15 fevereiro 2006
Meus Pressupostos e Ecologia
Alguns dos meus textos que ficaram para trás teriam ferido a susceptibilidade de um ou outro visitante. Um pedido de desculpas também é ecológico, razão por que o registo aqui.
Para a clareza do debate, passo a referir os pressupostos subjacentes a tudo o que escrevi, nomeadamente no âmbito da Ecologia.
O homem não foi feito para a Ecologia, mas esta é que foi feita para o homem. Quero dizer, por outras palavras, que a Ecologia não é um fim, mas apenas meio. O fim é o homem, criatura ordenada à transcendência: «o acontecimento decisivo, o acontecimento autenticamente filosófico que fundou a politike episteme foi o discernimento de que os graus de ser que são diferenciados dentro do mundo são ultrapassados por uma fonte do ser e da sua ordem que está além deles» (Voegelin, Eric, Ciência, Política e Gnose, Ariadne, Coimbra, 2005).
Esta é a base de tudo o que doravante escrever em matéria de Ecologia.
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8 comentários:
Ó João, nem é "meio" nem "fim". Tão só princípio. Vale?
Um abraço, aqui da direita do rio,
António
António, nem "princípio" nem "fim". Tão só meio. Vale?
Um abraço tagidano
João
António, fora de quaisquer brincadeiras para as quais sabes que não me presto muito, quando pareces defender que para ti a Ecologia é "princípio", não estarás imerso na mais pura imanência? Se estás, qual a distância que daí vai à idolaria?
João amigo,
Qual imanência, qual idolatria! Isso é retórica pour épater le bourgeois, tem lá paciência. Aqui trata-se de questões essenciais à própria sobrevivência do mundo, do planeta e da sua qualidade enquanto espaço habitado por nós. Topas?
Um abração,
António
António, há quem fale no fim do comunismo, mas eu vou muito pouco por esse lado.
Para mim, o comunismo, se quiseres, o socialismo na acepção ortodoxa, está hoje em dia mais activo do que nunca. A estratégia é que é outra. Há a ilusão de que os indivíduos têm uma liberdade ilimitada, o que torna a trama mais tenebrosa.
Hoje os sucedâneos dos comunistas e/ou socialistas clássicos já não falam no proletariado, mas sim na Ecologia. Atraváes desta, de forma subtilíssima, comandam a liberdade dos indivíduos. Aparentemente, os ecologistas levam a cabo esta empresa dentro de parâmetros liberais, mas a verdade é que a gestão da casa comum é a desculpa para a transmutação do valor da Religião tradicional, do Direito, da Moral, etc.
João,
Quanto à liberdade não tenho ilusões. Hoje, temos uma liberdade formal, pouco mais. Cada passinho que dás é "orwelianamente" espiolhado. Basta usares um cartãozinho, fazeres um telefonema, utilizares a Via Verde...ou, como em Londres, ires à rua para veres as montras. Como vês... Quanto à gestão da casa comum, quem a faz - e de que maneira! - é o capital, menino, é o capital! Reparaste que, numa situação de "crise", os bancos têm lucros brutais? E são geridos por quem? Ecologistas?
Aquele abraço,
António
António, tu estás-me a falar de megacapitalistas, melhor dito, de metacapitalistas cujo único fim é o domínio do Estado para os interesses próprios.
Ora tu sabes que os movimentos socialistas e comunistas favorecem o crescimento do poder estatal.
Estás a ver agora o elo que une expoentes do alto capital a todas as esquerdas à escala mundial?
Não, João, não estou a ver "o elo que une expoentes do alto capital a todas as esquerdas à escala mundial", mas o problema de ser meu.
Um abraço,
António
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