31 outubro 2006
Mensagem sociológica da Festa Brava
Não há a menor dúvida de que a Festa Brava favorece e fortalece as relações sociais, ou seja, as relações de convivência entre membros de uma comunidade.
Mas o sentido e finalidade da categoria festa não são outros.
Assim sendo, a Festa Brava é factor de coesão de uma sociedade, reunião de pessoas fracturadas entre o gozo dos direitos e a tensão dos deveres.
Na própria Corrida de Toiros vejo eu um sociodrama porque aquela, ao fim e ao cabo, é uma representação ordenada para uma acção terapêutica como se de uma catarse colectiva se tratasse em benefício dos espectadores.
Secundária de Alcochete é exemplar
Embora a mencione com atraso, esta notícia não me escapou. Parabéns a quem na Escola Secundária de Alcochete vela pela segurança.
Dá prazer ter uma escola bonita e exemplar em segurança.
Dá prazer ter uma escola bonita e exemplar em segurança.
30 outubro 2006
Mensagem política da Festa Brava
A Festa Brava, através da sua vertente mais nobre, a corrida de toiros, reflecte a ordem.
Ninguém vai a uma corrida de toiros esperando qualquer alteração neste espectáculo: sai o toiro, depois vem o cavaleiro, a seguir os forcados e sempre assim até à sexta vez, o que traz à memória a ordem da Criação.
Na verdade, Deus é o supremo ordenador de tudo quanto existe. Nesta conformidade, podemos encarar a ordem como um mandamento dado a cada um, ao grupo, à cidade.
A cidade de Deus desce sobre a cidade dos homens e esse ponto de união é a garantia do nosso equilíbrio.
Equilíbrio entre dois mundos é a Corrida de Toiros à Portuguesa. Nesta estão representadas em sã convivência hierárquica a antiga aristocracia e a plebe.
A Corrida à Portuguesa, imagem de ordem (imago ordinis), lembra à Democracia que esta deve opor a benéfica autoridade ao mero horizontalismo estiolante.
Para petizes de palmo e meio (3)
DESCOBERTA
Fui de Braga a Santiago,
De Portugal à Galiza
A cumprir antigo fado
Que inda hoje tanto viça.
Arrimado ao meu bordão,
Saco ao ombro do preciso,
Todo em recordação
Duma era que diviso.
Encontrei um pastor
Atrás do seu rebanho.
Entreguei-me àquela dor,
À memória de antanho.
Avancei no meu caminho
Rumo sempre ao Santuário.
Uma tarde cansadinho
Vi de Cristo o sudário.
Abandonei o cajado
Agarrado à descoberta
Que a procura sem achado
É montanha deserta.
João Marafuga
Fui de Braga a Santiago,
De Portugal à Galiza
A cumprir antigo fado
Que inda hoje tanto viça.
Arrimado ao meu bordão,
Saco ao ombro do preciso,
Todo em recordação
Duma era que diviso.
Encontrei um pastor
Atrás do seu rebanho.
Entreguei-me àquela dor,
À memória de antanho.
Avancei no meu caminho
Rumo sempre ao Santuário.
Uma tarde cansadinho
Vi de Cristo o sudário.
Abandonei o cajado
Agarrado à descoberta
Que a procura sem achado
É montanha deserta.
João Marafuga
29 outubro 2006
Para petizes de palmo e meio (2)
JOANINHA
Eu cá sou a vermelhinha,
Senhora de boas-novas
E também uma gracinha...
Nestas pintas vão as provas.
Pintinhas pretas na cor,
Salpicos sobre carmim.
Sou mensageira de amor
Sem nada pedir p'ra mim.
Das árvores sou amiga,
Como piolhos sem conto.
Inda assim há quem siga
Conselhos de velho tonto!
Poiso às vezes sobre gente
Que nem sempre acolhe bem
O meu gesto que é presente
Sem encargo p'ra ninguém!
Fico então muito tristinha
Por tamanha ingratidão,
Mas eu sou uma joaninha
Afeita sempre ao perdão.
João Marafuga
Eu cá sou a vermelhinha,
Senhora de boas-novas
E também uma gracinha...
Nestas pintas vão as provas.
Pintinhas pretas na cor,
Salpicos sobre carmim.
Sou mensageira de amor
Sem nada pedir p'ra mim.
Das árvores sou amiga,
Como piolhos sem conto.
Inda assim há quem siga
Conselhos de velho tonto!
Poiso às vezes sobre gente
Que nem sempre acolhe bem
O meu gesto que é presente
Sem encargo p'ra ninguém!
Fico então muito tristinha
Por tamanha ingratidão,
Mas eu sou uma joaninha
Afeita sempre ao perdão.
João Marafuga
28 outubro 2006
Sou agulha de muita linha ordinária
Se não fosse este simples blog, os comunistas viveriam nesta terra de Alcochete como peixes na água.
O que impede os militantes dos partidos da oposição de uma denúncia a toda a altura do que se passa verdadeiramente na Câmara? São coarctados pelas próprias estruturas locais dos partidos políticos a que pertencem?
Eu também sou militante de um partido político. Alguma vez eu consentiria que este tentasse limitar a minha intervenção cívica? O que sempre comi e como nunca foi ganho à gosma fosse de que partido fosse. Não devo nada a ninguém. Só princípios de ordem civilizacional me impedem de dizer tudo o que penso.
O mais engraçado é que sou eu quem dá o rosto e os que passam todo o tempo nas tocas saem delas a dois ou três meses das eleições para reclamar as primeiras posições nas listas partidárias. Que nome acham que eu estou a pensar para designar esses homens? Ou alguém julga que eu desconheço as obscenidades do nosso léxico? Eu tenho é vergonha, o que eles não têm, embora seja com a minha vergonha que essa gente se safa.
E pronto! Já desabafei. Ou será proibido?
O que impede os militantes dos partidos da oposição de uma denúncia a toda a altura do que se passa verdadeiramente na Câmara? São coarctados pelas próprias estruturas locais dos partidos políticos a que pertencem?
Eu também sou militante de um partido político. Alguma vez eu consentiria que este tentasse limitar a minha intervenção cívica? O que sempre comi e como nunca foi ganho à gosma fosse de que partido fosse. Não devo nada a ninguém. Só princípios de ordem civilizacional me impedem de dizer tudo o que penso.
O mais engraçado é que sou eu quem dá o rosto e os que passam todo o tempo nas tocas saem delas a dois ou três meses das eleições para reclamar as primeiras posições nas listas partidárias. Que nome acham que eu estou a pensar para designar esses homens? Ou alguém julga que eu desconheço as obscenidades do nosso léxico? Eu tenho é vergonha, o que eles não têm, embora seja com a minha vergonha que essa gente se safa.
E pronto! Já desabafei. Ou será proibido?
Mensagem estética da Festa Brava
O toureio a cavalo, a pé, a pega dos forcados, etc., são uma cadeia de momentos artísticos que arrebatam as nossas emoções. É por esta razão que poetas, narradores, pintores, escultores e músicos de todo o Ocidente se têm inspirado na Festa Brava para a consecução de obras imortais, património de toda a Humanidade.
Nesta nossa terra de Alcochete não há nenhum Picasso ou Hemingway, mas seria suprema ingratidão não reconhecer o trabalho de vários dos nossos pintores e poetas que através de belas telas ou poemas fazem jus ao estro daqueles vultos da arte universal.
27 outubro 2006
Verdades a que temos direito
Entrevistas lidas no último número do jornal da terra, atinentes ao primeiro aniversário de uma derrota justificada e de uma vitória imerecida no poder local, confirmam duas coisas:
1. O que se escreveu sobre a matéria neste blogue fica aquém da realidade;
2. Para dizer o mínimo, a câmara é um covil de mistificação.
Assumo as minhas responsabilidades na primeira, lamentando ter sido demasiado brando.
Quanto à segunda, que só surpreenderá os distraídos, as soluções terão de partir da comunidade porque individualmente ninguém conseguirá emendar nada.
Colectivamente deveria reflectir-se sobre se merecemos a mentira e a trapaça ou se as entrevistas representam um murro no estômago de quem se sacrifica para pagar impostos.
Se se justifica haver crianças em escolas inqualificáveis, algumas sem nenhum ou com refeitório contentorizado, enquanto se realizaram obras não prioritárias, como um aberrante e dispendioso fórum cultural, uma biblioteca para o quádruplo da população residente e uma avenida a que decidiram chamar variante para o Estado a co-financiar.
Se é justo continuar a subsidiar um associativismo que, em número significativo de casos, serve somente para pobres de espírito e de capacidade de iniciativa se armarem em importantes, embora haja centenas de pessoas que calcorreiam caminhos enlameados e esburacados, como as residentes em Pinhal do Concelho, Passil, Terroal e não só.
Se devemos continuar a contemporizar com o desperdício de dinheiro em festanças a que a maioria não vai, embora haja centenas de idosos vivendo em isolamento e condições tais que, se conhecidos, chocariam até corações empedernidos.
Dou apenas três exemplos para não maçar, embora tenha coleccionado um grande saco deles.
A vós cabe decidir se preferem continuar com a cabeça enfiada na areia ou se é a hora de varrer o lixo, não para debaixo do tapete mas para o local correcto.
Quando pressinto perfilarem-se no horizonte alguns potenciais candidatos a herdeiros desta choldra, peço-lhes um pouco de dignidade e de coragem: demonstrem, previamente, dispor da vassoura adequada para limpar esta porcaria.
Provem ser bons técnicos de limpeza. Porque disto sei que todos são capazes.
P.S.-O blogue «Escândalos no Montijo» republicou este texto, gentileza que agradeço ao seu animador.
Rótulos:
artérias,
biblioteca,
Câmara Municipal,
CDU,
Ensino,
Fórum cultural,
política,
PS
Mensagem épica da Festa Brava
No toiro vemos também um ícone das forças da natureza.
A verticalidade do homem é a razão.
A história da Festa Brava pode ser encarada como representação da história cruzada de Deus e dos homens porque a luta homem-toiro simboliza a colaboração da Humanidade com a obra da Criação.
Nesta conformidade, homem e toiro são dois sujeitos de uma mesma saga.
26 outubro 2006
Para petizes de palmo e meio (1)
PINHEIRINHO
Pinheirinho a dar ao vento
Sozinho no descampado,
Eu percebo o teu lamento,
Esse choro abafado.
Esse choro abafado
Sem remédio que te valha.
Tudo à volta está tragado
Por monstro que a morte espalha.
Por monstro que a morte espalha
Cuja fome nunca sacia.
Monte e vale vira em fornalha,
Some tudo o que o chão cria.
Some tudo o que o chão cria,
Para trás fica o cinzeiro,
Cemitério sem valia,
Durante dias fumeiro.
Durante dias fumeiro
Por onde a vista alcança...
Pinheirinho derradeiro,
De outro mundo és a esperança!
João Marafuga
Pinheirinho a dar ao vento
Sozinho no descampado,
Eu percebo o teu lamento,
Esse choro abafado.
Esse choro abafado
Sem remédio que te valha.
Tudo à volta está tragado
Por monstro que a morte espalha.
Por monstro que a morte espalha
Cuja fome nunca sacia.
Monte e vale vira em fornalha,
Some tudo o que o chão cria.
Some tudo o que o chão cria,
Para trás fica o cinzeiro,
Cemitério sem valia,
Durante dias fumeiro.
Durante dias fumeiro
Por onde a vista alcança...
Pinheirinho derradeiro,
De outro mundo és a esperança!
João Marafuga
2.190 contadores de água em Alcochete?
Estive a ler estes relatórios do Instituto da Água e descobri algo estranho relativamente a Alcochete: no ano de 2002 havia somente 2.190 contadores/clientes de água instalados no município.
Isto só pode estar errado:
1. A maioria não toma banho? Não lava loiça? Nem roupa?
2. A maioria confecciona a comida com água da chuva ou engarrafada?
3. A maioria tem poço ou furo?
4. A câmara decidiu, num gesto magnânimo e louvável, que a maioria da população não paga água de consumo?
Como pode uma estatística oficial mencionar um contador por cada 6,8 habitantes, se no concelho, em 2002, residiam quase 14.000 pessoas?
Como se explica tal se no concelho de Alandroal, distrito de Évora, há 4.093 contadores para 6.293 residentes? Se em Sobral de Monte Agraço, distrito de Lisboa, há 4.206 contadores para 9.789 residentes? E se em Arruda dos Vinhos, também no distrito de Lisboa, para 11.210 residentes há 5.419 contadores?
O fenómeno de Alcochete – indigno até do Entroncamento, concelho cujos 20.065 habitantes têm 9.974 contadores – tem de ser explicado.
Cá para mim a coisa ainda faz menos sentido porque, no mesmo ano de 2002, o total de água captada pela câmara foi de 283.605m3 (20,2m3/habitante/ano), dando origem aos mesmos 283.605m3 de "sobrantes" para a ETAR.
Isto é, os poucos que pagaram a água ainda se deram ao luxo de a despejar toda na sanita!
Não, aqui há gato! Alguém meteu água ou a pata na poça! E com estatísticas destas não vamos a parte alguma!
Será possível a câmara divulgar, regularmente, números rigorosos ou também é segredo de estado?
Isto só pode estar errado:
1. A maioria não toma banho? Não lava loiça? Nem roupa?
2. A maioria confecciona a comida com água da chuva ou engarrafada?
3. A maioria tem poço ou furo?
4. A câmara decidiu, num gesto magnânimo e louvável, que a maioria da população não paga água de consumo?
Como pode uma estatística oficial mencionar um contador por cada 6,8 habitantes, se no concelho, em 2002, residiam quase 14.000 pessoas?
Como se explica tal se no concelho de Alandroal, distrito de Évora, há 4.093 contadores para 6.293 residentes? Se em Sobral de Monte Agraço, distrito de Lisboa, há 4.206 contadores para 9.789 residentes? E se em Arruda dos Vinhos, também no distrito de Lisboa, para 11.210 residentes há 5.419 contadores?
O fenómeno de Alcochete – indigno até do Entroncamento, concelho cujos 20.065 habitantes têm 9.974 contadores – tem de ser explicado.
Cá para mim a coisa ainda faz menos sentido porque, no mesmo ano de 2002, o total de água captada pela câmara foi de 283.605m3 (20,2m3/habitante/ano), dando origem aos mesmos 283.605m3 de "sobrantes" para a ETAR.
Isto é, os poucos que pagaram a água ainda se deram ao luxo de a despejar toda na sanita!
Não, aqui há gato! Alguém meteu água ou a pata na poça! E com estatísticas destas não vamos a parte alguma!
Será possível a câmara divulgar, regularmente, números rigorosos ou também é segredo de estado?
Vou hastear bandeira negra
Desta vez vou mesmo hastear uma bandeira negra à janela. O motivo está aqui.
Se, por vezes, chega a Alcochete o cheiro pestilencial da fábrica Portucel de Setúbal, é natural que às emanações tóxicas da cimenteira suceda o mesmo.
Se, por vezes, chega a Alcochete o cheiro pestilencial da fábrica Portucel de Setúbal, é natural que às emanações tóxicas da cimenteira suceda o mesmo.
Ainda lutam?
Frequentemente visito este blogue – invulgar repositório de propaganda política do tempo em que as alminhas falavam sem ser entredentes – porque me diverte e me recorda lições de vida que, infelizmente, não passaram de pais para filhos. O que é pena, pois se essa herança fosse transmitida a sociedade não seria hoje abúlica e apática.
Desse blogue copiei a imagem ao lado (espero que TóColante não se zangue...), a qual me suscita certas dúvidas:
1. Os comunistas ainda lutam pela elevação do nível de vida das classes trabalhadoras e do povo em geral?
2. Os comunistas que hoje governam nesta praça conhecem o programa do partido e tomaram ou pensam tomar decisões consentâneas com estes princípios?
3. Estarei tão desmiolado ou pitosga a ponto de não enxergar uma única decisão dessas em 360 dias?
25 outubro 2006
Mensagem axiológioca da Festa Brava
Na relação homem-toiro, descubro um manancial inesgotável de valores: disciplina, ordem, espírito de grupo, coragem, arrojo, destreza, esforço... Estes valores são suporte de qualquer sociedade que se preze.
O ataque à Festa Brava não é por acaso, pois segundo o princípio da razão suficiente em Filosofia, nada acontece gratuitamente.
Atacar a Festa Brava a partir de um plano emocional insere-se numa estratégia mais geral que visa atacar as sociedades ocidentais no valor mais basilar: a matriz judaico-cristã.
A câmara, as garagens e a chuva
Acabo de saber que, por volta das 0h30 de hoje, garagens da urbanização dos Barris estiveram, novamente, à beira de ser inundadas.
Se a chuva copiosa demorasse mais alguns minutos repetir-se-ia o fenómeno de Junho, acerca do qual escrevi aqui.
Dizem-me também que, nos últimos dias, veículos municipais têm sido vistos a circular na área das garagens dessa urbanização. Presume o meu informador que o pessoal camarário andará a verificar o estado dos esgotos pluviais.
Depois do que escrevi no texto acima referenciado, a minha recomendação à câmara só pode ser esta: não arrisquem mais e façam a obra que deve ser feita. E depressa, porque São Pedro não tem blogue e nunca avisa quando decide mandar dilúvio.
Parece-me óbvio que, em áreas isoladas, baixas e extensas como aquelas, para as quais debitam algerozes, varandas, telhados e o mais que pode observar-se quando a chuva cai com intensidade, é escassa uma única saída de água para a rede de drenagem.
Acresce que algumas saídas são demasiado estreitas e o excesso de água pode ocasionar novas inundações.
Não sou técnico da especialidade mas parece-me que, no mínimo, deveria haver duas caixas de escoamento, uma em cada extremo das áreas de garagens.
Se a chuva copiosa demorasse mais alguns minutos repetir-se-ia o fenómeno de Junho, acerca do qual escrevi aqui.
Dizem-me também que, nos últimos dias, veículos municipais têm sido vistos a circular na área das garagens dessa urbanização. Presume o meu informador que o pessoal camarário andará a verificar o estado dos esgotos pluviais.
Depois do que escrevi no texto acima referenciado, a minha recomendação à câmara só pode ser esta: não arrisquem mais e façam a obra que deve ser feita. E depressa, porque São Pedro não tem blogue e nunca avisa quando decide mandar dilúvio.
Parece-me óbvio que, em áreas isoladas, baixas e extensas como aquelas, para as quais debitam algerozes, varandas, telhados e o mais que pode observar-se quando a chuva cai com intensidade, é escassa uma única saída de água para a rede de drenagem.
Acresce que algumas saídas são demasiado estreitas e o excesso de água pode ocasionar novas inundações.
Não sou técnico da especialidade mas parece-me que, no mínimo, deveria haver duas caixas de escoamento, uma em cada extremo das áreas de garagens.
Preocupa-me
Estava a ler esta e esta notícias sobre o mesmo lamentável acidente e lembrei-me que, ao fim da manhã de hoje, vi dois autocarros dos TST imobilizados: um na ponte Vasco da Gama e outro no IC13.
Será só um dia aziago para a empresa?
Não sendo utente, nada mais posso dizer. Mas ultrapasso alguns autocarrros que me parecem demasiado velhos para velocidades de 110km/hora, como tenho notado na ponte.
Será só um dia aziago para a empresa?
Não sendo utente, nada mais posso dizer. Mas ultrapasso alguns autocarrros que me parecem demasiado velhos para velocidades de 110km/hora, como tenho notado na ponte.
24 outubro 2006
23 outubro 2006
Pagam os do costume
Após ler esta notícia, na qual se analisam alterações à tributação do património a partir de 2007, noutra comunidade que não esta deveriam os senhores da câmara preparar-se para novas e justificadas críticas dos munícipes.
Porque sendo aplicado às urbanizações habitacionais de Alcochete construídas depois de 1998 o coeficiente máximo de valorização (1,45) e estando previstos novos coeficientes em habitações com estacionamento coberto e não fechado, com arrecadações e arrumos, e aspectos como a localização e operacionalidade relativas, e sendo já os proprietários abrangidos os maiores contribuintes reais ou potenciais de IMI e doravante compelidos a pagar ainda mais ao município, teriam todo o direito de se indignar e aumentar o tom das críticas, exigindo tratamento equivalente na manutenção, conservação e utilização dos espaços públicos envolventes.
Por exemplo: faz todo o sentido os residentes na urbanização do Flamingo reclamarem ainda mais do estado de abandono em que se encontram, há anos, alguns espaços verdes. Tal como os da urbanização dos Barris, à porta dos quais colocaram uma variante e uma bomba de combustíveis que não contam como factores de redução do coeficiente de valorização, embora tenham de arrostar com o ruído, a poluição, o cheiro a gasolina e outros riscos associados o mau planeamento urbanístico.
Seria natural a reacção se, em vez de dormitório crescente de desenraizados e adormecidos pela propaganda, Alcochete fosse uma comunidade desperta, atenta e ciosa dos seus direitos. Até porque neste município sempre se aplicaram as taxas máximas de IMI e, chegado ao poder, o partido que tanto criticara essa política mandou a coerência às malvas e copiou-a sem hesitar.
Bem me parecia estéril a discussão das últimas semanas, entre o governo e o sindicato dos presidentes de câmara, a propósito da nova lei das finanças locais, por reconhecer que, na prática, a estratégia tem sido sempre a de reduzir as transferências do Estado para os municípios mas, paralelamente, aumentar-lhes as receitas com novos sacrifícios exigidos aos contribuintes.
No orçamento do Estado para 2007 estão previstas alterações suficientes para crer que essa política não mudou, pois os munícipes voltarão a desembolsar mais.
Podem os autarcas continuar a construir elefantes multicoloridos, a realizar obras inúteis e a gastar em banalidades, porque o financiamento virá sempre de quem, deliberadamente, não quer ter voz activa nem organizar-se para dizer basta!
Porque sendo aplicado às urbanizações habitacionais de Alcochete construídas depois de 1998 o coeficiente máximo de valorização (1,45) e estando previstos novos coeficientes em habitações com estacionamento coberto e não fechado, com arrecadações e arrumos, e aspectos como a localização e operacionalidade relativas, e sendo já os proprietários abrangidos os maiores contribuintes reais ou potenciais de IMI e doravante compelidos a pagar ainda mais ao município, teriam todo o direito de se indignar e aumentar o tom das críticas, exigindo tratamento equivalente na manutenção, conservação e utilização dos espaços públicos envolventes.
Por exemplo: faz todo o sentido os residentes na urbanização do Flamingo reclamarem ainda mais do estado de abandono em que se encontram, há anos, alguns espaços verdes. Tal como os da urbanização dos Barris, à porta dos quais colocaram uma variante e uma bomba de combustíveis que não contam como factores de redução do coeficiente de valorização, embora tenham de arrostar com o ruído, a poluição, o cheiro a gasolina e outros riscos associados o mau planeamento urbanístico.
Seria natural a reacção se, em vez de dormitório crescente de desenraizados e adormecidos pela propaganda, Alcochete fosse uma comunidade desperta, atenta e ciosa dos seus direitos. Até porque neste município sempre se aplicaram as taxas máximas de IMI e, chegado ao poder, o partido que tanto criticara essa política mandou a coerência às malvas e copiou-a sem hesitar.
Bem me parecia estéril a discussão das últimas semanas, entre o governo e o sindicato dos presidentes de câmara, a propósito da nova lei das finanças locais, por reconhecer que, na prática, a estratégia tem sido sempre a de reduzir as transferências do Estado para os municípios mas, paralelamente, aumentar-lhes as receitas com novos sacrifícios exigidos aos contribuintes.
No orçamento do Estado para 2007 estão previstas alterações suficientes para crer que essa política não mudou, pois os munícipes voltarão a desembolsar mais.
Podem os autarcas continuar a construir elefantes multicoloridos, a realizar obras inúteis e a gastar em banalidades, porque o financiamento virá sempre de quem, deliberadamente, não quer ter voz activa nem organizar-se para dizer basta!
Rótulos:
artérias,
Câmara Municipal,
impostos,
residentes
Safas-te ou salvas-te?
Há uma pergunta que eu tenho que me fazer urgentemente: como quero morrer?
Eu quero morrer na fidelidade às esquerdas de raiz marxista ou na fidelidade à Civilização Ocidental de raiz cristã?
Na resposta que eu der a estas perguntas, escolho a escravidão ou a liberdade para a minha descendência.
Então sobre mim pesa uma tremenda responsabilidade, uma vez que os meus filhos ainda não atingiram a suficiente maturidade para escolhas livres.
Eu quero morrer na fidelidade às esquerdas de raiz marxista ou na fidelidade à Civilização Ocidental de raiz cristã?
Na resposta que eu der a estas perguntas, escolho a escravidão ou a liberdade para a minha descendência.
Então sobre mim pesa uma tremenda responsabilidade, uma vez que os meus filhos ainda não atingiram a suficiente maturidade para escolhas livres.
22 outubro 2006
Mensagem antropológica da Festa Brava
Os nossos antepassados arcaicos, quando capturavam o herói de um grupo rival, ofereciam-no em sacrifício à divindade e comiam-lhe a carne porque pensavam que as virtualidades do destemido prisioneiro passavam para os elementos da tribo, ficando assim tolhido todo o arrojo dos inimigos.
A raiz mais profunda da civilização ocidental é judaica.
Abraão, coagido pela tradição ancestral a sacrificar o único filho legítimo ao Senhor para Lhe dar a extrema prova de submissão, resolve virar o bico ao prego, concluindo que se Deus é Deus, prescinde de qualquer prova exterior para saber que o homem se Lhe submete na profundeza do coração. Nesta conformidade, o menino Isaac é substituído por um animal em sacrifício ao Senhor.
O protagonista da Festa Brava é o toiro que entra na arena para ser imolado. Esta imolação, de alguma maneira funciona como catarse para os espectadores. Estes, ao menos enquanto dura o espectáculo, vendo o herói padecer, sentem aliviadas as próprias tensões da vida de todos os dias.
20 outubro 2006
Empresas nossas amigas (2)
Escrevi aqui que o desconhecimento mútuo entre cidadãos e empresas é uma estranha realidade em Alcochete e, cumprindo a promessa de tentar contribuir para a desejável e útil aproximação, menciono hoje uma grande e já histórica empresa sedeada no nosso concelho, cuja casa-mãe remonta aos finais do séc. XIX a partir de uma ideia genial de William Painter (1838-1906), o inventor da popular carica.
Originalmente denominada Ormis-Embalagens de Portugal, Ld.ª, a fábrica de Alcochete começou a laborar por volta de meados da década de 50 (terá comemorado as bodas de ouro?) e surgiu como organização especializada de vários fabricantes de latoaria e de conservas de Algarve, Setúbal e Lisboa.
Eram eles Ramirez, Perez, Cumbera & Cia (industriais conserveiros com fábricas em Olhão e Vila Real de Santo António); Sociedade Mecânica Setubalense, Ld.ª (indústria de latoaria, de Setúbal); Sociedade Industrial Setubalense, Ld.ª (indústria de impressão em folha de flandres, de Setúbal); Soliva-Sociedade de Litografia e Vazio, Ld.ª (indústria de latoaria de Vila Real de Santo António); Silva, Saldanha, Ld.ª (actividade desconhecida, de Lisboa).
Infelizmente, neste sítio na Internet nada é referido acerca da sua actual fábrica em Alcochete. Problema comum à maioria das multinacionais, às quais basta serem grandes: esta, em 2004, tinha 185 fábricas em 43 países e 27.600 empregados.
Em Alcochete fabrica, em laboração contínua, embalagens metálicas ligeiras. É exportadora e está entre as 10 maiores empresas nacionais do ramo
No ano 2000 empregava 254 pessoas e o volume de negócios ascendeu a 33.134.485,89€. No início do ano corrente empregava 300 pessoas e o volume de negócios no último balanço então existente foi de 36.667.953€.
Isto foi o que encontrei noutras fontes nacionais disponíveis na Internet.
Já agora, deixo aqui uma sugestão ao museu municipal: organize-se uma área exemplificativa dos produtos industriais "made in Alcochete".
As empresas devem interagir com a comunidade envolvente, informando-a e retribuindo-lhe parte do que dela recebem. Os cidadãos devem conhecer as empresas vizinhas, porque a maioria (ou, muito provavelmente, todas) dão emprego a familiares, amigos e conhecidos. Ao abastecerem-se no mercado local geram também inúmeros empregos indirectos, tal como contribuem para engordar as receitas municipais.
Espero ajuda com novas ideias e a descoberta de mais exemplos porque, infelizmente, da maioria das empresas pouco é possível saber através da Internet. Oxalá também as empresas sejam sensíveis e contribuam para melhorar a informação.
Originalmente denominada Ormis-Embalagens de Portugal, Ld.ª, a fábrica de Alcochete começou a laborar por volta de meados da década de 50 (terá comemorado as bodas de ouro?) e surgiu como organização especializada de vários fabricantes de latoaria e de conservas de Algarve, Setúbal e Lisboa.
Eram eles Ramirez, Perez, Cumbera & Cia (industriais conserveiros com fábricas em Olhão e Vila Real de Santo António); Sociedade Mecânica Setubalense, Ld.ª (indústria de latoaria, de Setúbal); Sociedade Industrial Setubalense, Ld.ª (indústria de impressão em folha de flandres, de Setúbal); Soliva-Sociedade de Litografia e Vazio, Ld.ª (indústria de latoaria de Vila Real de Santo António); Silva, Saldanha, Ld.ª (actividade desconhecida, de Lisboa).
Infelizmente, neste sítio na Internet nada é referido acerca da sua actual fábrica em Alcochete. Problema comum à maioria das multinacionais, às quais basta serem grandes: esta, em 2004, tinha 185 fábricas em 43 países e 27.600 empregados.
Em Alcochete fabrica, em laboração contínua, embalagens metálicas ligeiras. É exportadora e está entre as 10 maiores empresas nacionais do ramo
No ano 2000 empregava 254 pessoas e o volume de negócios ascendeu a 33.134.485,89€. No início do ano corrente empregava 300 pessoas e o volume de negócios no último balanço então existente foi de 36.667.953€.
Isto foi o que encontrei noutras fontes nacionais disponíveis na Internet.
Já agora, deixo aqui uma sugestão ao museu municipal: organize-se uma área exemplificativa dos produtos industriais "made in Alcochete".
As empresas devem interagir com a comunidade envolvente, informando-a e retribuindo-lhe parte do que dela recebem. Os cidadãos devem conhecer as empresas vizinhas, porque a maioria (ou, muito provavelmente, todas) dão emprego a familiares, amigos e conhecidos. Ao abastecerem-se no mercado local geram também inúmeros empregos indirectos, tal como contribuem para engordar as receitas municipais.
Espero ajuda com novas ideias e a descoberta de mais exemplos porque, infelizmente, da maioria das empresas pouco é possível saber através da Internet. Oxalá também as empresas sejam sensíveis e contribuam para melhorar a informação.
19 outubro 2006
Mensagem espiritual da Festa Brava
A luta denodada entre o homem e o toiro e a vitória do primeiro pode receber de nós um olhar eminentemente cristão, isto é, civilizacional.
A vitória do homem sobre o toiro pode ser encarada como um ícone da mudança (metanóia) interior de todo aquele que se quer transcender.
Viro o discurso para a primeira pessoa.
Dentro de mim há um toiro, expressão da minha desordem interior. Tenho que encará-lo de frente, desafiá-lo, aguentar a arremetida, controlá-lo bem. Sim, controlar bem este toiro interior porque muito mais bravo que o das arenas. Este é dominado e leva a estocada final. O outro, o que há dentro de mim, nunca morre. Se não o dominar, serei dominado por ele.
Luís Filipe Menezes, genuíno liberal
Considero que Luís Filipe Menezes é uma das pessoas que hoje fala mais claro em Portugal.
A leitura dos artigos deste dirigente do PSD faz-me ver que as coordenadas principais dos meus textos têm pertinência e corrobora a ideia sempre defendida por mim de que o Governo PS é de esquerda.
Repare-se no que diz Luís Filipe Menezes: «O crescimento continua travado por uma carga fiscal asfixiante e pela teimosia de continuar a não ter coragem para afastar o Estado de muitos sectores de actividade onde a sua presença inibe o dinamismo empresarial. [...] A teimosia de manter o monopólio do Estado em áreas estratégicas, como a do ambiente, é indesculpável. A burocracia e o imobilismo, que, pela manutenção de regras de ordenamento do território arcaicas, tolhem um saudável e insubstituível investimento imobiliário, são indesculpáveis» (Correio da Manhã, 19/10/2006).
Quem disse que PSD e PS são iguais?
A leitura dos artigos deste dirigente do PSD faz-me ver que as coordenadas principais dos meus textos têm pertinência e corrobora a ideia sempre defendida por mim de que o Governo PS é de esquerda.
Repare-se no que diz Luís Filipe Menezes: «O crescimento continua travado por uma carga fiscal asfixiante e pela teimosia de continuar a não ter coragem para afastar o Estado de muitos sectores de actividade onde a sua presença inibe o dinamismo empresarial. [...] A teimosia de manter o monopólio do Estado em áreas estratégicas, como a do ambiente, é indesculpável. A burocracia e o imobilismo, que, pela manutenção de regras de ordenamento do território arcaicas, tolhem um saudável e insubstituível investimento imobiliário, são indesculpáveis» (Correio da Manhã, 19/10/2006).
Quem disse que PSD e PS são iguais?
Notícias da catedral
Há páginas que considero de consulta imperativa por abordarem matérias sensíveis que a maioria deveria conhecer e sobre elas pronunciar-se, designadamente se incidem sobre Alcochete. Esta e esta são duas dessas páginas.
Previamente à autorização de execução, a lei obriga a que certos planos e projectos sejam submetidos a apreciação pública pelas entidades com poder de decisão. Como a maioria dos cidadãos desconhece dispor de algum poder de influência – até porque, localmente, a "democracia participativa" e a "qualidade da informação, bem como a assistência e apoio aos cidadãos na compreensão das políticas autárquicas" são bazófia eleitoral – nas consultas públicas raramente se colhem reacções. É pena.
Hoje já não está na primeira das páginas acima referenciadas – mas esteve até há dois dias – um tópico respeitante a relatórios de monitorização ambiental elaborados de acordo com o estudo de impacte ambiental de 2002 da "nossa" catedral de consumo Freeport.
Como a democracia electrónica é coisa bonita (em certos órgãos, bem entendido, porque noutros é o que se sabe...), este cidadão pediu e recebeu os relatórios e extraiu deles as seguintes conclusões:
1. Foram elaborados por uma consultora do empreendimento, remetidos para apreciação aos órgãos competentes do Estado e estão datados de Maio e Junho passados;
2. A Câmara Municipal de Alcochete renovou, em 17 de Maio passado, por um novo período de 18 meses, a licença de construção do complexo, prorrogando-a até 25 de Outubro de 2007. Mais adiante voltarei a este assunto;
3. As obras de recuperação e renaturalização do Sítio das Hortas terminaram em Junho último, tal como as de construção da fito-ETAR na Área C do empreendimento (o tal espaço de 132.984m2 que um dia será aberto ao público);
4. À data destes relatórios, os serviços técnicos da Câmara Municipal de Alcochete ainda não se tinham pronunciado sobre o plano de gestão da Área C. Ao contrário do Instituto de Conservação da Natureza, que emitira parecer favorável. Segundo me disse fonte ligada ao processo, a aprovação e execução do plano de gestão são indispensáveis para que a Área C seja acessível ao público;
5. Conclusão expressa nos relatórios: "o acompanhamento ambiental de todos os trabalhos e procedimentos desenvolvidos no complexo têm permitido verificar a minimização de impactes ambientais negativos exptectáveis para um empreendimento desta natureza, bem como o incremento no desempenho global de todas as actividades afectas ao mesmo". Ainda bem.
Voltando ao ponto 2 acima, confesso que me admira. O empreendimento abriu ao público em Junho de 2004 e foi inaugurado – com pompa e circunstância, por príncipes, ministros, autarcas e colunáveis – em Setembro seguinte. Mas, dois anos depois, renova-se a licença de construção. Não por causa da parte comercial mas porque a maior parcela (132.984m2) não estava ainda concluída. Esta é uma área ambiental e sobre as vicissitudes que a rodearam seria interessante que, um dia, alguém se explicasse.
Já agora recordo que em entrevista concedida, em Janeiro passado, ao «Jornal do Montijo», o actual presidente da câmara confessava a "dependência municipal da receita extraordinária oriunda da Freeport, se for concedida a licença de utilização do outlet".
Contudo, quatro meses depois os serviços renovavam a licença de construção por mais 18 meses. Havia dependência dessa receita? Deixou de haver? Quem nos explica?
Em 13 de Janeiro escrevi aqui sobre o assunto, verberando essa declaração do chefe da edilidade porque ao nível do poder local o empreendimento continuava a ser encarado como a vaca leiteira de Alcochete.
Dez meses volvidos, perante novos dados que desconhecia, apetece-me perguntar se a declaração foi fruto do voluntarismo e do entusiasmo das primeiras semanas de mandato.
Creio que a vaca continua a sorrir.
P.S. - Para quem já se esqueceu, talvez seja conveniente reler atentamente este documento.
Previamente à autorização de execução, a lei obriga a que certos planos e projectos sejam submetidos a apreciação pública pelas entidades com poder de decisão. Como a maioria dos cidadãos desconhece dispor de algum poder de influência – até porque, localmente, a "democracia participativa" e a "qualidade da informação, bem como a assistência e apoio aos cidadãos na compreensão das políticas autárquicas" são bazófia eleitoral – nas consultas públicas raramente se colhem reacções. É pena.
Hoje já não está na primeira das páginas acima referenciadas – mas esteve até há dois dias – um tópico respeitante a relatórios de monitorização ambiental elaborados de acordo com o estudo de impacte ambiental de 2002 da "nossa" catedral de consumo Freeport.
Como a democracia electrónica é coisa bonita (em certos órgãos, bem entendido, porque noutros é o que se sabe...), este cidadão pediu e recebeu os relatórios e extraiu deles as seguintes conclusões:
1. Foram elaborados por uma consultora do empreendimento, remetidos para apreciação aos órgãos competentes do Estado e estão datados de Maio e Junho passados;
2. A Câmara Municipal de Alcochete renovou, em 17 de Maio passado, por um novo período de 18 meses, a licença de construção do complexo, prorrogando-a até 25 de Outubro de 2007. Mais adiante voltarei a este assunto;
3. As obras de recuperação e renaturalização do Sítio das Hortas terminaram em Junho último, tal como as de construção da fito-ETAR na Área C do empreendimento (o tal espaço de 132.984m2 que um dia será aberto ao público);
4. À data destes relatórios, os serviços técnicos da Câmara Municipal de Alcochete ainda não se tinham pronunciado sobre o plano de gestão da Área C. Ao contrário do Instituto de Conservação da Natureza, que emitira parecer favorável. Segundo me disse fonte ligada ao processo, a aprovação e execução do plano de gestão são indispensáveis para que a Área C seja acessível ao público;
5. Conclusão expressa nos relatórios: "o acompanhamento ambiental de todos os trabalhos e procedimentos desenvolvidos no complexo têm permitido verificar a minimização de impactes ambientais negativos exptectáveis para um empreendimento desta natureza, bem como o incremento no desempenho global de todas as actividades afectas ao mesmo". Ainda bem.
Voltando ao ponto 2 acima, confesso que me admira. O empreendimento abriu ao público em Junho de 2004 e foi inaugurado – com pompa e circunstância, por príncipes, ministros, autarcas e colunáveis – em Setembro seguinte. Mas, dois anos depois, renova-se a licença de construção. Não por causa da parte comercial mas porque a maior parcela (132.984m2) não estava ainda concluída. Esta é uma área ambiental e sobre as vicissitudes que a rodearam seria interessante que, um dia, alguém se explicasse.
Já agora recordo que em entrevista concedida, em Janeiro passado, ao «Jornal do Montijo», o actual presidente da câmara confessava a "dependência municipal da receita extraordinária oriunda da Freeport, se for concedida a licença de utilização do outlet".
Contudo, quatro meses depois os serviços renovavam a licença de construção por mais 18 meses. Havia dependência dessa receita? Deixou de haver? Quem nos explica?
Em 13 de Janeiro escrevi aqui sobre o assunto, verberando essa declaração do chefe da edilidade porque ao nível do poder local o empreendimento continuava a ser encarado como a vaca leiteira de Alcochete.
Dez meses volvidos, perante novos dados que desconhecia, apetece-me perguntar se a declaração foi fruto do voluntarismo e do entusiasmo das primeiras semanas de mandato.
Creio que a vaca continua a sorrir.
P.S. - Para quem já se esqueceu, talvez seja conveniente reler atentamente este documento.
18 outubro 2006
Alcochete no PIDDAC
As únicas referências a Alcochete no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central para 2007, anexo à proposta de orçamento do Estado, são as constantes da pág. 354 deste documento.
A maior parte do descrito refere-se a compromissos de comparticipação vindos de anos anteriores: construção da biblioteca pública (134.554€), pavilhão desportivo da escola D. Manuel I (5.000€), rotunda junto à academia do Sporting (17.540€) e parque escolar (7.726€).
No actual mandato, o executivo municipal apenas obteve uma comparticipação simbólica de 3.558€ para a remodelação da Rua do Norte, em Alcochete. Na melhor das hipóteses, com esta verba compra-se meio camião de pedra.
Também na pág. 5 deste mapa fica a saber-se que as transferências do Estado para o município, respeitantes a participação nos impostos, ascenderão a 2.858.399€. Este valor é o mesmo de 2006.
Quanto às freguesias, neste documento fica a saber-se que a de Alcochete receberá do Estado 137.392€, a de São Francisco 23.805€ e a de Samouco 35.224€.
Li no programa eleitoral da CDU que os orçamentos municipais passariam a ser elaborados com a participação dos munícipes.
Seguramente li isto: "orçamento participativo, como o instrumento estratégico para a participação alargada dos cidadãos na gestão do município, apostando na transparência e proximidade da Administração Pública em relação aos cidadãos e no aprofundamento da democracia e da cidadania".
Tal como também li isto: "O orçamento participativo é uma iniciativa que visa permitir a participação dos cidadãos na definição das prioridades das Grandes Opções do Plano e Orçamento (GOP’s) da Câmara Municipal e Juntas de Freguesia. As GOP é um instrumento estratégico e determinante da acção do município, no qual se enquadram todas as receitas e despesas das autarquias".
Ainda bem que o prometeram, pois de outro modo jamais se saberia que utilização será dada a mais de 570 mil contos que aterrarão no Largo de São João procedentes da gaveta dos impostos que pagamos ao Terreiro do Paço!
A maior parte do descrito refere-se a compromissos de comparticipação vindos de anos anteriores: construção da biblioteca pública (134.554€), pavilhão desportivo da escola D. Manuel I (5.000€), rotunda junto à academia do Sporting (17.540€) e parque escolar (7.726€).
No actual mandato, o executivo municipal apenas obteve uma comparticipação simbólica de 3.558€ para a remodelação da Rua do Norte, em Alcochete. Na melhor das hipóteses, com esta verba compra-se meio camião de pedra.
Também na pág. 5 deste mapa fica a saber-se que as transferências do Estado para o município, respeitantes a participação nos impostos, ascenderão a 2.858.399€. Este valor é o mesmo de 2006.
Quanto às freguesias, neste documento fica a saber-se que a de Alcochete receberá do Estado 137.392€, a de São Francisco 23.805€ e a de Samouco 35.224€.
Li no programa eleitoral da CDU que os orçamentos municipais passariam a ser elaborados com a participação dos munícipes.
Seguramente li isto: "orçamento participativo, como o instrumento estratégico para a participação alargada dos cidadãos na gestão do município, apostando na transparência e proximidade da Administração Pública em relação aos cidadãos e no aprofundamento da democracia e da cidadania".
Tal como também li isto: "O orçamento participativo é uma iniciativa que visa permitir a participação dos cidadãos na definição das prioridades das Grandes Opções do Plano e Orçamento (GOP’s) da Câmara Municipal e Juntas de Freguesia. As GOP é um instrumento estratégico e determinante da acção do município, no qual se enquadram todas as receitas e despesas das autarquias".
Ainda bem que o prometeram, pois de outro modo jamais se saberia que utilização será dada a mais de 570 mil contos que aterrarão no Largo de São João procedentes da gaveta dos impostos que pagamos ao Terreiro do Paço!
Pode ser legal mas... (2)
Acabei, enfim, por encontrar aqui a actual tabela de taxas cobradas aos utentes da piscina municipal, assunto abordado neste texto precedente (abrir hiperligação no topo, intitulada «Taxas).
Apresento na imagem acima (click sobre ela para ver ampliação legível) a comparação entre os valores actuais e os novos propostos pela câmara.
Num país onde a inflação ronda 2,7% e os aumentos dos funcionários públicos são o que se sabe (1,5% para 2007), deploro o facto do município de Alcochete pretender introduzir aumentos gerais de 5% a 7,5%. E há alguns aumentos bem superiores: da taxa de reinscrição, 12,6%; da emissão de 2.ª via de cartão, 53,8%; de talão descartável, 20%.
Reli as propostas e não encontrei qualquer justificação dos aumentos. Esquecimento?
Da página do sítio da câmara onde localizei as actuais taxas da piscina consta ainda o seguinte acerca da afluência: "Na época 2004/2005, o número de utentes da Piscina Municipal quase triplicou relativamente à época 2001/2002. De 404 utentes, em 2001, a Piscina Municipal passou a receber 1.131, em 2004".
Isto não é estatística, porque nada nos diz sobre o tipo de utilizadores.
17 outubro 2006
Blogue a consultar
Alguém veio visitar «Praia dos Moinhos» recomendado por «A-Sul», blogue ambientalista da margem Sul.
Consultei-o e encontrei textos interessantes sobre matérias de Alcochete.
Já está na lista de referências ao lado e recomendo consulta regular.
Consultei-o e encontrei textos interessantes sobre matérias de Alcochete.
Já está na lista de referências ao lado e recomendo consulta regular.
Alto capital e totalitarismos
Depois do comunismo aparece o fascismo para combater aquele sistema político.
Entre o Ancien Régime e o fascismo não será impossível estabelecer uma ponte: no primeiro havia um elo entre o rei e o súbdito; no segundo o elo é entre o Estado e o capital.
Claro que não eram os conservadores que apoiavam o fascismo porque este é historicamente revolucionário, embora na perspectiva dos comunistas fosse reaccionário.
Também o fascismo não era apoiado pelo capitalismo liberal porque para este quanto menos Estado melhor.
Sedento pelo controlo de novos mercados, era o alto capital que apoiava o fascismo.
O grande inimigo do comunismo é o capitalismo normalizado pelas leis do livre-mercado. No fundo, a luta dos comunistas contra os fascistas é a luta contra o mundo conservador e liberal que crê nas virtualidades do mercado.
O alto capital, esse, cada vez mais foi descobrindo que a igualdade comunista lhe dava garantias muito maiores para o controlo dos mercados mundiais do que o fascismo, razão por que este passa a museu da História.
Entre o Ancien Régime e o fascismo não será impossível estabelecer uma ponte: no primeiro havia um elo entre o rei e o súbdito; no segundo o elo é entre o Estado e o capital.
Claro que não eram os conservadores que apoiavam o fascismo porque este é historicamente revolucionário, embora na perspectiva dos comunistas fosse reaccionário.
Também o fascismo não era apoiado pelo capitalismo liberal porque para este quanto menos Estado melhor.
Sedento pelo controlo de novos mercados, era o alto capital que apoiava o fascismo.
O grande inimigo do comunismo é o capitalismo normalizado pelas leis do livre-mercado. No fundo, a luta dos comunistas contra os fascistas é a luta contra o mundo conservador e liberal que crê nas virtualidades do mercado.
O alto capital, esse, cada vez mais foi descobrindo que a igualdade comunista lhe dava garantias muito maiores para o controlo dos mercados mundiais do que o fascismo, razão por que este passa a museu da História.
16 outubro 2006
Pode ser legal mas...
Por estes dias a câmara de Alcochete submete a discussão pública uma proposta de alteração ao Regulamento de Utilização das Instalações Desportivas Municipais, na parte respeitante à piscina.
Um cidadão que pretenda esclarecer-se acerca do alcance da proposta tem de resolver algumas charadas, nomeadamente a existência de versões distintas no sítio da câmara na Internet e no jornal oficial do Estado.
Na redacção original, o Regulamento de Utilização das Instalações Desportivas Municipais, datado de 2003, no art.º 13.º invoca um anexo com as tabelas das taxas cobradas pela utilização das infra-estruturas desportivas. Contudo, tal anexo está omisso na versão electrónica que pode ser consultada aqui.
É esse regulamento que a câmara pretende agora alterar, na parte respeitante à piscina municipal, pedindo a colaboração dos munícipes na apreciação da proposta.
Da informação publicitada pelo município no seu sítio na Internet, num texto do passado dia 11 (entretanto misteriosamente desaparecido), retirei esta hiperligação remetendo para a nova redacção respeitante à piscina (guardei cópia do documento, não vá também desaparecer). Dela nada consta sobre a nova tabela de taxas a cobrar aos utentes da piscina municipal.
No entanto, essa nova tabela existe e fui encontrá-la num edital inserido neste anexo ao «Diário da República» do passado dia 12 (ver pág. 2), no qual nada se menciona acerca do novo articulado respeitante à utilização da piscina, excepto que a "proposta de alteração poderá ser consultada na Divisão Administrativa da Câmara Municipal (...)".
Para mim esta balbúrdia informativa é estranha. Pode ser legal, mas não é correcta e menos ainda transparente.
Em primeiro lugar, o regulamento de 2003 não deveria estar amputado no sítio da câmara na Internet. Em segundo, se se submete uma proposta a discussão pública a versão integral deve constar de todos os meios que a câmara disponibiliza aos munícipes.
Acerca das novas taxas a cobrar na piscina municipal, como não encontrei em parte alguma a tabela em vigor desde 2003 nem há informação acessível sobre a afluência nos últimos anos, por desconhecimento de dados nada posso sugerir.
O derradeiro relatório da actividade camarária é de 2004 e omite a estatística de afluência à piscina. É estranho, mas o facto poderá ser comprovado por quem o guardou.
A meu ver a câmara fará mal em aumentar as taxas de utilização das instalações desportivas se há declínio de utentes. O património desportivo municipal tem uma função social e qualquer aumento de preços tende a coarctar o acesso de cidadãos com baixos rendimentos. Se as despesas crescem e a procura diminui, as acções correctivas deveriam incidir na despesa e não na receita.
Reparei ainda no n.º 5 do art.º 32.º da proposta de alteração ao Regulamento de Utilização das Instalações Desportivas Municipais/Piscina Municipal, cuja redacção é a seguinte: "Os trabalhadores das autarquias e os seus agregados familiares (incluindo apenas o cônjuge e os filhos), reformados e pensionistas com pensões ou reformas inferiores ao salário mínimo nacional, desde que possuidores de cartão de utente, têm um desconto de 50% sobre as taxas aplicadas, mediante apresentação de documentos comprovativos da sua situação".
Parece-me que a benesse proposta para trabalhadores autárquicos e familiares é herança espiritual do corporativismo salazarista, época em que os funcionários públicos eram uns pobres coitados com ordenados miseráveis e sem direitos reconhecidos.
Hoje não vislumbro fundamentação lógica para esses privilégios, excepto a funcionários dos escalões inferiores de remuneração.
Se o desconto apenas é concedido a munícipes cujas pensões de reforma tenham valor inferior ao salário mínimo nacional, haverá sentido de justiça e lógica social ao generalizá-lo a todos os funcionários autárquicos, inclusive dirigentes, técnicos superiores, técnicos, técnicos profissionais e administrativos?
Bem sei que os funcionários autárquicos e familiares têm peso decisivo em eleições locais, mas duvido que sejam parvos e se iludam facilmente.
Para bem deles, nosso e da autarquia, honrar-se-iam melhor compromissos político-eleitorais mandando a caridadezinha às urtigas e investindo em valorização e formação profissional, subsidiando estudos académicos de nível superior, concedendo bolsas de estudo, flexibilizando horários a trabalhadores-estudantes, etc.
Rótulos:
Câmara Municipal,
Diário da República,
sítio na Internet
13 outubro 2006
Empresas nossas amigas (1)
O desconhecimento mútuo entre cidadãos e empresas é uma estranha realidade em Alcochete.
As empresas não interagem com a comunidade envolvente nem lhe retribuem parte do que dela recebem. E os cidadãos desconhecem tudo sobre as empresas, embora a maioria (ou, muito provavelmente, todas) dê emprego a familiares, amigos e conhecidos. Ao abastecerem-se no mercado local geram também inúmeros empregos indirectos, tal como contribuem para engordar a lauda das receitas municipais.
O Livro Verde para a Responsabilidade Social das Empresas, publicado pela Comissão Europeia, preconiza a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas operações e na interacção das empresas com outras partes interessadas. Na dimensão exterior, o Livro Verde recomenda às empresas que cooperem com a comunidade e tenham em conta a responsabilidade ambiental, o mecenato, etc.
A título de contributo para a tão desejável quanto útil aproximação entre cidadãos e empresas de Alcochete, deixo-vos a primeira de várias pistas que prometo fornecer doravante: o sítio na Internet de uma empresa cujas sede e instalações fabris muitos conhecem exteriormente, embora raros saibam o que produz na nossa terra.
Actualmente é uma empresa de capital totalmente nacional, utiliza algumas tecnolgias de ponta e a sua presença na Web parece-me minimamente esclarecedora. Pena é que nada informe acerca da interacção com a comunidade envolvente.
Espero ajuda com novas ideias e a descoberta de mais exemplos porque, infelizmente, da maioria das empresas pouco é possível saber através da Internet.
Oxalá também as empresas sejam sensíveis a esta mensagem e ajudem a melhorar a informação.
As empresas não interagem com a comunidade envolvente nem lhe retribuem parte do que dela recebem. E os cidadãos desconhecem tudo sobre as empresas, embora a maioria (ou, muito provavelmente, todas) dê emprego a familiares, amigos e conhecidos. Ao abastecerem-se no mercado local geram também inúmeros empregos indirectos, tal como contribuem para engordar a lauda das receitas municipais.
O Livro Verde para a Responsabilidade Social das Empresas, publicado pela Comissão Europeia, preconiza a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas operações e na interacção das empresas com outras partes interessadas. Na dimensão exterior, o Livro Verde recomenda às empresas que cooperem com a comunidade e tenham em conta a responsabilidade ambiental, o mecenato, etc.
A título de contributo para a tão desejável quanto útil aproximação entre cidadãos e empresas de Alcochete, deixo-vos a primeira de várias pistas que prometo fornecer doravante: o sítio na Internet de uma empresa cujas sede e instalações fabris muitos conhecem exteriormente, embora raros saibam o que produz na nossa terra.
Actualmente é uma empresa de capital totalmente nacional, utiliza algumas tecnolgias de ponta e a sua presença na Web parece-me minimamente esclarecedora. Pena é que nada informe acerca da interacção com a comunidade envolvente.
Espero ajuda com novas ideias e a descoberta de mais exemplos porque, infelizmente, da maioria das empresas pouco é possível saber através da Internet.
Oxalá também as empresas sejam sensíveis a esta mensagem e ajudem a melhorar a informação.
Não me admira
Dei uma volta por Alcochete e não vi um único sinal de protesto contra o encerramento das urgências do hospital de Montijo. Fiz o mesmo no centro desta cidade e deparei com raros e muito dispersos panos e plásticos negros, símbolos de adesão à campanha da autodenominada Comissão de Utentes da Saúde de Alcochete/Montijo.
"O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e...fica como sempre...na mesma" (Rafael Bordalo Pinheiro).
Assim se vê a força do PC!
O povo é quem mais ordena!
"O Zé Povinho olha para um lado e para o outro e...fica como sempre...na mesma" (Rafael Bordalo Pinheiro).
Assim se vê a força do PC!
O povo é quem mais ordena!
Este sim, é exemplar
Este autarca da região de Montalegre é exemplar. Enquanto uns fazem a festa, deitam os foguetes e apanham as canas – tudo com o nosso dinheiro – este paga o museu local com o ordenado de presidente da Junta de Freguesia de Pitões das Júnias.
Porque a freguesia tem somente 226 habitantes, este autarca devía ser convidado a descer à beira-rio para dar uma lição nos Paços do Concelho de Alcochete, durante uma sessão da Assembleia Municipal.
Porque a freguesia tem somente 226 habitantes, este autarca devía ser convidado a descer à beira-rio para dar uma lição nos Paços do Concelho de Alcochete, durante uma sessão da Assembleia Municipal.
12 outubro 2006
As esquerdas e o Islamismo
Alguém é capaz de negar, sem ferir a própria honestidade intelectual, que as esquerdas, à escala planetária, mantêm uma aliança estratégica com o Islamismo? (Desde já esclareço, para prevenir um ou outro leitor, que o Islamismo é uma ideologia política e o Islão uma confissão religiosa).
A aliança estratégica, para almejar fins prévia e muito bem definidos, põe na prateleira contradições abissais que receberiam resolução depois de atingidas as grandes metas.
Ora uma das grandes metas é o Governo Mundial cujo instrumento de consecução mais visível é a ONU. Acham os meus leitores que o peso maior nesta organização é de liberais e conservadores?
Mas permitam que eu regrida ao que no fundo vos quero dizer. Vemos as esquerdas em toda a parte a apoiar, por exemplo, o casamento entre homossexuais. (Corro a esclarecer que sou a favor de uma figura jurídica que resolva o companheirismo homossexual para salvaguardar interesses de herança, entre outros. De facto não é justo que um homossexual, desprezado pela família, veja um ou mais elementos desta como herdeiros do património que inteligente e honestamente angariou, ficando o companheiro de uma vida inteira a ver navios).
Retomando de novo o fio da meada. Caso as ideologias de raiz marxista triunfassem por todo o mundo, como seria possível conciliar o apoio destas aos ditos casamentos entre homossexuais e a lei do Islão, isto é, a Sharia? Impossível! Todos o sabem, no Islão, ao contrário da situação na cultura ocidental, não há uma separação entre religião e direito.
Apenas me referi aos casamentos entre homossexuais. Mas poderíamos perguntar qual a posição da Sharia sobre o aborto, o feminismo em geral, a igualdade de género em particular, etc.
O conjunto das esquerdas, cuja parafilia mais entranhada é a libido dominandi, para a consecução dos fins nunca olhou a meios, fossem eles quais fossem!
A aliança estratégica, para almejar fins prévia e muito bem definidos, põe na prateleira contradições abissais que receberiam resolução depois de atingidas as grandes metas.
Ora uma das grandes metas é o Governo Mundial cujo instrumento de consecução mais visível é a ONU. Acham os meus leitores que o peso maior nesta organização é de liberais e conservadores?
Mas permitam que eu regrida ao que no fundo vos quero dizer. Vemos as esquerdas em toda a parte a apoiar, por exemplo, o casamento entre homossexuais. (Corro a esclarecer que sou a favor de uma figura jurídica que resolva o companheirismo homossexual para salvaguardar interesses de herança, entre outros. De facto não é justo que um homossexual, desprezado pela família, veja um ou mais elementos desta como herdeiros do património que inteligente e honestamente angariou, ficando o companheiro de uma vida inteira a ver navios).
Retomando de novo o fio da meada. Caso as ideologias de raiz marxista triunfassem por todo o mundo, como seria possível conciliar o apoio destas aos ditos casamentos entre homossexuais e a lei do Islão, isto é, a Sharia? Impossível! Todos o sabem, no Islão, ao contrário da situação na cultura ocidental, não há uma separação entre religião e direito.
Apenas me referi aos casamentos entre homossexuais. Mas poderíamos perguntar qual a posição da Sharia sobre o aborto, o feminismo em geral, a igualdade de género em particular, etc.
O conjunto das esquerdas, cuja parafilia mais entranhada é a libido dominandi, para a consecução dos fins nunca olhou a meios, fossem eles quais fossem!
Ambiente de mal a pior
Se até agora havia poucos ou nenhuns motivos de satisfação acerca do trabalho do Instituto de Conservação da Natureza em Alcochete, a fazer fé nesta notícia imaginem o que sucederá no futuro à Reserva Natural do Estuário do Tejo.
Vai ser um fartar vilanagem.
Se nem com a sede da RNET em Alcochete conseguiram pôr à disposição dos interessados no contacto com a Natureza a área de lazer do Freeport (a "famosa" Área C), daqui em diante percam as esperanças de que aqueles 132.984m2 sejam "nossos" na actual geração.
A quem já se esqueceu das promessas feitas no ano de 2002, recomendo a leitura atenta deste documento.
Vai ser um fartar vilanagem.
Se nem com a sede da RNET em Alcochete conseguiram pôr à disposição dos interessados no contacto com a Natureza a área de lazer do Freeport (a "famosa" Área C), daqui em diante percam as esperanças de que aqueles 132.984m2 sejam "nossos" na actual geração.
A quem já se esqueceu das promessas feitas no ano de 2002, recomendo a leitura atenta deste documento.
Grua voou enfim
Após quatro artigos publicados neste blogue e intitulados «A grua não sabe voar» – o último dos quais inserido há um mês (está aqui) – a grua de construção civil "esquecida" entre o Centro de Saúde e o quartel dos bombeiros de Alcochete foi, enfim, desmontada.
É uma causa a menos na nossa lista de assuntos pendentes, que será actualizada no final do mês.
Vale sempre a pena estar atento ao que nos rodeia.
11 outubro 2006
Há medo, sim
Parece-me que isto tem algo a ver com os alcochetanos e não resisto a chamar a atenção para palavras desassombradas de um "senador" socialista.
É a segunda vez – a primeira foi há uns anos, quando Mário Soares incitou os portugueses a usarem o "direito à indignação" – que me revejo em afirmações de "senadores" do PS.
Fiquei sensibilizado com as palavras de Manuel Alegre, tanto mais que delas tomei conhecimento no mesmo dia em que li esta e esta notícias.
Começa a parecer-me que, ao reduzir os rendimentos dos pensionistas e cortar cegamente na saúde, o Governo está apostado em matar os velhos o mais depressa possível. Era só o que nos faltava, depois das empresas terem andado, durante anos e com o beneplácito do poder, a mandar para casa o pessoal de cabelos brancos.
Acho que a oposição, demasiado ocupada com o seu umbigo, perdeu qualquer capacidade de "partir a loiça" e de mobilizar os cidadãos contra o socialismo neoliberal.
É a segunda vez – a primeira foi há uns anos, quando Mário Soares incitou os portugueses a usarem o "direito à indignação" – que me revejo em afirmações de "senadores" do PS.
Fiquei sensibilizado com as palavras de Manuel Alegre, tanto mais que delas tomei conhecimento no mesmo dia em que li esta e esta notícias.
Começa a parecer-me que, ao reduzir os rendimentos dos pensionistas e cortar cegamente na saúde, o Governo está apostado em matar os velhos o mais depressa possível. Era só o que nos faltava, depois das empresas terem andado, durante anos e com o beneplácito do poder, a mandar para casa o pessoal de cabelos brancos.
Acho que a oposição, demasiado ocupada com o seu umbigo, perdeu qualquer capacidade de "partir a loiça" e de mobilizar os cidadãos contra o socialismo neoliberal.
Água: expliquem-se
Estive a ler este relatório do Instituto Regulador da Água e Resíduos, respeitante ao ano de 2004, e reparei que três análises à água de consumo humano, realizadas na freguesia de Alcochete, violavam os valores-padrão legalmente definidos.
Como as amostras são colhidas em vários locais pré-determinados, compreendendo captações, depósitos e torneiras de abastecimento, pode a câmara explicar-nos:
1. Qual o motivo que a impede de publicar, no seu sítio na Internet, informação detalhada sobre os resultados das análises regularmente realizadas à água de consumo, tanto mais que a lei obriga a comunicação pública trimestral?
2. Concretamente, quais as violações ocorridas em 2004 face aos valores-padrão legalmente definidos e que medidas foram tomadas?
Gostava de poder continuar descansado, embora seja difícil enquanto não houver comunicação municipal facilmente acessível e o relatório do IRAR sair dois anos depois.
10 outubro 2006
É a modernização, estúpido!
Esta li aqui e não é para rir:
"No âmbito do Programa de Apoio à Modernização Associativa, a Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a atribuição de um subsídio de € 1.000,00 ao Núcleo Sportinguista de Alcochete para apoio à aquisição de ar condicionado, reclamo luminoso e televisão".
E esta está ali e foi datada três dias antes daquela:
"...conclui-se e reitera-se que a situação financeira da Câmara Municipal de Alcochete apresenta contornos de extrema gravidade, condicionando, assim, a respectiva actividade e impondo, ainda, a continuidade da implementação de medidas políticas conducentes à sua superação".
Alô dragões, panteras, pastéis de Belém e outra bicharada deste zoo: reclamem a vossa quota-parte do Programa de Apoio à Modernização Associativa antes que acabe o défice oculto na Casa da Malta Municipal!
P.S. - É para aí a segunda ou terceira vez que as "mentes brilhantes" resumem a informação sobre uma reunião pública do executivo municipal à distribuição de subsídios.
Se institucionalmente apenas isso é relevante, não precisamos de autarcas nem de funcionários públicos. O Estado entrega o dinheiro da autarquia à Misericórdia ou ao padre da freguesia e eles tratam do bodo.
Primeiro, o provedor e o sacristão não são remunerados. Segundo, em 31 meses acabaria o défice!
"No âmbito do Programa de Apoio à Modernização Associativa, a Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, a atribuição de um subsídio de € 1.000,00 ao Núcleo Sportinguista de Alcochete para apoio à aquisição de ar condicionado, reclamo luminoso e televisão".
E esta está ali e foi datada três dias antes daquela:
"...conclui-se e reitera-se que a situação financeira da Câmara Municipal de Alcochete apresenta contornos de extrema gravidade, condicionando, assim, a respectiva actividade e impondo, ainda, a continuidade da implementação de medidas políticas conducentes à sua superação".
Alô dragões, panteras, pastéis de Belém e outra bicharada deste zoo: reclamem a vossa quota-parte do Programa de Apoio à Modernização Associativa antes que acabe o défice oculto na Casa da Malta Municipal!
P.S. - É para aí a segunda ou terceira vez que as "mentes brilhantes" resumem a informação sobre uma reunião pública do executivo municipal à distribuição de subsídios.
Se institucionalmente apenas isso é relevante, não precisamos de autarcas nem de funcionários públicos. O Estado entrega o dinheiro da autarquia à Misericórdia ou ao padre da freguesia e eles tratam do bodo.
Primeiro, o provedor e o sacristão não são remunerados. Segundo, em 31 meses acabaria o défice!
09 outubro 2006
João Marafuga a Luís Proença (3)
Resposta ao comentário de Luís Proença em "Nazismo e comunismo".
De facto, a salvação para os gnósticos está no "conhecimento" tal como para os homens e mulheres sem Deus nos dias de hoje.
O pecado de Adão e Eva (Humanidade), quero dizer, o pecado original (criminalidade hereditária) assenta exactamente naquele conhecimento humano que erradica Deus da vida do homem.
Quanto a mim, a salvação está em Cristo, no Verbo encarnado, isto é, no sentido que engloba tudo e segue para lá de tudo infinitamente. Sim, porque eu penso que urge afirmar Cristo se não nos quisermos materializar na voragem de um mero imanentismo assassino do homem.
Diz bem o sr Proença: «...o gnosticismo assenta[...] na concepção dual do homem...». Na verdade, o gnosticismo já deve muito a Platão, a saber, ao Platão do Alcibíades. Neste diálogo defende-se que o homem é uma alma que se serve de um corpo. O gnóstico defendia mesmo que se com Deus fosse um, poderia entregar-se aos maiores crimes deste mundo porque isso não lhe afectaria a alma. É aqui que Eric Voegelin também vê a génese da idiossincrasia do ditador totalitário do séc. XX. Neste, Deus será substituído por uma ideologia, por um partido político, pela luta de classes, etc.
Para o gnóstico, sempre de estrutura mental dualista, tanto o Bem como o Mal são absolutos. O mundo é mau porque foi criado por um deus inferior (demiurgo), a matéria é má, o homem é mau. Só os espirituais (pneumáticos) se salvam. Nisto, também Eric Voegelin descortina a raiz do pessimismo e ódio dos execráveis ditadores do séc. passado. De facto, a descrença no homem por parte de muitos doentes que governaram a Humanidade até há bem pouco tempo foi o arranque para o extermínio em massa.
O Mal advém da regressão ao animal, isto é, de uma rendição abjecta a um tempo desespiritualizado. Eis-nos perante a imanência que se recusa a ser cruzada pela transcendência. Aquela e esta separadas não interessam ao homem. Se as unirmos, reganhamos o equilíbrio cujo símbolo mais excelso é a Cruz de Jesus Cristo.
Sem que o sr. Proença consiga surpreender-me minimamente, lê-se um pouco mais à frente no seu comentário: «...o que me interessa particularmente é a necessidade crescente de promover o gnosticismo na nossa sociedade». E pronto, cá estou eu, talvez, com a minha primeira passagem contundente. Sr. Proença, filie-se no Partido Comunista. Esta organização política presta-se à saciedade para a consecução do seu projecto. Mas se achar que o comunismo é veste excessivamente berrante para si, garanto que no Partido Socialista lhe poderão reservar um cantinho suficientemente amplo para bater e dar asas ao seu plano de salvação do mundo.
A seguir, surpreendente e anaforicamente, escreve o sr. Proença: «preocupa-me a secularização crescente da nossa sociedade. [...] preocupa-me [...] a falsificação e confusão dos valores que dominam as almas hoje em dia. [...] ...preocupa-me [...] a perda e confusão de valores que hoje caracteriza a nossa sociedade». Mas quem para melhorar um doente lhe dá um veneno letal? É o que o sr. Proença quer fazer: para melhorar a sociedade propõe como remédio o gnosticismo, sem ver que ele é a antecâmara da Era Moderna que deserdou o homem do Valor supremo, fonte de todos os valores. Desde quando é que o homem pode ser valor do homem? Haverá ilusão mais insolente?
E para meu espanto, o sr Proença culpa a Igreja Católica da desorientação contemporânea, esquecendo-se da luta de vida ou morte da Patrística contra o gnosticismo e do longo Concílio de Trento (séc. XVI) contra a Reforma luterana, também esta devedora da inspiração gnóstica.
A Igreja é santa, mas também pecadora, tal como nenhum santo foi incólume ao pecado, mas a verdade é que o saldo dela ao longo de 2000 anos de história é positivo. E não olhemos só para os defeitos para não nos revelarmos a nós próprios.
Será possível projectar uma história da Civilização Ocidental sem referência à Igreja? A história desta não é boa parte da história do Ocidente? O grande problema para muitos é que a Igreja não vergará facilmente perante os planos de escravização e animalização do homem avançados por forças marxistas pintadas de variadíssimas cores, muitas delas suaves. Eis porque cada vez é maior o ódio à Igreja e o crescendo dos ataques vem de todo o lado. Mas se ela erguer bem alto e denodadamente a Cruz de Jesus Cristo, vencerá.
Que história é essa do "Mestre Interior"? Alguma justificação para eu fazer o que me dá na real gana? Então não se vê que o subterfúgio do "Mestre Interior" esconde a centralidade do homem...a exaltação do eu?
O meu mestre é Cristo, Acto de Deus, o Verbo encarnado desde toda a Eternidade, revelado ao mundo pelo Evangelho da Cruz.
A guardiã da Cruz é a Igreja Católica mais a tradição que ela reconhece.
De facto, a salvação para os gnósticos está no "conhecimento" tal como para os homens e mulheres sem Deus nos dias de hoje.
O pecado de Adão e Eva (Humanidade), quero dizer, o pecado original (criminalidade hereditária) assenta exactamente naquele conhecimento humano que erradica Deus da vida do homem.
Quanto a mim, a salvação está em Cristo, no Verbo encarnado, isto é, no sentido que engloba tudo e segue para lá de tudo infinitamente. Sim, porque eu penso que urge afirmar Cristo se não nos quisermos materializar na voragem de um mero imanentismo assassino do homem.
Diz bem o sr Proença: «...o gnosticismo assenta[...] na concepção dual do homem...». Na verdade, o gnosticismo já deve muito a Platão, a saber, ao Platão do Alcibíades. Neste diálogo defende-se que o homem é uma alma que se serve de um corpo. O gnóstico defendia mesmo que se com Deus fosse um, poderia entregar-se aos maiores crimes deste mundo porque isso não lhe afectaria a alma. É aqui que Eric Voegelin também vê a génese da idiossincrasia do ditador totalitário do séc. XX. Neste, Deus será substituído por uma ideologia, por um partido político, pela luta de classes, etc.
Para o gnóstico, sempre de estrutura mental dualista, tanto o Bem como o Mal são absolutos. O mundo é mau porque foi criado por um deus inferior (demiurgo), a matéria é má, o homem é mau. Só os espirituais (pneumáticos) se salvam. Nisto, também Eric Voegelin descortina a raiz do pessimismo e ódio dos execráveis ditadores do séc. passado. De facto, a descrença no homem por parte de muitos doentes que governaram a Humanidade até há bem pouco tempo foi o arranque para o extermínio em massa.
O Mal advém da regressão ao animal, isto é, de uma rendição abjecta a um tempo desespiritualizado. Eis-nos perante a imanência que se recusa a ser cruzada pela transcendência. Aquela e esta separadas não interessam ao homem. Se as unirmos, reganhamos o equilíbrio cujo símbolo mais excelso é a Cruz de Jesus Cristo.
Sem que o sr. Proença consiga surpreender-me minimamente, lê-se um pouco mais à frente no seu comentário: «...o que me interessa particularmente é a necessidade crescente de promover o gnosticismo na nossa sociedade». E pronto, cá estou eu, talvez, com a minha primeira passagem contundente. Sr. Proença, filie-se no Partido Comunista. Esta organização política presta-se à saciedade para a consecução do seu projecto. Mas se achar que o comunismo é veste excessivamente berrante para si, garanto que no Partido Socialista lhe poderão reservar um cantinho suficientemente amplo para bater e dar asas ao seu plano de salvação do mundo.
A seguir, surpreendente e anaforicamente, escreve o sr. Proença: «preocupa-me a secularização crescente da nossa sociedade. [...] preocupa-me [...] a falsificação e confusão dos valores que dominam as almas hoje em dia. [...] ...preocupa-me [...] a perda e confusão de valores que hoje caracteriza a nossa sociedade». Mas quem para melhorar um doente lhe dá um veneno letal? É o que o sr. Proença quer fazer: para melhorar a sociedade propõe como remédio o gnosticismo, sem ver que ele é a antecâmara da Era Moderna que deserdou o homem do Valor supremo, fonte de todos os valores. Desde quando é que o homem pode ser valor do homem? Haverá ilusão mais insolente?
E para meu espanto, o sr Proença culpa a Igreja Católica da desorientação contemporânea, esquecendo-se da luta de vida ou morte da Patrística contra o gnosticismo e do longo Concílio de Trento (séc. XVI) contra a Reforma luterana, também esta devedora da inspiração gnóstica.
A Igreja é santa, mas também pecadora, tal como nenhum santo foi incólume ao pecado, mas a verdade é que o saldo dela ao longo de 2000 anos de história é positivo. E não olhemos só para os defeitos para não nos revelarmos a nós próprios.
Será possível projectar uma história da Civilização Ocidental sem referência à Igreja? A história desta não é boa parte da história do Ocidente? O grande problema para muitos é que a Igreja não vergará facilmente perante os planos de escravização e animalização do homem avançados por forças marxistas pintadas de variadíssimas cores, muitas delas suaves. Eis porque cada vez é maior o ódio à Igreja e o crescendo dos ataques vem de todo o lado. Mas se ela erguer bem alto e denodadamente a Cruz de Jesus Cristo, vencerá.
Que história é essa do "Mestre Interior"? Alguma justificação para eu fazer o que me dá na real gana? Então não se vê que o subterfúgio do "Mestre Interior" esconde a centralidade do homem...a exaltação do eu?
O meu mestre é Cristo, Acto de Deus, o Verbo encarnado desde toda a Eternidade, revelado ao mundo pelo Evangelho da Cruz.
A guardiã da Cruz é a Igreja Católica mais a tradição que ela reconhece.
08 outubro 2006
PS encerrado não se compromete
Não podemos saber o que pensa a Comissão Política do PS de Alcochete porque foi dissolvida.
O PS local encerrou há meses para "remodelação" e o processo terá encalhado numa qualquer gaveta funda.
Até o sítio na Internet ficou bloqueado há um ano.
O PS local encerrou há meses para "remodelação" e o processo terá encalhado numa qualquer gaveta funda.
Até o sítio na Internet ficou bloqueado há um ano.
Pensar não ofende
Não gosto da pessoa em destaque nesta notícia mas, como sucede tantas vezes, lembrei-me de Alcochete ao lê-la.
No concelho de Alcochete temos não um mas dois centros históricos que há muito deveriam ser condomínios fechados, com comércio florescente e animado, mais gente na rua e qualidade de vida.
Aos fins-de-semana e feriados, pelo menos, é imperativo que a medida seja introduzida quanto antes, sob pena de o comércio acabar de vez por falta de clientes.
No entanto, quem dirige o poder local tem falta de tempo ou de imaginação para enfrentar um problema cuja resolução não é inteiramente condicionada pela escassez de dinheiro no cofre.
Todos conhecemos vilas e cidades portuguesas onde, com pouco dinheiro e muito realismo, o comércio se desenvolveu e diversificou em arruamentos reservados a peões com motivos de atracção.
No concelho de Alcochete temos não um mas dois centros históricos que há muito deveriam ser condomínios fechados, com comércio florescente e animado, mais gente na rua e qualidade de vida.
Aos fins-de-semana e feriados, pelo menos, é imperativo que a medida seja introduzida quanto antes, sob pena de o comércio acabar de vez por falta de clientes.
No entanto, quem dirige o poder local tem falta de tempo ou de imaginação para enfrentar um problema cuja resolução não é inteiramente condicionada pela escassez de dinheiro no cofre.
Todos conhecemos vilas e cidades portuguesas onde, com pouco dinheiro e muito realismo, o comércio se desenvolveu e diversificou em arruamentos reservados a peões com motivos de atracção.
E nós?
Quem escreveu isto, há seis meses, só pode desejar que este exemplo seja copiado cá. E depressa, porque paredes sujas e painéis publicitários fora-da-lei é o que não falta.
07 outubro 2006
Questão política ou factos que a justiça deve julgar? (3)
Tendo escrito isto, isto e isto há muitos meses, li agora este comunicado da câmara de Alcochete com indiferença. Encaro-o como desculpa esfarrapada de quem prometeu muito sem a aparente noção dos meios financeiros existentes.
Se tinha essa noção, faltou à verdade; se não a tinha, iludiu despudoradamente.
Em qualquer dos casos, resulta evidente que a última campanha eleitoral autárquica em Alcochete terá sido pouco séria.
É tempo de os protagonistas extrairem as consequentes ilações políticas, uma vez que o povo só daqui a três anos terá nova oportunidade de os julgar.
Reafirmo que os 34 autarcas eleitos no mandato anterior – a maioria dos quais continua em funções, na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal – devem-nos explicações, em nome da seriedade exigida a quem assume cargos públicos: tinham ou não informação suficiente acerca da situação financeira da autarquia?
Citando o Chefe do Estado, no discurso proferido na cerimónia evocativa da implantação da República, "é tempo de nos tornarmos mais exigentes perante a democracia que temos. É tempo de nos preocuparmos com a qualidade da nossa democracia".
Tal como Cavaco Silva, também eu penso que o "comportamento ético" de "alguns daqueles que são chamados a desempenhar cargos de relevo nem sempre tem correspondido ao modelo ideal de civismo republicano".
A propósito do passivo da câmara, um ano depois só me interessam duas coisas: saber se os responsáveis se demitem ou são demitidos.
Até hoje não vi uma coisa nem outra.
O resto é conversa mole. Porque os passivos – visíveis ou ocultos, de curto, médio ou longo prazo – são sempre pagos pelas vítimas do costume: NÓS!
Se tinha essa noção, faltou à verdade; se não a tinha, iludiu despudoradamente.
Em qualquer dos casos, resulta evidente que a última campanha eleitoral autárquica em Alcochete terá sido pouco séria.
É tempo de os protagonistas extrairem as consequentes ilações políticas, uma vez que o povo só daqui a três anos terá nova oportunidade de os julgar.
Reafirmo que os 34 autarcas eleitos no mandato anterior – a maioria dos quais continua em funções, na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal – devem-nos explicações, em nome da seriedade exigida a quem assume cargos públicos: tinham ou não informação suficiente acerca da situação financeira da autarquia?
Citando o Chefe do Estado, no discurso proferido na cerimónia evocativa da implantação da República, "é tempo de nos tornarmos mais exigentes perante a democracia que temos. É tempo de nos preocuparmos com a qualidade da nossa democracia".
Tal como Cavaco Silva, também eu penso que o "comportamento ético" de "alguns daqueles que são chamados a desempenhar cargos de relevo nem sempre tem correspondido ao modelo ideal de civismo republicano".
A propósito do passivo da câmara, um ano depois só me interessam duas coisas: saber se os responsáveis se demitem ou são demitidos.
Até hoje não vi uma coisa nem outra.
O resto é conversa mole. Porque os passivos – visíveis ou ocultos, de curto, médio ou longo prazo – são sempre pagos pelas vítimas do costume: NÓS!
Rótulos:
Assembleia Municipal,
autarcas,
Câmara Municipal,
poder local,
política
De filhos da sociedade a filhos do papão
Os filhos cada vez são mais da sociedade e menos dos pais porque a autoridade destes é cerceada em todas as frentes com a cumplicidade dos Governos.
Tudo e todos fora de casa distraem os jovens com o nada. A compreensível irreverência da juventude dá lugar à estupidez que cada vez tem menos freio. Os teenagers não respeitam as instituições senão que estas se curvam àqueles. Os mestres já acabaram há muito. Os professores estão em vias de extinção. A escola perde o seu significado. Eis-nos perante a antecâmara do grande projecto para o mundo inteiro.
Amanhã, preparadinha a superfície, poderá emergir das catacumbas o Papão omnipotente, acusar cinicamente os pais da perca de toda a capacidade para encarregados de educação das criancinhas e propor o regresso a qualquer modelo espartanizado.
Tudo e todos fora de casa distraem os jovens com o nada. A compreensível irreverência da juventude dá lugar à estupidez que cada vez tem menos freio. Os teenagers não respeitam as instituições senão que estas se curvam àqueles. Os mestres já acabaram há muito. Os professores estão em vias de extinção. A escola perde o seu significado. Eis-nos perante a antecâmara do grande projecto para o mundo inteiro.
Amanhã, preparadinha a superfície, poderá emergir das catacumbas o Papão omnipotente, acusar cinicamente os pais da perca de toda a capacidade para encarregados de educação das criancinhas e propor o regresso a qualquer modelo espartanizado.
06 outubro 2006
Não e não
Não sei quem inventou e dinamiza a autodenominada Comissão de Utentes da Saúde de Alcochete/Montijo, de cuja representatividade e democraticidade desconheço tudo, mas desconfio que começa a agir mal.
Uma concentração, mesmo pacífica, junto a um hospital? Que culpa têm os doentes e utentes do encerramento das urgências do hospital de Montijo?
Cortes de estrada? Que culpa têm os automobilistas do encerramento das urgências do hospital de Montijo?
Vá lá, usem a imaginação. Não é necessário reinventar a roda.
Uma concentração, mesmo pacífica, junto a um hospital? Que culpa têm os doentes e utentes do encerramento das urgências do hospital de Montijo?
Cortes de estrada? Que culpa têm os automobilistas do encerramento das urgências do hospital de Montijo?
Vá lá, usem a imaginação. Não é necessário reinventar a roda.
Assim, sim
Eu que tenho criticado este executivo camarário pela opacidade – inexistência de informação institucional, de esclarecimento e de diálogo nos órgãos municipais que somos obrigados a pagar – não posso deixar de assinalar isto como positivo.
Contudo, precisamos de muito mais. Os munícipes têm direito à verdade.
Contudo, precisamos de muito mais. Os munícipes têm direito à verdade.
Nazismo e comunismo
Desde há muito tempo que venho dizendo neste blog que nazismo e comunismo são dois ramos do mesmo tronco. Faço esta afirmação convictamente porque compreendi a mensagem de variadíssimos autores sobre as afinidades dos totalitarismos do séc. XX. De todos os que se debruçaram sobre esta matéria por mim estudados, Eric Voegelin (1901-1985), um dos mais originais e influentes filósofos do nosso tempo, é o mais arrasador.
O mais engraçado é que nenhum dos meus críticos, mesmo os mais cáusticos, ousou alguma vez refutar a minha afirmação de que nazismo e comunismo são duas faces da mesma moeda.
Mas agora onde é que eu quero chegar?
Com muitíssima frequência nós vemos o comunismo a denunciar o nazismo pelos crimes deste contra a humanidade. Que se pretende com isto?
Os comunistas, acusando os nazis, outra coisa não pretendem senão distrair o mundo dos próprios crimes.
Não há especialista nenhum das Europas e Américas que não responsabilize os comunistas por 100 milhões de mortos em todo o mundo no séc. XX.
O mais engraçado é que nenhum dos meus críticos, mesmo os mais cáusticos, ousou alguma vez refutar a minha afirmação de que nazismo e comunismo são duas faces da mesma moeda.
Mas agora onde é que eu quero chegar?
Com muitíssima frequência nós vemos o comunismo a denunciar o nazismo pelos crimes deste contra a humanidade. Que se pretende com isto?
Os comunistas, acusando os nazis, outra coisa não pretendem senão distrair o mundo dos próprios crimes.
Não há especialista nenhum das Europas e Américas que não responsabilize os comunistas por 100 milhões de mortos em todo o mundo no séc. XX.
Cheira-me a esturro
Algumas notas a propósito disto e disto, bem como de algo relacionado que li noutras fontes, notícias que vão escorrendo aos bochechos "pour empâter la bourgeoisie".
Oxalá me engane mas desconfio que este súbito afã informativo sobre um plano estratégico de turismo prenuncia na melhor das hipóteses (ou na pior, depende da perspectiva) mais "betonização".
Eu sei (e muita gente também sabe) que a construção de três hotéis nas antigas secas de bacalhau é projecto mais antigo que o PDM de Alcochete e que o arranjo dos acessos e do espaço circundante do fórum cultural encalhou há, pelo menos, dois anos.
Eu sei (e muita gente também sabe) haver outros projectos turísticos privados, um dos quais de grande envergadura e cujos planos andam de Herodes para Pilatos há muitos anos.
Contudo, nenhum do planos urbanísticos ou paisagísticos mencionados nas notícias recentes potencia, no curto prazo, qualquer empreendimento privado, seja ele hotel ou aldeamento turístico. Tanto mais que a maioria das obras descritas nada tem a ver com turismo mas com requalificação ambiental.
Para mim estas notícias são mistificação. E, ainda por cima, requentadas porque nada do que delas consta é anunciado pela primeira vez. Mas nunca se passou disso, infelizmente.
Oxalá me engane mas desconfio que este súbito afã informativo sobre um plano estratégico de turismo prenuncia na melhor das hipóteses (ou na pior, depende da perspectiva) mais "betonização".
Eu sei (e muita gente também sabe) que a construção de três hotéis nas antigas secas de bacalhau é projecto mais antigo que o PDM de Alcochete e que o arranjo dos acessos e do espaço circundante do fórum cultural encalhou há, pelo menos, dois anos.
Eu sei (e muita gente também sabe) haver outros projectos turísticos privados, um dos quais de grande envergadura e cujos planos andam de Herodes para Pilatos há muitos anos.
Contudo, nenhum do planos urbanísticos ou paisagísticos mencionados nas notícias recentes potencia, no curto prazo, qualquer empreendimento privado, seja ele hotel ou aldeamento turístico. Tanto mais que a maioria das obras descritas nada tem a ver com turismo mas com requalificação ambiental.
Para mim estas notícias são mistificação. E, ainda por cima, requentadas porque nada do que delas consta é anunciado pela primeira vez. Mas nunca se passou disso, infelizmente.
05 outubro 2006
Deveis obedecer ao presidente
Vamos então lutar contra a corrupção e pela moralização da vida pública.
Começamos aqui ou o exemplo tem de vir do Terreiro do Paço?
E pegamos em que ponta: na da corrupção ou na da moralização da vida pública?
É que, se começarmos pela corrupção, da vida pública não ficará pedra sobre pedra. Mas se principiarmos pela moralização da vida pública, a corrupção acaba.
Alguém quer dar o pontapé de saída?
Começamos aqui ou o exemplo tem de vir do Terreiro do Paço?
E pegamos em que ponta: na da corrupção ou na da moralização da vida pública?
É que, se começarmos pela corrupção, da vida pública não ficará pedra sobre pedra. Mas se principiarmos pela moralização da vida pública, a corrupção acaba.
Alguém quer dar o pontapé de saída?
Da unidade das esquerdas no mundo
A ideia de que a esquerda portuguesa é diferente da brasileira e esta da americana, etc., é uma fortíssima alienação ao serviço do projecto de todas as esquertdas em todos os continentes.
É a conjuntura de cada lugar que matiza as esquerdas "autóctones", mas a estratégia é só uma à escala planetária: destruir radicalmente a macro-estrutura civilizacional do ocidente que vem de há dois mil anos e sobrepor outra que não se vislumbra qual seja porque submerge a realidade. Mas que aprendo eu com Raimon Panikkar na obra cuja referência bibliográfica está no post imediatamente anterior? Que «...nenhuma excomunhão total é verdadeira na esfera do real».
No marxismo, filosofia do comunismo, o real é truncado porque a oferta ao homem é meramente imanente. O transcendente (ente supra-sensível no dizer de Heidegger em Carta sobre o Humanismo) é excomungado. Com esta operação de engenharia ideológica não estamos perante a destruição da estrutura mais intrínseca do homem?
É a conjuntura de cada lugar que matiza as esquerdas "autóctones", mas a estratégia é só uma à escala planetária: destruir radicalmente a macro-estrutura civilizacional do ocidente que vem de há dois mil anos e sobrepor outra que não se vislumbra qual seja porque submerge a realidade. Mas que aprendo eu com Raimon Panikkar na obra cuja referência bibliográfica está no post imediatamente anterior? Que «...nenhuma excomunhão total é verdadeira na esfera do real».
No marxismo, filosofia do comunismo, o real é truncado porque a oferta ao homem é meramente imanente. O transcendente (ente supra-sensível no dizer de Heidegger em Carta sobre o Humanismo) é excomungado. Com esta operação de engenharia ideológica não estamos perante a destruição da estrutura mais intrínseca do homem?
04 outubro 2006
Partilha de informação
Neste fim de semana, para muitos prolongado, vou ler Panikkar, Raimon, A Trindade, Editorial Notícias, Lisboa, 1999.
Lê-se na badana da contra-capa: «A Trindade não é, como muitos crêem, um exclusivo do cristianismo. Ainda que expressa através dos mais diversos símbolos, ela está presente nas diferentes culturas da Humanidade. Raimon Panikkar aborda uma multiplicidade de tradições - de religião, de língua, de espiritualidade - visando um diálogo fecundo entre os respectivos saberes e valores [...]».
Lê-se na badana da contra-capa: «A Trindade não é, como muitos crêem, um exclusivo do cristianismo. Ainda que expressa através dos mais diversos símbolos, ela está presente nas diferentes culturas da Humanidade. Raimon Panikkar aborda uma multiplicidade de tradições - de religião, de língua, de espiritualidade - visando um diálogo fecundo entre os respectivos saberes e valores [...]».
Desenrascar a saúde
Terei sido o primeiro a dar conta da triste notícia do encerramento das urgências do hospital de Montijo e volto à carga para alertar que as justificações oficiais apresentadas me parecem humana, social e constitucionalmente inaceitáveis.
Por isso deveriam suscitar, pelo menos em Alcochete, enérgicas intervenções e reacções colectivas, institucionais e políticas, embora nada mais tenha notado, até à data, que uns paninhos estendidos pelo PCP em vários locais do concelho.
Li a «Proposta da Rede de Serviços de Urgências», em apreciação pública até ao fim deste mês, que fundamenta o encerramento de 14 serviços de urgência hospitalar – entre os quais o do hospital de Montijo, que serve também Alcochete – e confesso que fiquei pasmado. Admiti até ter-me enganado e tratar-se de qualquer coisa relacionada com assistência veterinária. Mas não, o documento tem a chancela do Ministério da Saúde e o assunto é a prestação de cuidados de saúde a humanos em situações de emergência/urgência.
Pasmei por cinco razões.
Primeira, o ministro da Saúde dos humanos incumbiu um grupo de sumidades de justificar o injustificável, excepto a incapacidade do Estado em cumprir o art.º 64.º da Constituição da República Portuguesa.
Segunda, o ministro da Saúde dos humanos consentiu que sumidades perdessem tempo a inventar 36 páginas de bazófia economicista que prejudica o atendimento de cidadãos aflitos em serviços públicos de saúde. São afectados, nomeadamente, 15.000 residentes num concelho cujo centro de saúde tem (e continuará a ter) escassos meios humanos e técnicos e até o SAP funciona somente das 08h00 às 20h00 (com interrupção das 13h00 às 14h00, excepto para casos de emergência).
Terceira, o ministro da Saúde dos humanos não reparou no mais importante: as sumidades gastam várias páginas a explanar o transporte de doentes, que nunca foi um problema, mas esqueceram-se de fixar o tempo máximo de espera para o atendimento médico numa urgência hospitalar após a triagem definir o grau de prioridade do doente (normalmente identificado pelas cores laranja, amarela, verde e azul). Releiam, por favor, o caso verídico relatado neste texto. Hoje é quase certo que essa paciente ficará paralisada numa cama, até ao fim da vida, porque a isquémia foi tratada tardiamente.
Quarta, o ministro da Saúde dos humanos consente que as justificações para o encerramento das urgências do hospital de Montijo sejam somente estas: atendem menos de 150 utentes/dia, realizam menos de três cirurgias urgentes/dia, estão a menos de 30 ou 45 minutos de distância de outros hospitais (Barreiro e Almada) e o serviço de urgência hoje existente não estava formalmente previsto na Rede de Referenciação de Urgência/Emergência de 2001.
Quinta, mesmo para uma apreciação pública o ministro da Saúde dos humanos sanciona que, em caso de urgência/emergência, qualquer dos 15.000 residentes em Alcochete seja atirado para hospitais cuja espera nas urgências (após triagem) já hoje chega a ser de várias horas.
Continuem a ter medo de manifestar o vosso direito à indignação...
03 outubro 2006
"A arte da acusação invertida"
«O comunista, quando quer caluniar alguém, não precisa de inventar crimes: atribui-lhe um dos seus e pronto. Resolve dois problemas de uma vez: queima a reputação do infeliz e ainda esconde as suas próprias culpas sob as cinzas do cadáver. Isso é assim desde os tempos de Lenine. O método é simples, prático, brutal e descarado. Tão descarado que a plateia, recusando-se instintivamente a acreditar que alguém seja mau o bastante para usá-lo, cai no engodo de novo e de novo e de novo».
MÍDIA SEM MÁSCARA, Olavo de Carvalho em 03 de Out. de 2006
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5262&language=pt
MÍDIA SEM MÁSCARA, Olavo de Carvalho em 03 de Out. de 2006
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5262&language=pt
01 outubro 2006
João Marafuga a Luís Proença (2)
O comentário de Luís Proença ao meu texto "Ou tradição ou marxismo" começa assim: «caro João, isso já não é ser crente. É uma obsessão».
Eu não sou crente no sentido mais corrente desta palavra. Foi-me dada uma compreensão do Cristianismo. Nisso interveio a razão que iluminou o coração. Este, por sua vez, não deixa que aquela se exceda e vire irracionalidade.
A visão que eu tenho do Cristianismo obedece a um aparato cognitivo que tem a Cruz de Jesus Cristo por centro. Esse texto metodológico está algures neste blog.
Perante os meus alunos sempre denunciei as obsessões porque estas são fruto de uma cegueira intrínseca. No entanto, se o Luís disser que a minha obsessão é Cristo, eu fico lisonjeado, sem que me veja entrar em contradição. Cristo é a saúde absoluta. A obsessão por Ele não me pode adoentar.
Continua o Luís: «já pensou na carreira religiosa[?]». Eu pensei numa carreira religiosa aos meus 10 anos. Aos 12 dei entrada num seminário. Saí voluntariamente aos 17 para endireitar o mundo. Eis o que me fez perfilhar ilusões de esquerda durante 30 ou mais anos. Mas quando se chega aos 50 anos sem deitar para o contentor do lixo essas perniciosas ilusões é porque se tem o síndroma de Peter Pan.
Umas linhas à frente escreve o Luís: «Para mim a injustiça [...] encontra-se precisamente na pretensão cristã e marxista à igualdade». No Cristianismo, a igualdade é cristã e não marxista (ideológica). No Novo Testamento, nomeadamente nas epístulas de São Paulo, mil vezes se diz que Deus não faz distinção de pessoas. Nos Evangelhos, se por um lado Jesus Cristo anatematiza a sub-relação do homem com as riquezas, por outro há várias parábolas do mais profundo sentido teológico cuja personagem central é o bom homem rico.
Adianta o Luís: «o marxista e o cristão têm pois uma origem comum». Se me disser que o marxista e o gnóstico têm uma origem comum, eu aceito. Na verdade, o gnosticismo dos primórdios da era cristã já era eminentemente antropocêntrico (centralidade do homem). Ora é no antropocentrismo renascentista que se deve buscar a origem mais evidente das raízes marxistas que se engrossam com o iluminismo racionalista até à produção de um texto completamente desequilibrado como foi o Manifesto Comunista de Marx e Engels (1848).
A pessoa que tem uma estrutura mental de esquerda tem "consciência" de que a primeira grande empresa a executar é acabar com a ideia de Deus. Assim, duma assentada, se acabaria com a tradição, a religião, A Igreja, a família, o próprio indivíduo como ser livre. Eis a condição sine qua non para o triunfo definitivo do marxismo ou coisa derivada e implantação, à escala planetária, de um totalitarismo gerido por um governo mundial sobre uma humanidade de todo alienada, isto é, escravizada até à animalização.
E pronto! Para o sr. Luís Proença eu sou um doente. Talvez eu estivesse melhor num hospital psiquiátrico ou - quiçá? - eu devesse levar um tiro na nuca. Era a forma fácil de nunca mais o Marafuga falar de Deus, de nunca mais argumentar, de nunca mais fazer perguntas.
Onde é que já todos vimos isto?
Eu não sou crente no sentido mais corrente desta palavra. Foi-me dada uma compreensão do Cristianismo. Nisso interveio a razão que iluminou o coração. Este, por sua vez, não deixa que aquela se exceda e vire irracionalidade.
A visão que eu tenho do Cristianismo obedece a um aparato cognitivo que tem a Cruz de Jesus Cristo por centro. Esse texto metodológico está algures neste blog.
Perante os meus alunos sempre denunciei as obsessões porque estas são fruto de uma cegueira intrínseca. No entanto, se o Luís disser que a minha obsessão é Cristo, eu fico lisonjeado, sem que me veja entrar em contradição. Cristo é a saúde absoluta. A obsessão por Ele não me pode adoentar.
Continua o Luís: «já pensou na carreira religiosa[?]». Eu pensei numa carreira religiosa aos meus 10 anos. Aos 12 dei entrada num seminário. Saí voluntariamente aos 17 para endireitar o mundo. Eis o que me fez perfilhar ilusões de esquerda durante 30 ou mais anos. Mas quando se chega aos 50 anos sem deitar para o contentor do lixo essas perniciosas ilusões é porque se tem o síndroma de Peter Pan.
Umas linhas à frente escreve o Luís: «Para mim a injustiça [...] encontra-se precisamente na pretensão cristã e marxista à igualdade». No Cristianismo, a igualdade é cristã e não marxista (ideológica). No Novo Testamento, nomeadamente nas epístulas de São Paulo, mil vezes se diz que Deus não faz distinção de pessoas. Nos Evangelhos, se por um lado Jesus Cristo anatematiza a sub-relação do homem com as riquezas, por outro há várias parábolas do mais profundo sentido teológico cuja personagem central é o bom homem rico.
Adianta o Luís: «o marxista e o cristão têm pois uma origem comum». Se me disser que o marxista e o gnóstico têm uma origem comum, eu aceito. Na verdade, o gnosticismo dos primórdios da era cristã já era eminentemente antropocêntrico (centralidade do homem). Ora é no antropocentrismo renascentista que se deve buscar a origem mais evidente das raízes marxistas que se engrossam com o iluminismo racionalista até à produção de um texto completamente desequilibrado como foi o Manifesto Comunista de Marx e Engels (1848).
A pessoa que tem uma estrutura mental de esquerda tem "consciência" de que a primeira grande empresa a executar é acabar com a ideia de Deus. Assim, duma assentada, se acabaria com a tradição, a religião, A Igreja, a família, o próprio indivíduo como ser livre. Eis a condição sine qua non para o triunfo definitivo do marxismo ou coisa derivada e implantação, à escala planetária, de um totalitarismo gerido por um governo mundial sobre uma humanidade de todo alienada, isto é, escravizada até à animalização.
E pronto! Para o sr. Luís Proença eu sou um doente. Talvez eu estivesse melhor num hospital psiquiátrico ou - quiçá? - eu devesse levar um tiro na nuca. Era a forma fácil de nunca mais o Marafuga falar de Deus, de nunca mais argumentar, de nunca mais fazer perguntas.
Onde é que já todos vimos isto?
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