22 outubro 2006

Mensagem antropológica da Festa Brava


Os nossos antepassados arcaicos, quando capturavam o herói de um grupo rival, ofereciam-no em sacrifício à divindade e comiam-lhe a carne porque pensavam que as virtualidades do destemido prisioneiro passavam para os elementos da tribo, ficando assim tolhido todo o arrojo dos inimigos.
A raiz mais profunda da civilização ocidental é judaica.
Abraão, coagido pela tradição ancestral a sacrificar o único filho legítimo ao Senhor para Lhe dar a extrema prova de submissão, resolve virar o bico ao prego, concluindo que se Deus é Deus, prescinde de qualquer prova exterior para saber que o homem se Lhe submete na profundeza do coração. Nesta conformidade, o menino Isaac é substituído por um animal em sacrifício ao Senhor.
O protagonista da Festa Brava é o toiro que entra na arena para ser imolado. Esta imolação, de alguma maneira funciona como catarse para os espectadores. Estes, ao menos enquanto dura o espectáculo, vendo o herói padecer, sentem aliviadas as próprias tensões da vida de todos os dias.

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