30 maio 2006

Carta aberta aos sócios do Desportivo


Caros associados:

Sou um simples mas atento adepto do Grupo Desportivo Alcochetense. Não sendo sócio, desta vez, pelo menos, nenhum mentecapto poderá alegar que as minhas intervenções cívicas visam lançar uma candidatatura pessoal aos órgãos dirigentes da colectividade.
E como há meses ninguém parece disponível para liderar uma lista concorrente aos órgãos sociais daquela que é uma das mais antigas e prestigiadas colectividades de Alcochete, livro-me também de que ineptos me acusem de estar a fazer campanha a favor seja de quem for.
Todavia, continuo fiel aos meus princípios de lutar por Alcochete e, como disponho desta tribuna a que alguns fazem o favor de dedicar atenção, uma vez mais sinto ser meu dever alertar para a necessidade de uma mobilização geral, desta vez em torno do Grupo Desportivo Alcochetense.
Lamento o desinteresse demonstrado por quase 1.500 associados do Desportivo que, em cinco meses, ainda não encontraram duas dezenas de filiados disponíveis para integrar os seus corpos sociais.
Estranho que o Alcochetense, detentor de um invejável e potencialmente rentável património desportivo – superior até ao de muitos clubes do segundo escalão do futebol nacional – registe um impasse directivo na época em que a sua equipa sénior ascendeu, mais uma vez, à 3.ª divisão e se classificou a meio da tabela.
Considero deplorável que, semanalmente, quase 200 jovens praticantes honrem o emblema do clube e o nome do concelho sem nenhum reconhecimento da comunidade, tendo conquistado nesta época o 7.º lugar no Campeonato Distrital de Juniores da 1.ª Divisão; o 7.º lugar no Campeonato Distrital de Juvenis da 1.ª Divisão; o 10.º lugar no Campeonato Distrital de Iniciados da 1.ª Divisão e o 3.º lugar no torneio distrital complementar de Infantis, série B.
Podiam ter feito melhor? Pois podiam. Mas é desumano exigir-lhes mais quando jogam perante bancadas vazias e se sentem abandonados por muitos dos que os incitaram a suar a camisola do Desportivo.
É inexplicável que numa colectividade com 69 anos de história, declarada de utilidade pública e dispondo de um estádio graciosamente oferecido pela autarquia, perdure um longo e, aparentemente, insolúvel vazio directivo, apesar de estarmos a cerca de mês e meio do início de nova época desportiva.

Acordai alcochetanos!
Um clube que emana do povo, porque fundado por quatro trabalhadores do rio, não pode morrer assim na praia!
Ajudemos o Desportivo (ou o Alcochetense, como quiserem chamar-lhe) a seguir em frente!

Vamos esquecer interesses mesquinhos e a merda da política. Vamos acabar com esta vertigem da multiplição das colectividades (quase três dezenas num concelho com cerca de 15.000 habitantes), só porque alguns se envaidecem a dirigir qualquer coisa e no montepio municipal não há ninguém com coragem para acabar com a subsídio-dependência generalizada.
Não há disponibilidades financeiras públicas, nem apoios privados, nem praticantes, nem adesão popular, para suportar tamanho disparate.
Basta-nos um único grande clube desportivo em que a maioria dos alcochetanos se reveja, que acolha no seu seio gente e atletas das três freguesias, onde se pratiquem todas modalidades com potenciais interessados.
Um clube cujos dirigentes tenham o concelho de Alcochete na mente e no coração, que deixem aspirações políticas e interesses pessoais em casa.

Entrelacemos as mãos e unamo-nos em torno de uma das instituições de referência da terra, que carece da colaboração de todos. É necessário encontrar dirigentes que congreguem os alcochetanos em torno do Desportivo e compreendam os sentimentos de associados e simpatizantes.

Faltam seis anos para a comemoração das Bodas de Diamante do Alcochetense.
Apareçam mulheres e homens capazes de delinear um programa de recuperação, de consolidação e de valorização do clube nesse lapso de tempo. Ponham a fasquia tão alta quanto possível.
Por exemplo: em 2012 ter 5.000 sócios com as quotas em dia, 1.500 atletas federados, competir em 20 modalidades desportivas, recuperar e ampliar o património edificado, possuir uma escola de vela e uma piscina com as medidas regulamentares para competições oficiais.

Sou um simples adepto do Desportivo e assim desejo continuar. Porém, se puder ser útil em alguma coisa, contem com o meu modesto e desinteressado contributo para que, em 2012, os alcochetanos se orgulhem de um clube desportivo que conseguiu alcançar metas para muitos hoje impensáveis.

Mãos à obra! Já!

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