26 fevereiro 2009

Municipalismo de outrora (12): escolas sobrelotadas



Em 15 de Junho de 1940 a câmara delibera pedir às instâncias competentes a nomeação dos terceiros professores para as escolas primárias masculina e feminina da sede do concelho, "dado que o número de crianças em idade escolar é considerável, podendo mesmo considerar-se excessivo em relação ao de agentes de ensino e, por esse facto, não podem ser admitidas à frequência todas as crianças em idade escolar que se apresentam à matrícula no princípio dos anos lectivos, o que é deprimente e altamente prejudicial para o futuro dessas mesmas crianças". Naturalmente, esta deliberação foi aprovada por unanimidade.

Nova referência ao assunto ocorre na sessão de 19 de Outubro seguinte, quando se insiste na nomeação do terceiro professor para a escola do sexo masculino (Escola Conde de Ferreira, no Rossio de Alcochete), lugar que, entretanto, fora oficialmente criado.
Um mês depois o presidente da câmara ditaria ainda para a acta outra proposta, considerando que, por haver muitos adultos analfabetos, "a câmara resolve pedir a quem de direito que crie curso nocturno na escola masculina, assumindo as responsabilidades consequentes da decisão". A câmara dispunha-se a suportar as despesas inerentes e a proposta é aprovada por unanimidade.
Como não havia sala disponível na Escola Conde de Ferreira, em Janeiro de 1941 a câmara decide arrendar uma sala ao Grupo Desportivo Alcochetense para nela funcionar a terceira turma masculina do ensino primário.
Na sessão camarária de 26 de Setembro de 1941 aprova-se "solicitar superiormente a entrada em funcionamento do terceiro lugar feminino [de professor] das escolas da vila", criado no ano anterior a pedido da câmara, e a 10 de Outubro seguinte é decidido pagar a electricidade para o curso nocturno da escola masculina da vila, cuja sala ficou provisoriamente instalada numa sala do Asilo Barão de Samora Correia, cedida pela Santa Casa da Misericórdia.
Na mesma sessão é decidido que a regente da escola de São Francisco passaria a receber mais 120$00 anuais para a limpeza e expediente das aulas nocturnas. Em Outubro de 1943 a câmara pede ao director escolar de Setúbal que inicie, no ano lectivo seguinte, o curso nocturno no posto escolar de São Francisco, pagando a câmara as despesas de expediente e de iluminação.
Em Julho de 1944 a Santa Casa da Misericórdia informa a câmara que, a partir de Outubro seguinte, não mais poderia continuar a alojar a escola nocturna masculina e três meses depois é decidido que o município assumiria as despesas da electricidade com o funcionamento do curso nocturno.

(continua)

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2 comentários:

sousa rego disse...

O municipalismo de outrora é sempre um tema muito interessante nos tempos que correm.Diga-se que o seu autor tem vindo a abordar esta matéria com grande isenção e objectividade.

Fonseca Bastos disse...

O autor agradece o elogio e promete mais municipalismo de outrora e não só.