12 fevereiro 2006
Coisas que intrigam
Nós vemos os ecologistas a manifestarem-se contra a devastação das florestas, a desertificação dos solos, a poluição dos rios, mares e ares, etc.
Mas o que não vemos é os ecologistas a manifestarem-se contra uma clínica de aborto à escala industrial, a violência doméstica, o trabalho infantil, a pedofilia, o terrorismo, etc.
Evidentemente que esta verificação me leva a fazer perguntas...quiça incómodas para muita gente! Eis uma delas: por que razão os ecologistas denunciam a devastação de uma floresta que desertifica os solos, mas não denunciam o terrorismo que mata as pessoas? Esta pergunta instala a desconfiança na consciência de quem a faz e, naturalmente, gera logo outra: quem são os ecologistas e de que lado estão? Serão marxistas reciclados e estarão do lado dos terroristas? Será possível? Os esquerdistas chegaram a isto?
Talvez eu não saiba onde chegaram os esquerdistas de todos os matizes, mas, pelo seguro, sei que não chegaram à verdadeira dimensão do ser humano.
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5 comentários:
Sobre: "por que razão os ecologistas denunciam a devastação de uma floresta que desertifica os solos, mas não denunciam o terrorismo que mata as pessoas?". E daí, só reconhecemos valor a quem emite ideias sobre tudo?
E repare-se... a desertificação está a matar muito mais do que todos os terrorismos históricos juntos...veja-se a África "sub-sariana".
Isto reduz a importância do terrorismo? Não.
E note-se, se eu negligencio um domínio do conhecimento ou do discurso humano porque não emite sobre aquilo que eu acho que ele se deve prenunciar, não me poderei opor se partidários ou agentes desses domínios achem que aquilo que acho importante não tem, para eles, importância bastante e, por isso, o negligenciem!
Agora, noutro registo, parece cruel mas o futuro da humanidade, no sentido mais básico da mera existência, depende mais da "devastação das florestas, a desertificação dos solos, a poluição dos rios, mares e ares, etc." do que de "clínica de aborto à escala industrial, a violência doméstica, o trabalho infantil, a pedofilia, o terrorismo".
O que a ciência faz é procurar esclarecer sobre a evolução dos sistemas naturais. É procurar perceber se o que preocupa está ou não a acontecer. O que uns e outros fazem da informação coligida pela ciência não é responsabilidade da ciência.
Idem para a religião - pode-se julgar a religião pela leitura e uso casuístico do que uns e outros fazem da sua "informação"?
Repare-se que há religiões que emitem preocupações ecológicas!
O meu amigo, ainda que, hipoteticamente, vote no CDS-PP, tem uma estrutura mental de esquerda; eu, ainda que, hipoteticamente, vote na CDU, tenho uma estrutura mental de direita. As nossas visões do homem e do mundo estão em campos opostos, o que nos condena ainda mais à comunicação.
Renato, "...quem emite ideias sobre tudo» não emite ideias sobre coisa nenhuma. Isto é básico e bem o sabe o colega. Mas pergunto: o terrorismo é assim um assunto tão de somenos importância que possa ser remetido para as calendas gregas pelos ecologistas?
A ideia de que «...a desertificação está a matar muito mais do que todos os terrorismos históricos juntos...» não será ela mema uma justificação na linha mais estreita dos ecologistas para preterir a denúncia do terrorismo que faz cobardemente milhares de mortes brutais? Estas, na parte do seu comentário aqui transcrita e por si corroborada mais à frente, parecem merecer-lhe total indiferença (amicus Plato, sed magis amica veritas).
Não vou agora entrar na desmontagem de ideias que se expressam pelo uso e abuso de trocadilhos. Fá-lo-ia se para a consecução do meu projecto isso fosse imprescindível.
E qual é o meu projecto? O meu projecto é gritar aos quatro ventos que A ESQUERDA NÃO TEM RAZÃO.
Para terminar, digo e afirmo que sou defensor da Ecologia, mas de uma Ecologia humana que salvaguarde a essência do homem feita à imagem e semelhança de Deus. Nisto não fala o Renato nem os ecologistas porque o meu amigo e estes, consciente ou inconscientemente, são pela imanentização de tudo e todas as coisas. Deste mero horizontalismo me evadi eu porque para lá de mim há Algo infinitamente maior do que eu. Desta fé, isto é, deste sentido que a vida tem, é urgente o testemunho em vez de nos envergonharmos da matriz que alicerçou a nossa civilização, ocidental e cristã.
Eu não estou aqui a fazer julgamentos de valor. Sobre cosmovisões é óbvio que as nossas são diferentes. È conhecido. O meu valor social supremo é a LIBERDADE INDIVIDUAL EM SOCIEDADE. Se estivermos a falar em termos pessoais, coisa que detesto fazer nestes meios diria que esse é o meu meu projecto.
Um dos motivos para a minha posição é a de não pôr rótulos de superioridade a ninguém. A
té porque NINGUÉM tem superioridade na verdade que defende. Tem é de sujeitar as suas ideias aos demais e sujei~tá-las à opinião de outros com base em ARGUMENTOS MENSURÁVEIS em que se use critérios e conceitos reconhecidos por todos.
Essa é aliás a "matriz que ..." ALICERÇA "... a nossa civilização, ocidental..." PLURALISTA.
Sobre a Marxismo separado do comunismo doutros comentários queria referir-me à análise histórica que também se faz e pode fazer baseada nas relações materiais e sociais no seio de uma comunidade.
João amigo,
Quando falamos de X, Y ou Z, convirá sabermos do q falamos. É o q se passa com ecologistas e ecologia. Aqui vai, tirado do dicionário online da Texto Editores:
"ecologia
do Gr. oîkos, casa + lógos, tratado
s. f.,
ramo da Biologia que estuda as relações das plantas, dos animais e do homem com o meio ou com o ambiente;
estudo de um grupo territorial natural, no conjunto das suas relações com o meio geográfico e das condições de vida social;
mesologia;
movimento que visa o estabelecimento de um melhor equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, assim como a preservação deste último.
- humana: estudo da estrutura e desenvolvimento das comunidades e sociedades humanas, tendo em consideração os processos pelos quais as populações se adaptam aos seus ambientes".
Um abraço,
António
Eu também digo e afirmo que o meu projecto é a liberdade individual. Quero morrer a bater-me por esta matriz que é a do próprio Evangelho da Cruz e a do modelo ocidental de Democracia. Mas é preciso que sejamos consequentes com o nosso projecto, sabendo distinguir o trigo do joio.
A análise histórica pela análise histórica, isto é, a análise histórica como fim, não leva a parte nenhuma por ser puro imanentismo. Eu não estou contra os factos. Eu estou contra que nos rendamos aos factos, vale dizer, que nos escravizemos aos factos sem vermos mais qualquer coisa para lá deles.
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