Não há em Alcochete um Provedor de Munícipes, embora fosse fácil e útil nomeá-lo. Abordei essa e outras coisas há muito tempo – designadamente aqui, aqui e aqui – mas ninguém ligou ao assunto.
Na campanha eleitoral autárquica todos se lembrarão disso, seguramente, tal como do "famoso" Conselho Municipal, prometido por escrito pelo partido da maioria para ser concretizado até ao final de... 2006!
Algumas mensagens que me enviaram têm graça, outras nem tanto, mas todas exprimem surpresa e indignação, zurzindo a eito nos eleitos municipais. Lembro-lhes que, em Alcochete e há muitos anos, 99% dos anúncios autárquicos são propaganda e apenas 1% correspondem a esforço, dedicação e transpiração. Mas como todos os eleitores têm raciocínio, quem desejar o inverso sabe o que deve fazer na hora de botar o voto na urna...
Vamos ao cerne da questão. Os autarcas ufanam-se de um prémio estranhamente omisso no sítio na Internet da APPLA, entidade sediada na Universidade de Aveiro, e envaidecem-se pelo cumprimento de 47% do compromisso assumido com essa entidade, não obstante a intervenção ter abrangido uma área ínfima (Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, Rua Beato Manuel Rodrigues, Rua Chão do Conde, Travessa Chão do Conde, Rua Carlos Manuel Rodrigues Francisco, Rua do Catalão, Largo da Revolução, Rua do Grilo e Rua D. Nuno Álvares Pereira), embora no miolo urbano da vila os problemas de mobilidade sejam imensos e perdurem há décadas.
Mas – escreve um dos reclamantes – circular em cadeira de rodas na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra (a do miradouro com palmeiras, atrás dos Paços do Concelho e junto à sede da RNET) "só se for no meio da faixa de rodagem e caso não haja buracos". Acrescenta que, "na própria Câmara e na Junta de Freguesia do Samouco, por exemplo, dificilmente uma cadeira de rodas pode entrar".
Outro reclamante enviou-me as imagens reproduzidas neste texto, exemplos de que a acção premiada representa uma gota de água no oceano de problemas de mobilidade na área do município.
Não fossem eles cegos, surdos e mudos, recomendaria aos autarcas prudência no foguetório. Porque nem todos os cidadãos andam distraídos, certas encenações causam má impressão e acabam por ter efeito oposto ao pretendido.
A quantos me contactaram recordo ainda que, em matéria de mobilidade, há sete meses escrevi este texto. Serviu para alguma coisa? Provavelmente não. As "mentes brilhantes" continuam a simular e só os seus jagunços não dormem!
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