Muita gente pensa que hoje em dia as categorias direita e esquerda estão esbatidas, havendo mesmo quem defenda o desprezo das mesmas no plano da análise política.
Nada mais perigoso.
As categorias direita e esquerda são intrínsecas à própria Civilização Ocidental desde o primórdios, embora tenham recebido nomes muito díspares.
Ser de direita é não perder de vista o antes, o antes do antes...até ao começo do tempo, ao pré-tempo e/ou não-tempo. Ser de esquerda é a projecção para o futuro. Ora isto mesmo faz a Bíblia que abre com o "in principio" precedido por Deus e fecha com o Apocalipse que projecta a solução do problema humano para o fim, para lá da História.
Porém, no caso da Bíblia, pilar fundamental da nossa civilização, não se pode ler nem compreender o mínimo do Apocalipse se não se conhecer todos os livros que estão para trás, um a um, até ao Génesis. Isto significa que o passado alicerça o futuro.
Mas o que hoje se chama esquerda nada recebe da lição bíblica porque está imbuída do marxismo, sistema doutrinário ateu do socialista alemão Karl Marx.
A esquerda não se entende com o passado porque este, sempre tanto mais quanto se recua no tempo, rodopia em torno de um princípio de ordem superior, por todos dito Deus, negado pela ideologia marxista.
Nesta conformidade, se a esquerda recorresse ao passado, entraria em manifesta contradição com ela própria, o que a levaria ao colapso. Assim sendo, empreende a ruptura com o passado e projecta-se para o futuro.
O corte com o fio da memória precipita a esquerda no assemanticismo discursivo. Que pode oferecer a esquerda ao destruído coração do homem senão o projecto da Torre de Babel?
Esta iconoclastia da esquerda pretende acabar com o mundo e instaurar outro que não sabemos qual seja porque ela nunca o revelou. Até onde este suicídio levará a Humanidade só Deus sabe.
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