O marxista vive uma impostura intelectual, tendo consciência desse facto.
O que faz o marxista persistir na sua ilusão, revolta contra Deus ao fim e ao cabo, é a libido dominandi, vale dizer, a vontade de poder.
Ouçamos Marx: «Um ser só se dá como autónomo quando assenta sobre os seus próprios pés; e ele só assenta sobre os seus próprios pés quando deve a si mesmo a sua existência» (Karl Marx, Der Historische Materialismus. Die Fruhschriften, Landshut und Mayer, Leipzig, 1932, pág. 305).
Tal como se vê, a 'existência' no texto marxiano não significa a efectividade ordenada a Deus. Esta tem de ser destruída, segundo Marx, porque o materialismo dialéctico defende que o homem deve tornar-se no criador da sua existência.
Marx formou a sua ideia de Filosofia a partir de Hegel. Ouçamos este último: «Colaborar para que a Filosofia se aproxime [...] da meta de poder abandonar o seu nome de amor ao saber e ser saber efectivo, é aquilo a que eu me proponho» (Hegel, Phanomenologie des Geistes, Johannes Hoffmeister, Hamburgo, 1952, pág. 12).
Se lermos o Fedro de Platão, o saber efectivo é Deus, mas para Hegel a fonte do saber efectivo é o homem, isto é, a criatura divinizada.
Marx foi um discípulo bem digno do mestre!
2 comentários:
O verdadeiro milagre
Um grande milagre, em pleno séc. XXI, é ainda haver pessoas que acham que a sua existência é devida a alguma dinvidade....
E ainda mais curioso, acharem que a democracia anda de mão dadas com a religião.
Certamente não serei um ser humano melhor que "anónimo", mas há uma diferença entre nós os dois: eu dou o nome, que rosto é, por aquilo que acredito, mas o meu interlocutor esconde a sua descrença no anonimato.
O que me levará a dar o meu nome pela minha fé e "anónimo" a esconder o seu nome pela sua descrença?
Outra diferença entre mim e "anónimo" é que eu ordeno a minha existência a um Ser para lá dos seres, mas o comentador sob anonimato ordena a sua existência através de si mesmo.Isto chama-se o assassínio de Deus. Mas quem assassina Deus o que quer é tornar-se um deus. Para quê?
Religião e Democracia são mundos autónomos. Por exemplo, no caso do Catolicismo, a hierarquia da Igrega não pode interferir nos assuntos do Estado. Mas isto não quer dizer que o Estado não esteja sujeito a uma moral porque o Estado é laico, mas não imoral.
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