31 maio 2006

A questão de fundo

O ataque à classe pensante deste País nunca foi tão longe depois do 25 de Abril.
Quando chegamos à verdadeira causa das coisas, controlamos melhor as emoções em benefício da análise.
O ensino público em Portugal está de rastos. Perante este facto incontornável, o que confrange são visões fragmentadas de alguns colegas, pois parecem pensar que os problemas da escola se desligam da situação mais geral do País.
A prática deste governo é tanto mais de esquerda quanto encapotada de liberalizante. Passo a explicar-me. Será possível que a docência se desligue da tradição? Quando um professor de Matemática ensina o teorema de Pitágoras não se insere em toda uma tradição científico-cultural? Nesta perspectiva, atacar os professores é atacar uma tradição que no campo da ciência e da cultura remonta a muito mais de dois mil anos. Ora a esquerda não vive pacificada com a tradição porque esta impede o avanço daquela. Perguntar-me-ão: a esquerda não vive pacificada com o teorema de Pitágoras? A tradição transcende infinitamente esse teorema. É a Religião tão arreigada à estrutura mais intrínseca dos homens. É a Filosofia que nunca excluiu Deus até à modernidade. É a influência destas duas áreas humanas no Direito, etc. E quem transmite todos estes saberes às novas gerações? Obviamente os professores. Portanto, a grande trama é lançar uns contra os outros, desautorizá-los perante os alunos, desacreditá-los aos olhos da sociedade.
No que toca à parte económica, essa vai derrapando tão depressa quanto o múnus do professor é desvalorizado.
A questão de fundo é esta: relativamente ao poder central, qual a posição dos professores?

7 comentários:

Anónimo disse...

Mas que grandes confusões, ó Marafuga! "A prática deste governo é tanto mais de esquerda quanto encapotada de liberalizante"?! Este governo,encapotado de esquerda, é liberalizante como o raio que o parta! Esquerda?! A verdadeira esquerda que não se iluda nem deixe iludir! "Educação e Sociedade - Neoliberalismo e os desafios do futuro" de José M. P. Bóia, das edições Sílabo, talvez te permitisse ver que estamos a assistir à tomada de assalto do Sistema de Educação por parte dos Neoliberais. O fim último é a privatização do ensino. Vais ver que não tarda nada vão defender a instituição do cheque-ensino, um verdadeiro roubo a todos os contribuintes, para financiar as escolas privadas.Bem sei que há partidos e forças sociais que se dizem de esquerda e que se renderam ao neoliberalismo. Mas serão ainda de esquerda? Olha que não!

Unknown disse...

Como tu pensam milhares e milhares de pessoas, mas eu não vou nisso porque não sou nenhuma Maria-vai-com-as-outras.
Um vice-presidente da Internacional Socialista tem a confiança da direita ou da esquerda?
Tem a coragem de sair do anonimato e vem debater comigo.

Anónimo disse...

Para quem, como foi agora o caso da “raquel correia”, usa a palavra de neo-liberalismo a torto e a direito como se fosse a peste, eis um relato de uma das suas culpas em Portugal!

“Num país com ensino obrigatório e gratuito, assistência social pública, inspecção do trabalho, salário mínimo, rendimento de inserção social, abono de família, serviços de apoio social escolar, comissões de protecção de menores, serviços municipais de apoio social, Ministério da Administração Interna, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, Ministério da Educação, uma despesa pública que é metade do PIB e um défice de 6% a responsabilidade pela existência de trabalho infantil só pode ser do neo-liberalismo.” (por João Miranda in http://ablasfemia.blogspot.com/index.html de 31/05/006)

De facto o neo-liberalismo só pode ser o diabo que pode fazer falir este nosso paraíso!

Nota: este post não é a defesa do dito cujo belzebu. Pretende mostrar o enviesamento do pensamento sobre a sociedade a preto e branco pintados com pincéis de maniqueísmo:

Ou a situação sofrível, por um lado, ou o demoníaco neoliberalismo, por outro, que é culpado de tudo sem ser o mordomo!

Unknown disse...

O(a) anónimo(a) Raquel Correia não divisa as metamorfoses da esquerda, resolvendo insinuar, sem qualquer juízo de valor, que sou confuso.
Como o meu discurso não cabe na grelha dele ou dela porque fica sempre o rabo de fora (já não quero dizer o corpo todo), Raquel Correia, sem qualquer juízo de valor, só vê confusão no meu discurso.
Ora é também este tipo de procedimento que pode caracterizar uma estrutura mental de esquerda, sem que esta minha asserção seja invalidada por uma eventual opção de voto nos partidos de direita.
Este Partido Socialista, como toda a esquerda à escala planetária, é proteico. Se não estamos preparados para ver isto, toda a análise sai coxa.

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

raquellcorreia@hotmail.com

Unknown disse...
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