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construída em 1866, cujo edifício subsiste no
Largo Barão de Samora Correia
embora hoje com outra finalidade.
Tal como hoje, há 60 anos as escolas do ensino primário estavam a cargo da câmara e o Estado pagava apenas aos professores, embora a dimensão das responsabilidades e as despesas municipais pouco tivessem a ver com o que sucede na actualidade.
Na época o ensino era normalmente separado por sexos, pelo que as freguesias de Alcochete e Samouco possuíam uma escola masculina e outra feminina. Todavia, o posto escolar de São Francisco, criado em 1939, representava uma excepção e tinha frequência mista.
Em Alcochete os edifícios escolares foram construídos para esse efeito – a escola masculina era a Conde de Ferreira (datada de 1866), situada no antigo Rossio, único edifício que ainda subsiste – mas em Samouco os edifícios eram alugados e a sua construção teve em vista finalidade diversa.
Na freguesia de São Brás de Samouco, em meados de 1938, a renda semestral da escola masculina era de 300$. Em Março de 1939, Maria Carlota Pinho era a senhoria do edifício da escola feminina da mesma freguesia, por cujo arrendamento a câmara pagava semestralmente 240$00.
O arrendamento do primeiro posto escolar de São Francisco data de Janeiro de 1939, sendo a renda mensal de 60$00 paga ao senhorio José Maria Correia. Era – diz-se na acta camarária em que tal decisão é ratificada – "a única casa em condições", embora fosse necessário adaptá-la. A câmara incumbiu-se das obras, mas descontou o respectivo valor na renda até ao seu integral pagamento.
A intenção era criar um posto misto, englobando alunos dos dois sexos, então caso único no concelho. Logo que o posto começa a funcionar subsiste a necessidade urgente de encontrar habitação para a respectiva regente, para o que a professora fazia insistentes pedidos à câmara. E sem a anuência ver-se-ia "impedida de exercer a sua missão de forma eficiente".
Um ex-aluno da primeira metade da década de 50 recorda que essa regente, então em final de carreira, tinha vincada personalidade e era muito exigente, sendo temida e conhecida como "Sarnica" entre a garotada. Sabe-se hoje que incomodava a própria edilidade da época.
Ainda em 1939 reconhecia o professor primário Francisco Leite da Cunha, então chefe da edilidade, que, "embora nenhum diploma obrigue a câmara e outros corpos administrativos a darem habitação aos agentes do ensino, antes pelo contrário", (...) "muitas vezes os agentes de início encontram dificuldades em se instalarem convenientemente, muito embora à sua conta, e observa-se uma tendência, até expressa em variadíssimas disposições da lei, de tentar obviar a este inconveniente".
Prossegue a declaração do presidente da câmara para a acta: "procurei dar-lhe remédio e parece-me tê-lo encontrado. Existe no lugar de São Francisco uma casa, propriedade de José Soares, onde facilmente e com ligeiros trabalhos de adaptação poderá funcionar o posto escolar e servir ao mesmo tempo de residência da respectiva regente". Assim, o presidente propõe que a câmara arrende a casa por 50$00, pagos semestralmente, vigorando o contrato a partir de 1 de Outubro seguinte e por tempo indeterminado.
Após ter pago a adaptação do primeiro edifício, nove meses depois a câmara decide transferir o posto escolar para outro local, de modo a assegurar também a residência à regente. A proposta seria aprovada por unanimidade.
continua
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