17 junho 2006

Barris: garagens alagadas por culpa da câmara


A esta hora haverá proprietários de garagens na urbanização dos Barris, em Alcochete, que ainda ignoram uma surpresa desagradável: a sua pode ser uma das inúmeras alagadas ao princípio da tarde desta sexta-feira, após pouco mais de meia hora de chuva intensa.
Algumas chegaram a ter água a 30 ou 40cms de altura, o que me leva a supor haver prejuízos assinaláveis em casos pontuais.
Ninguém me contou. Eu estava na zona, observei tudo e ajudei a evitar males maiores numa das artérias. Pelo menos, a maior parte das garagens situadas nas ruas Manuel Gomes da Mestra e Artur Garrett meteu água.
Culpa de quem? Da Câmara Municipal de Alcochete, obviamente, por dois motivos:
1. Além de aplicar o máximo em imposto sobre imóveis, é pontual e inflexível a cobrar taxa de saneamento (25% do valor do consumo de água) mas não cuida da limpeza regular nem da conservação periódica de caleiras e caixas de águas pluviais. Quem tiver dúvidas vá observá-las de perto;
2. Emite licenças de utilização sem fiscalização adequada das diferentes fases de construção e das ligações às redes públicas, tendo aprovado e aceite tacitamente uma urbanização nova – iniciada há sete anos e há ano e meio apenas sob a alçada definitiva do município – onde se acumulam problemas que a autarquia deveria ter evitado em tempo oportuno, cujos órgãos deliberativo e executivo ainda podem ajudar a minorar e resolver a posteriori, sem necessidade dos proprietários recorrerem ao penoso e dispendioso calvário dos tribunais, pois conhecem urbanizadores e construtores e sabem como lidar com eles em casos extremos.
Após um aguaceiro breve mas muito intenso, nesta sexta-feira foram postas a descoberto novas anomalias inconcebíveis: em espaços acentuadamente desnivelados, como os situados junto às garagens, há algerozes que despejam directamente na via pública, caixas de escoamento de águas pluviais com tubagens de diâmetro ridículo e calhas de drenagem com quase 100 metros de comprimento mas uma única saída (estreita) para a rede pública num dos extremos.
Em momentos críticos como o deste dia, o laxismo e a incúria têm consequências funestas: refluxo de águas pluviais (a água não se escoa pelas saídas mas brota delas), impossibilidade de evitar a subida do nível da água enquanto a chuva persistir e prejuízos para alguns desprevenidos proprietários (a maior parte dos quais estava a trabalhar).
Gostaria ainda de referir mais três detalhes importantes:
a) Numa situação de maré vazia, como a que se verificava no período em que a chuva caiu intensamento, creio que o fenómeno de refluxo das águas pluviais prenuncia anomalias graves na rede geral;
b) Duas horas após cessar a chuva foi visto na urbanização dos Barris um veículo municipal com dois ocupantes. Nas artérias indicadas no início deste texto limitaram-se a observar o estado das áreas desniveladas adjacentes às garagens e foram-se embora. Não limparam caleiras pejadas de terra e detritos e não verificaram o estado das caixas de escoamento. Provavelmente a sua missão era outra. Mas como o tempo continuará instável até segunda-feira, pelo menos, espero não ter de voltar ao assunto dentro de algumas horas;
c) Sendo uma das maiores e mais recentes, a urbanização dos Barris espelha, novamente, a incapacidade do poder local em mandar fiscalizar convenientemente as obras particulares, apesar de serem os municípios as únicas entidades com poderes legais para tal.
Há edifícios com paredes, azulejos e cantarias pejados de fissuras; infiltrações de água através de portas e janelas e deficiente impermeabilização de empenas, varandas e terraços; chaminés de lareiras mal construídas; algerozes que desaguam em varandas e terraços; tubos de ventilação forçada que espalham odores pela habitação e são caixas de ressonância de disputas domésticas; torneiras de admissão de água inacessíveis porque localizadas atrás de máquinas de lavar; e nos dias quentes sente-se odor intenso a gás metano (oriundo das sarjetas porque há prédios com esgotos domésticos mal ligados à rede pública).
A propósito ainda da não fiscalização de obras particulares, jamais me esquecerei que o anterior presidente da câmara disse em tempos que, se algum dia acontecer uma fatalidade, pouco mais há a fazer que enterrar os mortos e prender os responsáveis.
Quem vos avisa...

1 comentário:

Anónimo disse...

A Câmara de Alcochete é um mono que limita-se a receber o dinheiro dos impostos para o utilizar no pagamento dos salários dos monos que lá trabalham (ou então para pagar aos fornecedores do "sistema", porque os outros já não recebem há muito tempo).