21 julho 2008

Insensibilidades


Espero que os alcochetanos não baixem os braços e, no próximo ano, elevem ao poder local representantes sensíveis aos anseios e problemas de seres humanos, que privilegiem o bem-estar dos seus patrícios em detrimento da betonização apressada e desregrada.
Vem isto a propósito da profusão de barreiras arquitectónicas existentes um pouco por todo o concelho, que restringem especialmente a mobilidade de idosos, de crianças e de deficientes, mas que, num número apreciável de casos, põem até em risco a segurança do peão lesto e previdente.
Desafio qualquer um(a) a dar uma volta por Alcochete, Samouco e São Francisco reparando, atentamente, na quantidade imensa de passadeiras de peões inexistentes ou mal situadas; nos pisos deformados, descuidados e desnivelados; nas artérias sem lancis rampeados ou com inclinação inadequada; em degraus e soleiras que representam autênticas armadilhas; em passeios exíguos ou, pura e simplesmente, inexistentes; pisos com revestimento escorregadio quando molhado, etc., etc.
Tenho para mim que os autarcas de Alcochete – anteriores e actuais – quiçá por usarem demasiado o automóvel, revelam notável insensibilidade pelos problemas de peões e pelo conceito de cidades inclusivas.
Essa indiferença é particularmente gravosa para residentes e forasteiros que se movimentam com dificuldade, por questões de visão ou de locomoção, porque empurram um carrinho de bebé ou a cadeira de um deficiente motor.
Nos centros históricos de Alcochete e Samouco, nomeadamente, conduzir o carrinho de uma criança ou uma cadeira de rodas é autêntico suplício e, mesmo em locais planos, ao fim de 300 metros só um super-homem ou super-mulher não estará esgotado, tal a quantidade de barreiras que lhe aparecem no caminho.
Escrevo-o com pena: os autarcas de Alcochete são insensíveis aos problemas de velhos e trôpegos e não acarinham crianças de tenra idade!

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