Se lermos o Alcibíades de Platão, aparecem-nos afirmações à frente dos olhos atribuídas a Sócrates como «o homem serve-se do corpo», «o corpo não é o homem», «só a alma é o homem», etc., erguendo-se dentro de nós a estupefacção porque para a Teologia cristã e católica o homem é uma unidade de alma e corpo, o que está de acordo com o mais elementar em Antropologia.
Se o homem é uma alma que se serve de um corpo, qual a diferença entre este e qualquer objecto? Nisso não foi o Cristianismo que leva a importância do corpo ao ponto máximo, afirmando perante os crentes que Jesus Cristo ressuscitou em carne e que o corpo é templo do Espírito Santo.
Já no séc. II da nossa era os Gnósticos haveriam de tomar partido desta acentuada faceta platónica para defenderem a ideia de que Deus e o homem, isto é, a alma, são um, quando para o Cristianismo Deus é diverso do homem.
As consequências do Gnosticismo têm sido catastróficas ao longo da história da nossa civilização, não obstante todo o cambate da Igreja desda a Patrística.
Os gnósticos defendem que crimes e falsidades não afectam a alma desde que esta esteja unida a Deus. Por mais que eu possa aqui deixar as pessoas boquiabertas, as esquerdas são herdeiras desta nefasta vertente da cultura ocidental. Leia-se, por exemplo, Eric Voegelin, 1968.
Evidentemente que os nossos autarcas nunca racionalizaram nada parecido com o que eu estou aqui a dizer, mas eles estão sob o toldo de uma ideologia que os leva a pôr em prática o que eu aqui denuncio.
O Jornal de Alcochete de 4 de Janeiro de 2006, n.º 10, diz logo na primeira página que «Alcochete vai adiar para 2007/09 os compromissos assumidos em campanha eleitoral». Ora isto não tem qualquer desculpa porque no anterior executivo tinham assento três vereadores do PCP. Estes homens não sabiam o que se passava na Câmara ou fizeram parte de uma lista que prometeu a torto e a direito só para ganhar votos? Se não sabiam o que se passava na Câmara são irresponsáveis; se sabiam, são responsáveis pela grande mentira feita ao povo. Mas a esta hora estão com algum problema de consciência? Não estão porque eles e o Partido são um só.
1 comentário:
Os compromissos eleitorais assumidos, como foram na campanha para as eleições autárquicas, não têm grande valor.
Todos! De todos os partidos políticos!
Da enorme massa de propostas, poucas não serão panfletárias e poucas tiveram origem em dinâmicas, vontades e interesses gerados na comunidade. Porquê? Por que não foram discutidos! São actos desgarrados filhos de uma procura de arranjar assunto. O único objectivo era o de exibicionismo tipo: OLHA ELEITOR! ESTOU AQUI! BEIJINHOS!
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