Em meados de 1941 ocorre em Alcochete um surto de febre tifóide e, na sessão de 1 de Agosto, a câmara paga 51$ a uma senhora que prestara serviços no balnério público "durante a campanha contra o tifo".
Numa deliberação camarária, de Fevereiro desse ano, invoca-se o recenseamento geral da população, realizado no ano anterior, segundo o qual a principal freguesia (Alcochete) tinha 4000 habitantes e a periferia (incluindo Samouco) cerca de 2000 pessoas. Tais factos, somados à circunstância de haver "fáceis meios de comunicação no concelho", levaria a câmara a propor ao ministro do Interior que o segundo médico municipal residisse também na vila, embora prestasse serviço prioritário em Samouco.
O caso tinha alguns contornos políticos – possivelmente devido a divergências herdadas da restauração do concelho, em 1898, quando em Samouco surge um grupo que tenta manter a freguesia no município de Montijo – e a nomeação desse médico para a freguesia periférica andaria embrulhada cerca de ano e meio, resolvendo-se apenas na Primavera de 1944, ao ser nomeado o falecido dr. Manuel Simões Arrôs (1910-2007).
O processo tem início no Verão de 1942, quando o presidente da câmara propõe que o lugar seja posto a concurso, encetando logo diligências para que a sua residência seja fixada em Alcochete, para evitar problemas políticos futuros.
A proposta divide a vereação. Manuel Ferreira da Costa discorda da abertura do concurso, enquanto não for dada resposta a um pedido de esclarecimento da câmara, ao Ministério do Interior, formulado cerca de ano e meio antes.
António Antunes secunda a posição do presidente, mas sugere que se aguarde pela resposta da comissão incumbida de emitir parecer acerca da petição da câmara, invocando o argumento de que convinha "evitar que, colocado o médico na freguesia rural, não surjam depois dificuldades de ordem política local, nem prejuízos que obstem ao estabelecimento da residência do médico na sede do concelho, com prejuízo para a boa regularização da assistência clínica".
Só em Janeiro de 1943 a câmara decidirá abrir concurso para o segundo médico municipal, cujo cargo vagara cerca de dois anos antes devido a aposentação do anterior titular, e a nomeação vem a concretizar-se mais de um ano depois (em Março de 1944), quando a vereação vota em escrutínio secreto e decide por maioria admitir o dr. Manuel Simões Arrôs, que fixa residência em Alcochete embora prestasse sobretudo serviço em Samouco.
O Dr. Simôes Arrôs faleceu, em Alcochete, a 9 de Abril de 2007.
Texto anterior da série «Municipalismo de outrora» arquivado aqui.
continua
1 comentário:
Estou fora de Alcochete, desde outubro de 2000!
E foi ao ler este Artigo, que constatei esta triste notiçia!
Foi com pesar e muita mágoa, que constatei esta grande perda!
Mais um grande AMIGO partiu!
Que DEUS o acolha e o abençoe!
P.Gouveia
http://sol.sapo.pt/blogs/isfgep/
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