20 maio 2006

Livre mercado

A esquerda jamais poderá defender o livre mercado sem deixar de ser esquerda. É aqui que aparentemente não se percebe a injecção de capitais públicos em empresas privadas por parte de Estados esquerdistas.
Bom, lancemos a primeira carta para a mesa: eu não acredito que a esquerda queira deixar de ser esquerda. Antes que isso possa acontecer, muita água correrá sob a ponte.
A segunda carta que puxo é a seguinte: dificilmente os empresários iludirão a esquerda. Já o inverso é mais plausível para mim. O empresário com consciência política é quase uma miragem. A maior parte deles são politicamente ignaros, disfarçando esta realidade com um pretenso pragmatismo que faz sempre o jogo da esquerda. Esta aproveita a ausência de capacidade empreendedora de falsos capitalistas para tramar projectos a longo prazo.
Se o Estado capitaliza empresas privadas, por onde passa a linha divisória entre aquele e estas? Constatar isto dá-me a impressão de que o Estado é patrão dessas empresas. Mas esta não é uma via subreptícia para o totalitarismo ou outra coisa que o valha?
Poder-me-ão dizer: existiria sempre a lei. Mas eu pergunto: há algum compromisso entre a esquerda e a lei que procede de uma visão liberal do homem e do mundo?
É pressuposto básico do livre mercado reduzir a interferência do Estado ao mínimo, remetendo-o para árbitro das regras do jogo. Sempre que os empresários entram em contradição com isto, as democracias liberais correm perigos que ameaçam o futuro do mundo livre.
Já as cartas da terceira rodada estão na mesa menos a minha. Alguém pediu que eu jogasse. Como se acordasse de estranho sonho, perguntei: qual é o trunfo? Responderam todos: o trunfo é espadas!

2 comentários:

Anónimo disse...

1º parágrafo: não são esquerdistas (andam a enganar alguém);
2º parágrafo: é certo, mas anda por aí muita confusão. É bom que a esquerda não se esqueça que é esquerda, para mim;
3º parágrafo: olha que não, olha que não;
4º parágrafo: o compromisso da esquerda é com a humanidade que sofre;
5º parágrafo: o livre mercado não é livre, é um instrumento de rapinagem;
6º parágrafo: não tenhas dúvidas! E a esquerda que não se iluda (o trunfo não é copas).

Anónimo disse...

O mercado como árbitro das regras do jogo é imanente ou transcendente? Há imanência na transcendência ou transcendência na imanência? Quem manda no mercado? O mercado, afinal, é árbitro ou jogo? E se é árbitro, porque se apresenta como jogo? E se é jogo, que árbitro esconde? O cúmulo da trafulhice não é o árbitro fazer parte do jogo? Que compromisso tem o mercado com a lei? Senão o de não ter compromisso com lei nenhuma? O mercado é o terreno onde campeiam os quatro cavaleiros do Apocalipse: o domínio, a guerra, a fome e a peste. Não é este o actual estado do mundo? E tu aceitas tudo isso, porque interpretas mal o primeiro cavaleiro do Apocalipse?