06 agosto 2008

Palavras traiçoeiras: prioridade


Quando, neste texto, escrevi haver inúmeros espaços expectantes de que apareça um autarca com verdadeiro amor a Alcochete, tinha em mente casos como o que seguidamente abordarei.
As imagens deste texto reproduzem, parcialmente, um espaço ermo que deveria fazer corar de vergonha quem presidiu aos destinos do município desde a década de 90.
Situa-se na sede do concelho e confina com a Rua Capitão Salgueiro Maia (a do centro de saúde), as traseiras da Praceta 10 de Julho e a Av.ª dos Barris (segunda fase da variante).
Um caso
que exemplifica a definição de prioridades segundo conveniências políticas, menosprezando a antiguidade dos problemas e os benefícios colhidos pelo maior número de pessoas. É extraordinário como, ainda hoje, a política tem coisas que a razão desconhece!
Com mais ou menos mato, com ou sem entulho e muito ou pouco lixo resultante da falta de civismo, esta praceta está esquecida há mais de uma década.

No entanto, até prova em contrário dou o benefício da dúvida ao actual executivo porque à história da variante nada falta, nem mesmo aparentes heranças incómodas da falência da empresa que construiu a segunda fase. Aquele contentor azul, visível na imagem acima, parece-me um sinal evidente. Ali foi o estaleiro da obra.
Nem por isso deixarei de manifestar a minha discordância quanto aos seus critérios de selecção de prioridades.
Recentemente foram anunciadas obras vultosas na zona do Valbom – a 100 metros de distância – financiadas com um empréstimo bancário superior a 500.000 euros (mais de 100 mil contos em moeda antiga) para tapar o buraco do campo de futebol que a construção da variante tornou inviável há pouco mais de dois anos.

Parece-me inquestionável que o futuro parque desportivo terá menor procura e utilização que o potencial deste espaço abandonado, vizinho de um bairro onde é difícil ser criança, cuja requalificação implicaria menor investimento que no Valbom.

Relativamente a obras dispensáveis e não prioritárias, indigno-me quando se propagandeiam elefantes brancos viabilizados por crédito bancário.
Existem imensos problemas elementares sem solução, mas a hipoteca-se o futuro por vaidade.
Às maiorias políticas também se exige lucidez e sensatez nas decisões.

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