03 fevereiro 2009

Municipalismo de outrora (10): Misericórdia rica, câmara pobre

À data dos factos descritos no texto o hospital
da Misericórdia funcionava neste edifício.


Na reunião da edilidade realizada a 13 de Julho de 1940, preocupado por nesse ano terem sido emitidas 41 guias de internamento hospitalar gratuito – quase tantas como ao longo de cada um dos anos anteriores – o presidente da câmara dita para a acta a seguinte proposta:
"Considerando que a câmara não só jamais se verá livre da dívida aos Hospitais Civis, como ainda há que assistir ao seu constante aumento, delibera oficiar às juntas de freguesia e médicos do concelho solicitando-lhes o seu maior interesse no sentido de diminuir o número de guias".
No entanto, no final desse ano continuaria elevado o número de guias de hospitalização.
Em Dezembro de 1943 – em plena II Grande Guerra Mundial – a câmara decide pedir à Misericórdia local que assuma as despesas dos doentes pobres internados nos Hospitais Civis de Lisboa, invocando dificuldades em geral dos municípios por diminuição de receitas e aumento constante das despesas obrigatórias. Considerava a edilidade que tais actos de benemerência se coadunavam implicitamente com a índole da instituição.
Embora 1943 seja o ano em que o terceiro barão de Samora Correia, Carlos Ferreira Prego, deixa importante herança à Misericórdia de Alcochete, a pretensão da câmara teria sido mal sucedida porque as autorizações de hospitalização gratuita de pobres continuarão nos dois anos posteriores.
Em Junho de 1944 aparece ainda o primeiro munícipe a apresentar petição de amparo à câmara, porque seu filho fora recenseado para prestar serviço militar no Exército e não possuía meios de subsistência. De acordo com o previsto no regulamento dos serviços de recrutamento militar, desde Agosto de 1911, a câmara decide pagar a esse munícipe um subsídio de 5$ mensais.

continua

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