A verdade é a base da minha relação com o outro, custe o que custar.
Detesto as águas do equívoco porque não são leais.
Deve convencer-se o meu benévolo leitor de que eu não assumo neste blog qualquer cruzada pela religião até porque sou em primeiro lugar cristão e depois religioso.
Que ninguém se iluda: o meu posicionamento neste blog é antes de tudo político. É aqui que rendo homenagem aos meus respeitáveis inimigos porque neste pormenor eles não se deixam enganar a meu respeito.
Mas vamos ao que interessa. Quando, por exemplo, afirmo que sou um homem livre, é óbvio que quero chegar à pessoa cuja liberdade está infinitamente para lá dos determinismos físicos e sociais. Assim sendo, ordeno a pessoa a Deus que só concebo como absoluta liberdade. O meu objectivo é apresentar o exemplo que se opõe ao materialismo dialéctico de Marx e Engels, convicto de que a defesa da liberdade pessoal é barreira aos totalitarismos de toda a espécie.
5 comentários:
Talvez não te fizesse mal ler isto:
Gnosticismo e modernismo em Eric Voegelin"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=religiao&artigo=voegelin&lang=bra
Online, 30/05/2006 às 06:01h
Já li.
Porque é “desafiador”, publicito o excelente texto:
“O João Paulo Sousa declara-se ateu. Como ele diz, a propósito da visita do Papa Ratzinger ao campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, "questionar o silêncio divino durante o Holocausto é mais do que uma novidade, é quase uma dúvida." E logo acrescenta: "na Idade Média ou em séculos mais recentes, estas declarações seriam uma heresia." Ratzinger, sendo "contra o mundo", como escrevia ontem Vasco Pulido Valente, é um dos seus mais acutilantes "analistas". É, aliás, essa "análise" realista a única que pode servir à Igreja neste momento. Ao contrário do João, não sou ateu. Como aqui escrevi há uns tempos, sou um crente que duvida e um céptico que crê. Que crê cada vez menos no "homem" e cada vez mais na persistente mensagem do "Filho do Homem", Aquele que na cruz, em angústia, clamava: "Senhor, por que me abandonaste?". O gesto e as palavras do Papa Bento XVI em Auchwitz confortam nestes tempos de dúvida, de falta de esperança e de conflito do homem consigo mesmo e com os outros. Sendo o Papa, por excelência, um "transmissor" da "Palavra", é extraordinário ouvir este intelectual alemão perguntar, em pleno solo da horrível memória da morte e do desespero, onde é que estava Deus nesse momento. "Por que permaneceste em silêncio, Senhor?", questiona Ratzinger. E o silêncio de Bento XVI, curvado perante o "terrível cortejo de sombras" de Auchwitz, significa meditar em como é possível continuar a crer depois "daquilo". Todavia, é ainda Ratzinger quem responde. "Sim, por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, eles revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: "estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos". Nunca o silêncio falou tanto.” (por João Gonçalves in http://portugaldospequeninos.blogspot.com/ (29/05/006))
Acho particularmente vibrante
- a confissão do autor: “sou um crente que duvida e um céptico que crê”.
- a leitura de Bento XVI: “Sim, por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, eles revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: "estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos". Nunca o silêncio falou tanto.”…. Do quotidiano opressor não conheço ninguém capaz deste pensamento tão … CRISTÃO.
Reconheço...é muito difícil ser cristão... é muito difícil viver e ser-se capaz de pensar e sentir como este trecho que seleccionei denuncia
Ribeiro, Deus não pode colaborar com o homem se o homem não colaborar com Deus.
Em Auschwitz, o silêncio de Deus é o esquecimento de Deus por parte os homens.
Assim, "por que permaneceste em silêncio, Senhor?" signigica: homens, por que esquecestes Deus?
Ora esquecer Deus é renunciar à liberdade da própria consciência e ceder à escravidão.
Auschwitz foi uma das mais abjectas escravidões da história da humanidade.
Nunca o desprezo pelo homem tinha ido tão loge. Mais um pouco entrava pelo gnosticismo, comum a todos os totalitarismos.
Sinto-me atónito perante o discurso do extâse divino. Sobretudo o do senhor Marafuga - o que não duvida.
Onde estava Deus ao longo da história da sua Igreja Católica? O Papado e a sua Igreja encerram uma história de terror, perseguição e carnificina de que a História é testemunho implacável - sempre do lado do Poder e do Crime. Exactamente igual à história do estalinismo. Só q Estaline não agia em nome desse Deus omnipotente e sumamente bom...
Disse Kant que Deus, sendo Ideia, é Responsabilidade: Ele está vivo, por isso, no gesto de todo aquele que pratica o Bem; só assim este mundo será o Reino de Deus! De um Deus imanente, compatível em absoluto com a dignidade humana. O Papado e a sua Igreja não é a Casa de Deus - a não ser que Ele esteja sempre distraído!
O discurso de cruzada do sr. Marafuga ofende a memória de todos os que morreram às mãos 'piedosas? dos que falam como ele!
É um discurso q ofende a mínima dignidade e a mínima sanidade.
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