O Fugas nasceu a meio do século numa casinha virada ao mar que este é o nome do Tejo em Alcochete.
Era o mais velho de um rancho de irmãos que ou estavam na escola ou brincavam na areia da praia.
Uma vez o pai, que lhes arrancava o pão às ondas do mar, deu uma boneca à única menina dos seus filhos.
O Fugas ficou cheio de ciúmes e só olhava para a irmã que só olhava para a boneca. Aquilo não podia ficar assim. Ele tinha que fazer qualquer coisa. Mas o quê?
Foi durante a noite, quando a mãe o deitou a ele e aos irmãos, que lhe ocorreu uma ideia. A boneca deitá-la-ia ao mar sem que a irmã visse e depois, por mais que a Rita chorasse, ele faria ouvidos de mercador.
De manhã, logo que se levantou para ir para a escola, foi ao quarto da irmã que dormia com a boneca ao lado, tirou-a devagarinho, meteu-a dentro da sacola, comeu o que a mãe lhe deu e saiu de casa.
A maré estava vazia, mas o fio de água parecia-lhe ali mesmo à frente dos olhos. Desce à praia e entra no lamaçal com o fito de deitar a boneca ao mar. À medida que avança, cada vez atasca mais os pés na lama, mas o Fugas avança sempre pronto a levar a cabo a ideia da véspera.
Os pés enterram-se quase até ao joelho. O Fugas não olha para trás, a água está ali mesmo à vista, mas não há meio de lá chegar.
Nisto ouve gritos atrás de si. É o pai avisado por alguém que passou pela muralha. O Fugas mal se pode mexer, começa a chorar, a boneca na mão à espera que o pai o arranque daquela situação.
O velho pescador puxa-o por um braço e quando chegou ao areal deu-lhe um par de estalos e só disse: «És parvo!».
O Fugas seguiu para a escola, já não era o mesmo rapazito do dia anterior.
Quando chegou a casa à hora do almoço, a Ritinha, agarrada à sua boneca, nem deu pela chegada do irmão.
Era o mais velho de um rancho de irmãos que ou estavam na escola ou brincavam na areia da praia.
Uma vez o pai, que lhes arrancava o pão às ondas do mar, deu uma boneca à única menina dos seus filhos.
O Fugas ficou cheio de ciúmes e só olhava para a irmã que só olhava para a boneca. Aquilo não podia ficar assim. Ele tinha que fazer qualquer coisa. Mas o quê?
Foi durante a noite, quando a mãe o deitou a ele e aos irmãos, que lhe ocorreu uma ideia. A boneca deitá-la-ia ao mar sem que a irmã visse e depois, por mais que a Rita chorasse, ele faria ouvidos de mercador.
De manhã, logo que se levantou para ir para a escola, foi ao quarto da irmã que dormia com a boneca ao lado, tirou-a devagarinho, meteu-a dentro da sacola, comeu o que a mãe lhe deu e saiu de casa.
A maré estava vazia, mas o fio de água parecia-lhe ali mesmo à frente dos olhos. Desce à praia e entra no lamaçal com o fito de deitar a boneca ao mar. À medida que avança, cada vez atasca mais os pés na lama, mas o Fugas avança sempre pronto a levar a cabo a ideia da véspera.
Os pés enterram-se quase até ao joelho. O Fugas não olha para trás, a água está ali mesmo à vista, mas não há meio de lá chegar.
Nisto ouve gritos atrás de si. É o pai avisado por alguém que passou pela muralha. O Fugas mal se pode mexer, começa a chorar, a boneca na mão à espera que o pai o arranque daquela situação.
O velho pescador puxa-o por um braço e quando chegou ao areal deu-lhe um par de estalos e só disse: «És parvo!».
O Fugas seguiu para a escola, já não era o mesmo rapazito do dia anterior.
Quando chegou a casa à hora do almoço, a Ritinha, agarrada à sua boneca, nem deu pela chegada do irmão.
1 comentário:
Oiçam, meus amigos: não se ponham a dizer que o Fugas é o Marafuga, que já tinham pensado no assunto, que sou ruim desde pequeno, etc., porque, embora o texto brinque amorosamente com a realidade, é sobrepujado pela subjectividade.
Numa palavra: o texto é literário.
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