07 outubro 2006

Questão política ou factos que a justiça deve julgar? (3)

Tendo escrito isto, isto e isto há muitos meses, li agora este comunicado da câmara de Alcochete com indiferença. Encaro-o como desculpa esfarrapada de quem prometeu muito sem a aparente noção dos meios financeiros existentes.
Se tinha essa noção, faltou à verdade; se não a tinha, iludiu despudoradamente.
Em qualquer dos casos, resulta evidente que a última campanha eleitoral autárquica em Alcochete terá sido pouco séria.
É tempo de os protagonistas extrairem as consequentes ilações políticas, uma vez que o povo só daqui a três anos terá nova oportunidade de os julgar.
Reafirmo que os 34 autarcas eleitos no mandato anterior – a maioria dos quais continua em funções, na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal – devem-nos explicações, em nome da seriedade exigida a quem assume cargos públicos: tinham ou não informação suficiente acerca da situação financeira da autarquia?
Citando o Chefe do Estado, no discurso proferido na cerimónia evocativa da implantação da República, "é tempo de nos tornarmos mais exigentes perante a democracia que temos. É tempo de nos preocuparmos com a qualidade da nossa democracia".
Tal como Cavaco Silva, também eu penso que o "comportamento ético" de "alguns daqueles que são chamados a desempenhar cargos de relevo nem sempre tem correspondido ao modelo ideal de civismo republicano".
A propósito do passivo da câmara, um ano depois só me interessam duas coisas: saber se os responsáveis se demitem ou são demitidos.
Até hoje não vi uma coisa nem outra.
O resto é conversa mole. Porque os passivos – visíveis ou ocultos, de curto, médio ou longo prazo – são sempre pagos pelas vítimas do costume: NÓS!

3 comentários:

Unknown disse...

Subscrevo este texto do sr. Bastos.

Anónimo disse...

A Câmara já fez sair uns panfletos(!?!) com a informação/comunicado.Até já hoje os encontrei no mercado...Mas explicações com números pormonizados quando saiem??? Não é só lançar valores e já está.
Demitem-se ou são demitidos e o resto? Não serão penalizados.Será que ainda vão receber as indemnizações,etc.,etc.etc. que são tão do agrado dos nossos trabalhadores, tenham ou não razão!?!

Anónimo disse...

Subscrevo igualmente a posição de Fonseca Bastos. Sem prejuízo das "surpresas" e armadilhas contabilisticas deixadas pelo anterior executivo , não deixa de ser verdade é que grande parte dos autarcas eleitos no mandato anterior continua em funções. A afirmação de que o cumprimento do programa eleitoral está comprometido , conduz-nos antes de mais , e pelo menos a uma pergunta. O que é que grande parte daqueles autarcas andou a fazer durante o último mandato? e uma segunda pergunta. Será legitimo justificar a inacção com uma meia "surpresa". Parece-me que não. Se não tinham noção da real situação financeira da Câmara , contribuiram claramente , e por total negligência, para a criação de falsas expectativas no eleitorado.

Luis Proença