08 outubro 2006

Pensar não ofende

Não gosto da pessoa em destaque nesta notícia mas, como sucede tantas vezes, lembrei-me de Alcochete ao lê-la.
No concelho de Alcochete temos não um mas dois centros históricos que há muito deveriam ser condomínios fechados, com comércio florescente e animado, mais gente na rua e qualidade de vida.
Aos fins-de-semana e feriados, pelo menos, é imperativo que a medida seja introduzida quanto antes, sob pena de o comércio acabar de vez por falta de clientes.
No entanto, quem dirige o poder local tem falta de tempo ou de imaginação para enfrentar um problema cuja resolução não é inteiramente condicionada pela escassez de dinheiro no cofre.
Todos conhecemos vilas e cidades portuguesas onde, com pouco dinheiro e muito realismo, o comércio se desenvolveu e diversificou em arruamentos reservados a peões com motivos de atracção.

4 comentários:

Anónimo disse...

Uma vez mais FBastos põe o dedo na ferida com toda a pertinência que sempre o caracterizou. Já nos temos do saudoso Tágides aflorei esta questão. Não quero parecer do "contra" como alguém já me apelidou. Partilho vivamente as preocupações do FBastos no que respeita à situação dos Centros Históricos em Alcochete. No que respeota à opção pelos condominios fechados como solução preconizada por FBastos, sem querer de forma alguma excluí-la do rol de soluções , penso que a mesma merece uma reflexão mais cuidadosa. É que em Alcochete encontramos ainda zonas antigas ou centros históricos com uma elevada predominância de cultura popular , ou seja , uma cultura que ainda preserva alguns vestigios de como se vivia antigamente nesta localidade , ainda não marcada pelos efeitos da urbanização. A vida nessas zonas está certamente carregada de memória colectiva que representam para os seus habitantes elementos intrínsecos da vida quotidiana. Trata-se de zonas onde a solidariedade entre vizinhança ainda funciona ,e as portas para a rua , muitas vezes entreabertas , testemunham uma reciprocidade assinalável. O interconhecimento entre os seus residentes é profundo. Infelizmente receio bastante que a sobrevivência dessas zonas de Alcochete esteja seriamente ameaçada na medida que admito como provável que as gerações futuras procurem deixá-los , optando por equipamentos urbanos mais modernos. É visivel o processo acelerado de deterioração dessas zonas de Alcochete , perante a total passividade dos responsáveis locais , que , até à data , pouco ou nada têm feito para evitar esse processo de crescente degradação.Ora a solução preconizada por FBastos , é só por si uma prova que os centros históricos de Alcochete correm o sério risco de se tornarem uma presa fácil para a chamada renovação-destruição , ou então sofrerão uma mudança parcial ou total da respectiva população.A construção de condomínios fechados é o paradigma máximo do que acabei de referir.Os promotores imobiliários que construirão e comercializarão esses condominios estarão cientes que os recém-chegados a Alcochete que optem por adquirir a sua habitação nesses empreendimentos pertencem a certas fracções das classes dominantes que e são normalmente atraidos para essas zonas antigas por uma questão de cachet arquitectónico. É provável então que esses promotores imobiliários promovam o a sua construção/renovação para que os seus clientes ali vivam segundo todas as formas de luxo que a urbanização permite , sublimando naqueles espaços ,ao extremo, o seu "modus vivendis" , ou seja : recusa das relações de vizinhança , máxima privacidade e segurança , utilização dos equipamentos situados dentro desses espaços ou então fora dessa zona. Naturalmente que admite , que , no pólo inverso , a ausência de uma política concreta de recuperação desses centros pode atrair aqueles grupos que buscam um lugar de expressão de um modo de vida alternativo , contestando a sociedade dominantes , com toda a carga de problemas que tal representará.Torna-se pois cada vez mais urgente a implementação de uma política de recuperação dos centros históricos de Alcochete que preveja tais cenários .De preferência , e na minha modesta opinião , qualquer que fosse a solução adoptada , dever-se-ia tentar mantero ou preservar os traços genéticos que caracterizam o seu modo de vida , mantendo os laços de solidariedade que caracterizam os residentes dessas zonas e a estrutura do seu habitat , transformando-os em ilhéus que contrariem o anonimato geral que caracteriza os meios urbanizados. Provavelmente estarei a seu demasiado sonhador. Aqui estarei para discutir alternativa caso os FBastos e os leitores decidam prosseguir com um tema decisivo para o futuro dos cenros históricos de Alcochete.

Luis Proença

Fonseca Bastos disse...

Caro Luís Proença:
O sentido de 'condomínio fechado' estampado na notícia do «Janeiro» não é o mesmo que refere e, portanto, o que escrevi segue a linha do jornal e não o seu raciocínio.
É condomínio fechado a carros e não a estranhos.
Eu também discordo dos condomínios fechados para fins habitacionais.

Anónimo disse...

Caro F.Bastos,

Nessa caso estamos em sintonia. Sou apologista do encerramento dos centros históricos de Alcochete ao trânsito automóvel , como da valorização da magnifica marginal num movimento de devolução desta localidade ao rio.

Luis Proença

Fonseca Bastos disse...

Se devolvemos esta localidade ao rio ainda a afundamos mais.
É melhor redescobrirmos o rio.