17 agosto 2008

Perguntar não ofende


"Perguntar não ofende" é o que diz o nosso povo numa demonstração de tão grande racionalidade quanto de ingenuidade.
De facto, se lermos Voegelin, Eric, Ciência, Política e Gnose, Ariadne, Coimbra 2005, ficamos a saber que os totalitarismos se ofendem com a pergunta, razão por que esta é proibida.
Isto mesmo não passou despercebido no filme O Pianista de Roman Polanski. Quando um judeu, prisioneiro, faz a pergunta "para onde vamos?" a um soldado alemão, este dá-lhe um tino na cabeça. Foi a resposta.
Mas vamos lá ao que nos interessa: se deixarmos a Estrada da Atalaia e entrarmos no Bairro dos Barris pela Rua da Escola Secundária, todos os prédios à nossa direita não ultrapassam o terceiro andar; mas já os que ficam à esquerda são uma mistura de terceiros e quintos andares, sendo que estes últimos erguem-se em esquinas como a foto ilustra. Por que razão isto acontece?
Como o meu próprio linguajar sobre a matéria prova, eu domino insuficientemente temáticas urbanísticas. Sou licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e não em Engenharia ou Arquitectura.
Tal facto não me deve desqualificar e inibir de fazer um juízo sobre as coisas e colocar perguntas porque este é mesmo o dever de todo o cidadão que se preze.
Fico à espera.

7 comentários:

Fonseca Bastos disse...

A altura anormal desses prédios deve-se, segundo explicação "oficiosa" que me foi fornecida em 2004, a contrapartida negociada com o urbanizador pela cedência do terreno da Escola Secundária.

Unknown disse...

Também se alega a construção da Escola da Restauração para justificar a destruição da escola primária do Moisém erguida com dinheiros de um ilustre alcochetano.

Fonseca Bastos disse...

Se a memória não me atraiçoa, essa alegação foi-me também confirmada pelo sr. Miguel Boieiro.

Unknown disse...

Estruturalmente, o comunista pensa assim: toda a gente quer um novo complexo escolar para o primeiro ciclo na freguesia de Alcochete; toda a gente quer uma escola secundára na mesma freguesia. Em nome destes bens, justifica-se e faz-se tudo o que se deseja, seja destruir uma escola cujo histórico fazia parte do de gerações de alcochetanos, seja passar por cima do PDM sem que interesse a imagem apocalíptica dada por metade do Bairro dos Barris.
Este "modus operandi" é, em termos estruturais, o mesmo que eles forjam para o ambiente, mas os camaradas estão-se nas tintas que a aplicação da nefanda "praxis" entre em contradição num lado com o que se faz noutro.
Tudo isto, exposto aqui sem rigor ensaistico porque o espaço não o aconselha, leva-me a pensar que a causa de fundo não está, em termos locais, no melhoramento da rede escolar nem, em termos globais, na preservação do ambiente, mas na colheita de dividendos que traz toda a afirmação do poder despótico.

Fonseca Bastos disse...

O mais curioso é que, segundo li em acta recente da Câmara Municipal, está doente aquele monstruoso edifício plantado na Av.ª dos Combatentes, ao lado do Miradouro Amália Rodrigues, que substituiu a escola do Moisém e o armazém de cereais.
Mudando de assunto, além de monstruosa a urbanização dos Barris tem cores vivas e inapropriadas no meio local, que causam problemas de conservação aos proprietários e lhe valeram já a atribuição popular do cognome de "urbanização dos papagaios".
Em meu entender, alguém na Câmara deveria acordar e debruçar-se sobre o assunto. Os primeiros prédios erguidos começam a chegar à fase legal de renovação da pintura e, num processo que será sempre longo mas valeria a pena encarar, devia corrigir-se o mau gosto que denota a aprovação daquelas cores.

Anónimo disse...

Estive algum tempo de férias e só hoje estou pôr a "escrita em dia". Não posso deixar de comentar este post porque isto traz à tona uma problemática para a qual gostaria de obter respostas. Alcochete é uma vila linda, pitoresca e "arranjadinha". Portanto penso que deveria haver por parte de quem de direito a preocupação de manter o estilo arquitéctónico da mesma. Quando falamos em Alcochete pensamos em moradias e casas térreas, vá lá, no máximo, prédios com dois andares. Penso que neste momento para responder à sede da construção tem sido permitido tudo e mais alguma coisa.. Por favor não permitam que se contrua mais nada do género do Cerrado da Praia que tapa a bela vista que tinhamos ao vir do centro da vila! Não destruam a beleza de Alcochete com betão e mais betão!!
Ass: Teles

Anónimo disse...

Sem plantassem ums arvores,também ajudava, pois as que existiam no inicio foram substituidas por uns arbustos muito feios. Uma autentica selva de betão. Note por favor na foto, que os passeios rebaixados, em zonas de passadeira, para facilitar os acesso a defcientes com cadeiras de roda ou mães com carrinhos de bébé e um sitio IDEAL para estacionar o carro. Ó da Guarda, não é so multas com Multibanco. Têm que impor lei e ordem também.