por que não foram discutidos! São actos desgarrados filhos de uma procura de arranjar assunto. O único objectivo era o de exibicionismo tipo: OLHA ELEITOR! ESTOU AQUI! BEIJINHOS!