11 agosto 2008

Festa é festa (2)


Foi prejudicada a actuação da banda da Sociedade Recreativa e Musical União Sebastianense, à meia-noite deste domingo, no Largo de São João.
É uma banda açoriana da ilha Terceira, foi fundada em 1886 – sendo 12 anos mais antiga que a local – pertence à freguesia e vila de São Sebastião e merecia mais gente, mais atenção e menos ruído de fundo.
Infelizmente, são raras as oportunidades de escutar bandas doutras origens. Tenho profundo respeito por todas as filarmónicas portuguesas e continuo a crer que, em Alcochete, é possível organizar um concurso ou festival anual com bandas nacionais e estrangeiras e, através dessa manifestação, potenciar outras iniciativas de índole cultural e turística.

O meu aplauso a quem na Câmara Municipal de Alcochete teve a iniciativa de organizar o encontro de embarcações tradicionais do Tejo, coincidindo com as Festas do Barrete Verde e das Salinas. Estiveram presentes cerca de dezena e meia de embarcações de Alcochete, Barreiro, Cascais, Moita, Montijo, Sarilhos Grandes e Seixal.
Como início esteve bem. Mas soube-me a pouco. É preciso ser-se mais ousado, porque Alcochete tem condições excelentes para uma regata ou concentração de barcos tradicionais à vela de pequeno calado e o estuário do Tejo é extraordinário para desfiles náuticos de envergadura.
Acresce existirem milhares de embarcações típicas portuguesas espalhadas pelo país e juntar algumas centenas, uma vez por ano, no Mar da Palha, em Alcochete, não me parece nada do outro mundo.
Aproveito para recordar que, a partir de uma lista de antigas e famosas embarcações que nas décadas de 60 e 70 existiram em Alcochete, em tempos andei a pesquisar na Internet e, muito provavelmente, algumas continuarão a navegar e estão no Sul de França, na Holanda e na Grã-Bretanha. Também nos EUA deverão ainda existir outras. Há duas décadas, na costa Leste, vi algumas.
Na Internet localizam-se inúmeras embarcações descritas como tendo origem portuguesa, algumas estão registadas com designações coincidentes com as referenciadas em Alcochete e várias têm páginas próprias na Web.
Ao contrário de Portugal – que as vendeu e deixou fugir barra fora em meados dos anos 70 ou, simplesmente, apodreceram um pouco por todo o lado – lá fora as embarcações antigas continuam a ser preciosidades bem conservadas.
Curiosamente, não há muito tempo descobri que na Austrália realizam-se cruzeiros num lago com um barco bastante semelhante ao primeiro vapor «Alcochete» do início do século passado (na gíria local era o "Menino", cuja reprodução consta da imagem acima).

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