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Porque o local é muito frequentado pelos de cá e pelos forasteiros, causando sempre má impressão situações destas, fica expressa a recomendação ao serviço municipal de águas para mandar reparar a válvula.
Poupem água, vá lá.
Como obra do mandato – passível de concretização em quatro anos, segundo o critério expresso no texto anterior – devo ainda incluir outra jóia: a Casa do Mirante.
Restam no concelho escassos edifícios classificados, quase todos propriedades privadas, que urge preservar.
Residência emblemática de Samouco, construída em 1917 por ordem de Estêvão Rebelo, a Casa do Mirante está classificada, há muitos anos, como imóvel de interesse arquitectónico municipal.
Mas, tal como noutros casos (um deles referido aqui), o seu estado de conservação indicia que, qualquer dia, a casa vem abaixo. No terreno cabem vários edifícios de apartamentos e talvez a rentabilidade futura esteja também na origem do problema, não obstante ser exemplar único na vila e no concelho.
Exteriormente, na Casa do Mirante destacam-se o torreão octogonal, os frisos de azulejo nas fachadas (adufas ou rótulas típicas da tradição alcochetana), em particular os que contêm grandes amores perfeitos, os varandins e o gradeamento em ferro forjado.
Já que a edilidade de Alcochete resolveu descentralizar algumas reuniões públicas – a primeira está agendada para dia 22, em Samouco – deixo à vossa consideração alguns exemplos daquilo que neste texto sugeri: aproveitar tais sessões para anunciar (e cumprir, obviamente) benefícios efectivos aos alcochetanos residentes na periferia do Largo de São João.
As imagens acima ilustram obras por realizar na vila de Samouco, tendo-as ordenado segundo um ponto de vista pessoal também expresso neste texto: obras de curtíssimo prazo (em 100 dias, simples e de baixo custo), de curto prazo (entre 6 meses e um ano, simples e de custo médio) e de médio prazo (segundo e terceiro anos, complexidade relativa e dentro das disponibilidades do município).
Propositadamente, limitei-me a aspectos bem visíveis e que há muito me chocam na vila. Se desejasse ser exaustivo haveria muito mais para apontar. Qualquer autarca que deseje honrar a confiança nele depositada deveria dar prioridade a estes casos.
"Clique" sobre as imagens para ver ampliação.
Obras de curtíssimo prazo
(imagem 1)
A rotunda da Rua Bento Gonçalves tem soluções fáceis. A menos cansativa é mandar lá um rebanho de ovelhas. Nada se perde e alguém ganha para fabricar queijos artesanais.
Pensei em cavar este espaço esquecido e plantar umas couves. Se a terra é de quem a trabalha e a maré política favorável, fácil seria correr com o latifundiário e reivindicar a posse desta terra depois de amanhada com o suor do meu rosto.
Mas decidi ceder o meu direito de superfície se o latifundiário prometer que a rotunda mudará de aspecto nos primeiros seis meses de mandato. Passaram apenas 100 dias, que diabo!
(imagem 2)
As fontes são a tentação de muitos autarcas 'rotundeiros' deste país e "nuestros hermanos" vendem-nas bem e aos molhos. Esta começou há uns meses mas... empanou. Não tem água, nem azulejos, nem luz, nem ponta por onde se lhe pegue. Pensei fundir em bronze uma versão pessoal do Maneken Pis belga, ou esculpir a minha visão do falo de Cutileiro que plantaram ao alto do Parque Eduardo VII (Lisboa), colocando a minha obra no topo deste monumento adiado. Mas desisti porque sou mau demais a partir pedra!
Que prendados são certos autarcas portugueses. E a gente deixa!...
Obras de curto prazo
(imagem 3)
O porto palafítico seria uma "jóia da coroa" – de Samouco e até do concelho – não fosse estar transformado nesta vergonha. Pior cego é quem nunca quis reparar nisto!
Tenho muita pena que as lagartas – as malditas "processionárias do pinheiro" – na origem do forçado encerramento do parque de merendas, desde 26 de Janeiro, não façam romaria à vegetação do quintal de quem deixou jóias ao abandono. Adoro ver Lisboa daqui. Mas só na praia-mar, porque na baixa-mar saio daqui irritado com a estupidez humana!
(imagens 4 e 5)
A Quinta da Caixeira é um dos pontos negros do concelho e por isso mostro duas imagens. Há lá de tudo: entulho, lixo, erva, passeios escalavrados, veículos abandonados, desleixo e incúria q.b. Esse bairro, sim, parece situar-se no Samouco (apetecia-me escrever no ## de Judas, mas o "Diácono Remédios" não deixa).
Poderia ser um bairro pacato e simpático, mas não é. Além do mais, que não é pouco, nele abundam espaços abandonados. Os técnicos denominam-nos "zonas expectantes".
E nós na expectativa de que alguém se lembre de que perto vive gente! Espantado fico eu por a câmara e os seus arquitectos paisagistas não terem o mínimo respeito pelos moradores da Quinta da Caixeira!
(imagem 6)
Até já perderam o respeito ao grande Luíz Vaz! Há tanta erva na Rua Luís de Camões que será necessário apascentar uma boa manada de gado vacuum para a ver dali para fora. Neste caso, com tanto espaço expectante, pensei juntar um grupo de amigos e criar uma horta da malta. Eu produzo rabanetes, o vizinho de cima dedica-se às alfaces, o vizinho de baixo fica-se pelos tomates, o do rés-do-chão planta pepinos e todos juntos temos uma salada comunitária. Agora a sério: tropeço neste sítio há meia dúzia de anos, pelo menos. Não sucede o mesmo com mais ninguém do poder?
(imagem 7)
A Rua Marcelino Vespeira parece-me um caso de estudo. Vespeira é filho famoso de Samouco e um dos grandes pintores portugueses contemporâneos, tendo-se notabilizado pela versatilidade. Passou por várias correntes estéticas e em todas se destacou.
Esta artéria parece-me não ser de Samouco mas do Samouco, outrora sinónimo de um recôndito lugarejo terceiromundista. Nem Vespeira nem os moradores têm direito a alcatrão e passeios. Porquê?
Pergunto: os residentes nesta artéria têm desconto no Imposto Municipal sobre Veículos, considerando que gastam mais que os outros na manutenção dos respectivos popós? Têm desconto na água por serem forçados a lavá-los frequentemente, a limpar o calçado se saírem à rua em dia de chuva e a lavar a roupa mais de uma vez devido à poeira?
Obras de médio prazo
(imagem 8)
A Rua Bento Gonçalves – para quem não sabe é um ex-tarrafalista (1902-1942) – não lembraria ao Diabo.
Tem tanto por onde pegar que o mais difícil é escolher. Neste espaço, em concreto, está tudo por fazer. Presumo que, um dia, quando os homens quiserem, haverá aqui um jardim. Mas como os homens nunca mais se entendem, espero bem que a mãe Natureza faça o favor de cobrir depressa o resto das pedras com erva para ocultar a vergonha.
Esteve um militante comunista preso seis anos e morreu no Tarrafal, para ter direito a uma rua neste estado! Acho que certos homens de hoje mereciam a "frigideira"!
Por agora chega. Quando se aproximar a hora de outras reuniões descentralizadas mostrarei mais misérias.