06 outubro 2006

Nazismo e comunismo

Desde há muito tempo que venho dizendo neste blog que nazismo e comunismo são dois ramos do mesmo tronco. Faço esta afirmação convictamente porque compreendi a mensagem de variadíssimos autores sobre as afinidades dos totalitarismos do séc. XX. De todos os que se debruçaram sobre esta matéria por mim estudados, Eric Voegelin (1901-1985), um dos mais originais e influentes filósofos do nosso tempo, é o mais arrasador.
O mais engraçado é que nenhum dos meus críticos, mesmo os mais cáusticos, ousou alguma vez refutar a minha afirmação de que nazismo e comunismo são duas faces da mesma moeda.
Mas agora onde é que eu quero chegar?
Com muitíssima frequência nós vemos o comunismo a denunciar o nazismo pelos crimes deste contra a humanidade. Que se pretende com isto?
Os comunistas, acusando os nazis, outra coisa não pretendem senão distrair o mundo dos próprios crimes.
Não há especialista nenhum das Europas e Américas que não responsabilize os comunistas por 100 milhões de mortos em todo o mundo no séc. XX.

13 comentários:

Anónimo disse...

Se o Marafuga usasse a sua "santa" cabeça para pensar , em vez de a usar como mera caixa de reprodução do que lê ( será que entende o que lê?) já teria concluido , que , por mais abrangente que seja o seu conceito de "comunista" ( para Marafuga agnóstico= comunista , esquerdista=comunista , ambientalista=comunista , quem ousa pensar criticamente sobre os argumentos sobre a existência de Deus = comunista , quem simplesmente não se conforma , nem pretende que a sua fé radique num Principio de Ordem Superior sem qualquer outro tipo de sustentação= comunista) muito provavelmente , os seus criticos mais cáusticos não são comunistas.
Já agora o Livro Negro do Comunismo foi editado em Portugal pela Quetzal com prefácio de José Pacheco Pereira em 1998. Por muito que custe ao Marafuga ( que acredita viver numa ilha rodeada de comunistas por todo o lado ), os seus posts pseudo intelectuais revelam uma confrangedora tendência para o plágio e uma tremenda dose de anacronismo...

Marafuga ... continue por favor a fazer rir! Os seus "posts" são uma verdadeira paródia.

De um leitor que se diverte à grande com as fobias do Marafuga

Anónimo disse...

Se o Marafuga usasse a sua "santa" cabeça para pensar , em vez de a usar como mera caixa de reprodução do que lê ( será que entende o que lê?) já teria concluido , que , por mais abrangente que seja o seu conceito de "comunista" ( para Marafuga agnóstico= comunista , esquerdista=comunista , ambientalista=comunista , quem ousa pensar criticamente sobre os argumentos sobre a existência de Deus = comunista , quem simplesmente não se conforma , nem pretende que a sua fé radique num Principio de Ordem Superior sem qualquer outro tipo de sustentação= comunista) muito provavelmente , os seus criticos mais cáusticos não são comunistas.
Já agora o Livro Negro do Comunismo foi editado em Portugal pela Quetzal com prefácio de José Pacheco Pereira em 1998. Por muito que custe ao Marafuga ( que acredita viver numa ilha rodeada de comunistas por todo o lado ), os seus posts pseudo intelectuais revelam uma confrangedora tendência para o plágio e uma tremenda dose de anacronismo...

Marafuga ... continue por favor a fazer rir! Os seus "posts" são uma verdadeira paródia.

De um leitor que se diverte à grande com as fobias do Marafuga

Anónimo disse...

Desculpe a minha fraqueza mas depois do que tenho lido nos seus posts não resisti e volto , por breves instantes , para AVISAR o leitor menos atento , de que deve ter cuidado com as referências bibliográficas e opções de leitura do João Marafuga. Tais opções de leitura , quando não devidamente assimiladas , podem provocar verdadeiras patologias intelectuais. Aliás , depois de Panikkar , João Marafuga "atira-nos" com Eric Voegelin à cara. Para os leitores menos atentos , Voegelin ficou fortemente marcado pelo Auschluss Nazi , quando , em 1938 , se viu obrigado a fugir da Áustria por ter criticado o regime de Hiltler. De uma forma , ou de outra , esse facto terá marcado definitivamente a sua personalidade. Assim , é sem surpresa que João Marafuga refere um filósofo para quem todas as religiões não católicas são aquelas , que segundo a caricatura extremista da teoria de Voegelin , constituiram uma aliança com o materialismo militante , uma verdadeira frente de batalha contra a Igreja Católica. Basta ler a obra de Voegelin "Gnosticismo - A Natureza da Modernidade" para percebermos que para este pensador extremista ,todas as formas de pensar que se alguma forma se distanciam do dogma católico , se qualificam como tendências gnósticas , fonte de "alienação" , ou como patologia espiritual conducente a impulsos totalitários , que em última instância levam aquele autor a afirmar que um gnóstico é um comunista ou um nazi em potência.
Esquece-se o João Marafuga que toda a posição de Voegelin sobre o gnosticismo é literalmente relativizada pelo simples facto das suas fontes sobre essa matéria serem anteriores à publicação dos textos de Nag Hammadi , pelo que , e à falta de uma revisão critica das mesmas à luz daqueles textos , podemos considerar que pouco ou nada interessam.
Depois de Panikkar e de Voegelin coemço a perceber claramente o que é que formatou o pensamento extremista de João Marafuga.

Luis Proença

Unknown disse...

Os textos de Nag Hammadi não vêm eclipsar a obra de Eric Voegelin, antes a confirmam.
Faça como eu e não perca tempo a ler os textos descobertos por Muhammad Ali al-Samman em 1945. Leia Pagels, Elaine, OS EVANGELHOS GNÓSTICOS, Via Óptima, Porto, 2004. Se seguir o meu conselho, ganha imenso tempo e fica com uma ideia justa do que é o gnosticismo. Por exemplo, convecer-se-á de que seria praticamente impossível esse espírito atento que se chamou Eric Voegelin (1901-1985) morrer sem se inteirar do conteúdo dos tais papiros. Ora não consta que este homem, intelectualmente honestíssimo, regredisse nas suas posições.
Em THE ECUMENIC AGE (1974), já certamente Eric Voegelin estava por dentro de Nag Hammadi, o que não o impediu de naquela sua obra estabelecer «...os méritos relativos da transcendência cristã e da imanência gnóstica como posturas face à pessoa, à sociedade e à história»(Logos, Verbo, vol. 5).

Anónimo disse...

Sr. Bastos, Prof. Marafuga, após leitura destes últimos posts, e interessando-me mais ou menos pelos assuntos aqui colocados e acima de tudo respeitando as opiniões, mesmo que tenha de abanar a cabeça em discordância em alguns assuntos, não posso deixar de achar piada a este Sr. Proença. Este senhor, parece pairar no ambiente alcochetano criando intrigas e confrontos palacianos em tudo o que toca. Caros administradores do blog Praia dos Moinhos, o Sr. Luís é pura e simplesmente do contra. Argumenta sem convicção profunda, ao contrário (esteja certo ao errado) do Marafuga quem tem uma base ideológica em tudo o que escreve. O Luís não, entra em conflito porque é engraçado escrever quase anonimamente e pressiona sempre em crescente. Posso lembrar, para quem não conhece, que este senhor tentou entrar algures na vida alcochetana e ficou decepcionado por cá nestas bandas, ainda existir gente com dois palmos de testa. Sr. Proença, tenha juízo e não queira mostrar mais do que o que vale, pois a sua tacanha ambição de entrar e mostrar serviço em prol da NOSSA comunidade já falhou e logo na primeira tentativa. Não se esqueça que as tragédias e propaganda anónima que anda a alastrar através de missivas pseudo-amistosas não lhe servirão de nada. Relembro mais uma vez, basto eu para dar respostas ao Sr. Proença, pois não vale a pena a mais algum alcochetano ou verdadeiro amante desta terra, gastar mais latim com uma pessoa como o Sr. Proença.

Anónimo disse...

Lamento não poder responder a essa parte das "missivas pseudo amistosas" e da "propaganda anónima". Se o cobarde que não ousa dar a cara ( e eu sei quem ele é) e não ouso mencionar o seu nome porque quem toca em "lixo" suja-se me conhecesse minimamente sabe que eu , ao contrário de muitos , dou sempre a cara em tudo o que faço na vida. O que tenho a dizer digo na cara e de forma frontal. Não sou como certas pessoas que adoram dar a "facadinha" nas costas , ou que , tal como o "feijão frade" apresentam duas caras. Quanto à tentativa de mostrar serviço em prol da nossa comunidade só tenho a dizer o seguinte. Dediquei-me de corpo e alma ao GD Alcochetense nos últimos 4 anos . Esta foi a minha única participação numa instituição alcochetana. Dexei lá cerca de € 6000 do meu dinheiro , apesar de ter sido apenas treinador dos respectivos juniores. Fomos Campeões Distritais , Subimos de Divisão , Ficámos em 3º lugar na 1ª divisão , Vencemos um Torneio e Ganhámos um Troféu Disciplina. Comprei com o meu dinheiro um conjunto de 20 equipamentos novos completos , paguei do meu bolso as faixas de campeão distrital , paguei do meu bolso o transporte da equipa durante época e meia , paguei do meu bolso o que os jogadores comiam ao intervalo dos jogos durante 4 anos , comprei com o meu dinehiro cerca de 30 bolas novas , 2 jogos de coletes , pinos e material de treino , proporcionei ao clube um patrocinio de € 1500 para o futebol jovem e muito mais. Tenho todas as facturas guardadas para esfregar na cara de patetas como o que fez este comentário. Dos jogadores que passaram pelas minhas mãos , mais de 10 passaram ou ainda estão nos séniores do GDA. Esta foi a minha primeira tentativa de servir algo ligado a Alcochete. Então ó patetinha fui mal sucedido? Se calhar foste tu. Pergunte ao seu amigo Carlos Cortes ,actual presidente do GDA se isto tudo não é verdade. Se me quer acusar de espalhar propaganda anónima ?!!! mostre provas do que anda a dizer antes de fazer acusações dessas. Pergunte à rapaziada que eu treinei o que é que pensa de mim. Se se está a referir à minha participação numa lista de um partido nas últimas eleições autárquicas só lhe tenho a dizer o seguinte. Fui assessor jurídico da Comissão Politica Nacional de um dos maiores partidos , fui Secretário Geral de uma das mais representativas estruturas dessa partido , fui durante 4 anos assessor político de um conhecido presidente da Câmara. Fui eu que decidi afastar-me da politica e não a politica que me afastou. Acedi ao convite honroso que me fizeram para integrar essa lista. Portanto como vez ó patetinha , volta para o buraquinho de onde vieste , porque acredita , que já sou muito mais alcochetano do que tu. Pelo menos tenho o prazer e a honra de ser tratado como tal na comunidade onde vivo.

Luis Proença

Anónimo disse...

Mais uma vez João Marafuga presume-se o único virtuoso da cultura , partindo do pressuposto , uma vez mais errado , qde que é o único que se deu ao trabalho de se debruçar sobre estas questões e de ler determinadas obras. Há muito que sou um leitor atento de Elaine Pagels e um apreciador da visão tendencialmente feminista que manifesta nas suas obras sobre o cristianismo. Apreciei particularmente "Adam , Eve and the Serpent". De qualquer forma acho incoerente da sua parte , e face às posições que vem assumindo , referir entre as suas preferências , uma autora que sustenta que as diferenças entre os Cristãos Ortodoxos e gnósticos é mais política do que teológica , que , e que chega mesmo ao ponto de afirmar ( em "The origins of Satan" ) que a personificação de Satanás foi uma forma capciosa dos Cristãos demonizarem os seus opositores religioses ( judeus , muçulmanos , etc.) Continuo a achar que o João Marafuga aprofunda pouco os autores que refere nos seus "posts". Cuidado que pode incorrer em incoerência. Mantenho que os textos de Nag Hammadi relativisam a obra de Eric Voegelin. Apesar de concordar consigo que quando escreveu The Ecumenic Age em 1974 , Voegelin já estaria por dentro de Nag Hammadi , o certo é que a sua teimosia intelectual o impediu de reavaliar as suas posições sobre o gnosticismo.

Não presuma que a sua ideia do gnosticismo é mais justa do que a minha. Se quiser cá estou eu para discutir de forma saudável esse tema com o João Marafuga , isto se os cobardes ignorantes que se meteram neste post me derem tempo para tal...

Luis Proença

Unknown disse...

De Elaine Pagels só li OS EVANGELHOS GNÓSTICOS. É nesta obra que a autora diz ser «...as diferenças entre os cristãos ortodoxos e gnósticos [...] mais política do que teológica...»? Se assim é, diga-me a(s) página(s) onde se procede a tal sustentação.
Entre o cristianismo ortodoxo e o gnosticismo as diferenças são radicalmente de natureza teológica.
Convém esclarecer os leitores de que aqui cristãos ortodoxos são os que nos primórdios da era cristã (II e III séculos) se opunham aos gnósticos.

Anónimo disse...

Trata-se de uma conclusão minha , consequência do que Elaine Pagels afirma nas páginas 6 e seguintes do "The Gnostic Gospel" (Edições Vintage Books , 1979). Independentemente de uns e de outros sugerirem que a ressureição de Cristo deve ser entendida de forma simbólica ou no sentido literal da palavra , certo é que o seu entendimento literal teve , para aquela autora , um propósito político essencial no que respeita à legitimação da autoridade de alguns homens para exercer a liderança da Igreja como sucessores do Apóstolo Pedro. Segundo a autora , foi precisamente a partir do Sec II que essa doutrina terá servido o propósito claramente político de validar a sucessão apostólica dos Bispos e os fundamentos da autoridade Papal até aos dias de hoje.Foi por isso que achei curiosa a sua referência a esta autora tendo em conta as posições que vem assumindo nos seus posts.

Luis Proença

Unknown disse...

Então a sua afirmação endossada a Elaine Pagels de que «...as diferenças entre cristãos ortodoxos e gnósticos é mais política do que teológica...» é uma conclusão sua ("trata-se de uma conclusão minha")? E não se fundamentam minimamente as conclusões próprias?
Reli as primeiras 20 páginas de OS EVANGELHOS GNÓSTICOS de Elaine Pagels e não passei por cima de nada que me permitisse dar-lhe alguma réstia de razão, o que me faz pôr em dúvida a sua honestidade intelectual.
A obra referida de Elaine Pagels deixou em mim, já há coisa de 2 anos, uma ideia fundamental: a ressurreição de Cristo, tal como ela era e é entendida pelos cristãos, realça sumamente a importância do corpo. Defendendo este ponto de vista, o ataque não pode ser maior aos gnósticos porque estes nutriam um grande desprezo pelo corpo.
Ora uma académica que assim pensa não é gnóstica, logo as probabilidades de não ser de esquerda são grandes. Se o que acabo de dizer tem pertinência porque o contrário manifestar-se-ia em Elaine Pagels como nevrálgica contradição, a «...visão tendencialmente feminista...» desta autora pode ser mais um bluff seu.
Como o que mais o caracteriza nestes posts é a contundência verbal desbragada, eu achava melhor ficarmos por aqui.

Anónimo disse...

Deixo ao seu critério a qualificação das minhas posições como eventual bluff e retribuo-lhe a acusação de contundência verbal ou de honestidade intelectual. De qualquer forma o Senhor "Professor" vem revelando uma estranha tendência para a irritação quando alguém tenta , mesmo que de forma correcta , entrar em diálogo sobre estas questões. Tudo para o Sr. "Professor" é reduzido ao ser-se de esquerda ou não , e como já alguém teve oportunidade para referir , a sua obsessão em rotular os outros de acordo com as suas conveniências retira qualquer hipótese de discussão construtiva. Provavelmente não haverá mais ninguém neste "post" que esteja disposto a tentar dialogar consigo sobre estas questões. Provavelmente é até isso que pretende. Falta de honestidade intelectual é de quem se identifica como "liberal" e "democrata" no perfil que consta deste blog e depois vem sistematicamente sustentar posições de extrema intolerância e desagrado quando alguém tenta confrontar ideias , já para não falar das posições , que repito , respeito , de elevada inflexibilidade e total colagem aos mais rigidos dogmas católicos.Não estarei ao nível de um Olavo de Carvalho , nem V.Exª ao nível de um Prof. Fedeli , mas penso que a sua intolerância e irritabilidade acabam com qualquer possibilidade de irmos falando sobre estas questões e de irmos partilhando a sua suma sapiência sobre estas matérias. Na verdade julgava-o mais inteligente... De qualquer forma , quando à linguagem desabrida , certamente se reporta à forma como reagi ao comentário de um enurgumeno a que reagi como tinha de reagir. Provavelmente está a tomar as dores de um amigo seu. Deixe-me dizer-lhe que se trata de uma pessoa que dificilmente consegue lidar com quem revela qualquer sinal de inteligência ou competência. Trata-se de uma pessoa que se gosta de rodear de gente mediocre que à partida lhe ofereçam garantias que de forma alguma podem por em causa a sua sede de se destaque e protagonismo. Aquele comentário não foi mais do que uma reacção instintiva de inveja contra quem manifestou alguma capacidade critica. Pelos vistos o Sr. "Professor" é da mesma estirpe. Já uma vez lhe referi que o melhor seria continuar a falar sózinho sobre estas questões. Peço imensa desculpa por ter invadido o seu "Púlpito Privado". Da minha parte vou , modestamente , até porque não tenho formação académica em filosofia , continuar a ler e a procurar entender o que dizem e escrevem os pensadores sobre matérias que me interessam vivamente como o gnosticismo , o cristianismo , a filosofia em geral. Nesse espirito vou continuar a comentar as suas posições. Naturalmente que não quero que se sinta obrigado a responder-me. A final o meu conhecimento na matéria não chega aos calcanhares da sua infinita sabedoria...

Luis Proença

Unknown disse...

Mas o que é que você diz neste post tão grande que seja digno de comentário?
Se encontrar sustentabilidade para isso, pegue nas minhas ideias e rebata-as com cabeça, tronco e membros.
Mostre que aquilo que você pensa é mais adequado do que aquilo que eu penso.
Deixe de entreter as pessoas com lenga-lenga que ao fim e ao cabo não respeita a inteligência de quem nos lê.
Por exemplo: o que é para si o gnosticismo? A partir da sua resposta, eu darei a minha, corroborando algumas coisas que possa dizer, discordando eventualmente de outras. Sejamos dignos dos nossos leitores, deixando que estes façam o julgamento isento de ambos.

Anónimo disse...

Desculpe só agora responder mas saí para almoçar e só agora regressei. Agradeço a oportunidade de reatar-mos o nosso debate.Antes de mais nunca disse que aquilo que refiro nos meus comentários seja digno de comentário... Não é bem isso que pretendo. O Senhor Professor afirma e eu... , desculpe o atrevimento...ouso comentar (humildemente e nos limites dos meus parcos conhecimentos). Estamos a inverter os papeis. Sinto-me lisonjeado com tal conclusão , mas sou suficientemente humilde para admitir que tenho muito mais a aprender consigo , do que V.Exª comigo.De qualquer forma o Senhor Professor deve ter em conta que não fora a ousadia da Drª Cátia Santos , arqueóloga e a minha própria ousadia , em comentar as suas "inquestionáveis" profissões de fé ( pelo menos assim parece pelo forma como argumenta) , provavelmente mais ninguém o teria feito. O facto de estas duas almas terem ousado confrontar as suas opiniões deveria merecer um sentimento de satisfação de Vossa parte. É que , mais do que a prova de que alguém lê o que o Senhor Professor escreve neste blog , é a evidência que alguém reflecte nas suas palavras. Ora , face ao deserto intelectual e cultural que o nosso país atravessa ( veja-se o exemplo do "nosso" amigo que me desancou neste "post") , é sempre de saudar quem , independentemente das suas bases académicas , ousa confrontar ideias. Ainda mais satisfeito deveria estar quando o assunto em causa nada tem a ver com o propósito inicial deste Blog ( respeitado à letra por F.Bastos ) e que seria debater e reflectir sobre questões ligadas a Alcochete. Assim até já alguém lhe poderia ter dito para se calar e falar exclusivamente no que respeita ao objecto deste Blog. Mas , como as pessoas são na sua generalidade , bem educadas , não houve ninguém que lhe tivesse sugerido a criação de um Blog pessoal cujo objecto/tema seria mais conforme com os temas que traz à colação nesta sede. O único "malcriadão" que teve a ousadia de lhe fazer tal sugestão fui eu , quando sugeri a criação de um Blog com o título "Odeia se amas a Deus". Admito que exagerei um pouco... Por tudo isto penso que a única atitude de quem se afirma "democrata" e "liberal" seria incentivar de forma inteligente a discussão sobre estas matérias , ainda que , repito , inseridas num Blog cujo tema é Alcochete. Foi pois com particular estranheza e surpresa que assisti ao espectáculo de irritação proporcionado por V.Exª , sobretudo quando é Professor , "liberal" e "democrata". Quando qualifica as opiniões ( e só as opiniões... não as pessoas) das duas únicas pessoas que se interessaram pelos assuntos que traz a este Blog a ponto de quererem partilhar as suas modestas opiniões e submetê-las ao confronto de ideias , como "infantis" , "patetas" , e mais recentemente chegar ao ponto de me acusar de ser desonesto e de estar a fazer "bluff" ( a final qum começou com a linguagem desabrida?) , é legitimo colocar em causa a sua coerência e a bondade do seu espírito "democrata" e "liberal".
Vejo contudo , pelo seu último comentário , que decidiu inverter um pouco a sua tendência "autista", passe a expressão , e com todo respeito que o Senhor Professor me merece. De facto tomou finalmente uma atitude compatível com os seus pergaminhos de Professor , "liberal" e "democrata" , lançando de forma inteligente as bases para uma discussão esclarecedora sobre o assunto que nos tem mantido em diálogo.Gostaria ainda de reforçar que não entendo esta diálogo como uma competição ou até um julgamento popular sobre as virtudes ou razoabilidade das nossas posições. Basto-me com o debate de ideias. O meu objectivo é naturalmente enriquecer os meus humildes conhecimentos sobre a matéria.
Vamos pois partir da pergunta "O que é para si o gnosticismo?" Espero sinceramente que este tema se abra , a partir de agora a outros interessados. Aceito o desafio , apelando desde já a que resista a "adjectivar" ou "substantivar" as opiniões dos outros como "patetas" ou "infantis". Advirto também que não me considero mais do que um curioso nesta matéria , a qual , para além do futebol ocupa os meus tempos livres.
Para além das referências associáveis à palavra Gnose (conhecimento) vertidas no Antigo e Novo Testamento ( conhecimento que Deus dá de si mesmo aos fiéis) ,históricamente é verdade como disse o Sr.Professor que devemos associar a palavra gnosticismo aos grupos religiosos que proliferaram no mundo helenistico durante os séculos II e III. São certamente grupos diversos , mas aos quais se reconhecem bases comuns. Em qualquer delas podemos reconhecer o "conhecimento superior" que beberam nos neoplatónicos , nas ideias cristãs , e até na própria magia. Quer salientemos a sua vertente mágica , mitológica ou filosófico-religiosa , certo é que estes grupos tentam ligar questões como a origem , natureza e destino do homem , a um conhecimento de ordem superior. Na sua vertente filosófico-religiosa , o gnosticismo assentará na concepção dual do homem ( alma-corpo , bem-mal , etc.) O cosmos é uma imanação divina e a salvação alcança-se depois de várias etapes metamorfósicas através da gnose , e é isso que permite ao homem voltar a comungar com Deus. Neste contexto Cristo é reduzido a uma espécie de segundo Deus. Cristo não será mais que uma espécie de mediador entre o ser supremo e o mundo material. Terá sido isto que terá levado à associação entre a gnose e heresia.Até à descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi em 1945 , os testemunhos do gnosticismo estavam reduzidos aos escritos de Ireneu e Hipólito.Não sei se o Sr. Professor concordará com esta referência histórica por certo demasiado humilde e simplista do gnosticismo. Contudo o que me interessa particularmente é a necessidade crescente de promover o gnosticismo na nossa sociedade. Passo a explicar porquê na esperança que desta feita não seja acusado de falta de fundamentação das minhas posições. Preocupa-me a secularização crescente da nossa sociedade.Acho que neste ponto estamos de acordo. Nunca tanto como agora , a sociedade (ocidental em particular) julgou ser capaz de realizar o reino de Deus na Terra. A secularização traduzida como um abandono da dimensão metafísica dos fenómenos mais importantes da vida , como uma total naturalização da vida e da acção humana e , por consequência da interpretação que se faz da existência humana fora de qualquer relação com o aparecimento do Dom ou da Graça ( para pessoas como o João Marafuga) ou fora da introspecção individual na busca da Sabedoria do nosso Mestre Interior ( para pessoas como eu). Preocupa-me , citando Daublers , a falsificação e confusão dos valores que domina as almas hoje em dia. Como escreve Theodor Daublers em "Nordlicht" (1916 - obra que marcou a juventude de Carl Schmidt e o desenvolvimento da sua obra) "...No lugar da diferença entre o bem e o mal , ergue-se a utilidade e a nocividade diferenciadas até ao extremo" ( pág.65 obra citada).Importa agora que eu explique a razão da forma aguerrida como combati as suas posições ao longo destes "posts" ( nunca pensei chegarmos a este ponto senão já o tinha feito mais cedo). Na sequência do que acima referi , precupa-me portanto a perda e confusão de valores que hoje caracteriza a nossa sociedade. Nessa confusão e perda de horizontes a Igreja Católica , bem como as outras religiões do ocidente , tiverem uma quota parte de responsabilidade significativa. Não só porque não souberam ou erraram gravemente na forma como orientaram as suas instituições , como pela forma como , há muito , deixaram de anelatecer algo que na minha perspectiva se revela essencial no reacertar do caminho. Deixaram precisamente , pela tentativa de imposição dos seus dogmas , de promover a necessidade de conquista INTERIOR de valores e superiores espiritualizantes , o que tem ocasionado e facilitado graves desvios de condutas e transtornos psicológicos num grande número de pessoas. É precisamente ESTE PONTO que me levou a contrapor a visão demasiado seguidista dos dogmas católicos que perfilhou nos seus "posts". Claro que sei que para tal desvirtuação dos valores tem igualmente contribuido a sobrevalorização de certos valores de índole social e financeiro que dificultam o desenvolvimento de valores espirituais , mas o papel das igrejas ocidentais ( note que não digo religiões mas sim igrejas) também tem contribuido decisivamente para tal.Para mim , e parece-me que tal é perceptível nos meus comentários , tudo radica na DESCOBERTA DE NÓS MESMOS , NO CAMINHO DA NOSSA LIBERDADE. Chegando a este ponto estou em condições de responder à sua pergunta. O que é para mim o Gnosticismo. Como penso que expliquei minimamente , para mim o Gnosticismo é uma forma de comportamento pelo qual busco Deus e os valores da Vida através de um constante aprofundamento do conhecimento de mim próprio , ou seja através da análise critica , da acção introspectiva , seguindo , em Liberdade , o meu Mestre interior. Só dessa forma conseguirei despertar a sabedoria oculta no meu ser inconsciente e conhecer melhor a vida. Na minha perspectiva quem opta por esta via é um "Gnóstico" na medida em que é um conhecedor por si mesmo.É óbvio que admito que é de extrema valia para todos aqueles que seguem esta via ter uma clara compreensão dos fundamentos do Velho Testamento e da sua relação com o Novo Testamento. Os legado de Moisés e Jesus deveriam ser complemento um do outro , mas infelizmente , de uma forma geral não têm sido praticados e interpretados dessa forma. Pelo contrário , tem sido apanágio das igrajas ocidentais apresentar tais legados de forma a anular qualquer condição para a percepçcão de que o caminho deve ser um caminho INTERIOR , no sentido do desenvolvimento da consciência pelo AUTO CONHECIMENTO. Por isso mantive que Voegelin foi demasiado teimoso no plano intelectual na medida em que os Evangelhos Gnósticos de Nag Hammadi falam indubitavelmente em pontos de vista oriundos dessa sabedoria especial ou gnose registados por anónimos com os quais devemos aprender a descobrir por nós próprios o tal caminho que acima referi da nossa própria liberdade.

Com isto "enterro o machado" e espero poder continuar o nosso diálogo num tom mais elevado.

Respeitosamente
Luis Proença