Em Fevereiro de 2006 , antevendo a minha saída do GDA , entreguei ao clube ( na altura a viver uma fase de indefinição no que respeita à eleição de uma nova direcção) um documento intitulado «DA QUALIDADE NA FORMAÇÃO À QUANTIDADE NA COMPETIÇÃO».
Fi-lo , porque entendi dever deixar ao clube um legado de uma experiência de 4 anos ao serviço do GDA , legado que ultrapassou o plano dos resultados desportivos, e aque assumiu assim a forma de um testemunho sobre a experiência vivida e, naturalmente, em função dessa experiência, uma proposta séria de reflexão sobre o futuro do clube.
O principal objectivo desse documento foi e citando a respectiva página 4 «... unir todos aqueles que nos últimos anos têm directa ou indirectamente intervido na vida do clube, bem como os respectivos sócios e simpatizantes em torno de um Projecto que permita, no plano do médio e longo prazo, através da valorização da FORMAÇÃO chegar à ALTA COMPETIÇÃO , QUE PERMITA , ATRAVÉS DA FORMAÇÃO , TRANSFORMAR O PERFIL DO CLUBE , DE UM CLUBE RECRUTADOR PARA UM CLUBE AUTOSUFICIENTE E FORNECEDOR , ISTO É , ATRAVÉS DE UM TRAJECTO SUSTENTADO QUE PERMITA COM O REFORÇO DA QUALIDADE NA FORMAÇÃO CHEGAR À QUANTIDADE NA COMPETIÇÃO SÉNIOR.»
Nesse trabalho preconizei uma maior qualificação material e humana do futebol juvenil do GDA , factor que permitirá a médio prazo colocar o clube no patamar da ALTA COMPETIÇÃO ao nível do futebol juvenil e por consequência, ao nível do futebol sénior.
Ou seja, e dito por outras palavras, quanto mais equipas e jogadores tivermos a disputar os patamares mais competitivos e exigentes do futebol juvenil, maior quantidade e qualidade de jogadores formados no clube poderão servi-lo quer no plano dos respectivos activos ou mais valias financeiras (leia-se cedência dos direitos desportivos a outros clubes com as respectivas contrapartidas financeiras - veja-se o caso de Nani que permitiu recentemente ao Real Massamá encaixar mais de um milhão de euros por compensações devidas pela sua transferência do Sporting para o Manchester United), quer no plano desportivo do futebol sénior.
Por outro lado, o trajecto proposto da qualidade na formação à quantidade na competição sénior, permitiria reforçar a mística do clube por força da maior ligação afectiva que esses jogadores inevitavelmente terão com o emblema do GDA por comparação a jogadores sistematicamente recrutados de fora do clube.
Nesse documento defendi portanto o reforço do investimento no futebol juvenil, com as enormes vantagens que tal proporcionará a médio/longo prazo ao clube . Deixei contudo claro que tal NÃO SIGNIFICA o fim do futebol sénior.
Poderá significar, ainda que transitoriamente, um ajustamento do investimento no futebol sénior por força de alguma repartição de receitas com o futebol juvenil, sem que tal signifique necessariamente um abaixamento do nível competitivo das equipas seniores, até porque o passado recente do clube ( na época passada contra todas as expectativas esteve quase a subir de divisão) encarregou-se de provar que o valor da equipa sénior não se mede em termos de orçamento, e que o volume de investimento não é sinónimo de sucesso garantido.
Trata-se de um risco que toda a comunidade de dirigentes, sócios e simpatizantes do clube deverá assumir, sempre na perspectiva de que o capital humano na forja dos escalões de formação poderá a médio prazo significar uma mais valia financeira e competitiva para o futebol sénior do clube.
Para tal , e como referi a páginas 25 e 26 desse documento , seria necessário «...que qualquer Direcção que ouse enveredar pela via sugerida, ou por outra similar, se deva legitimar previamente com a aprovação dessa opção estratégica em Assembleia Geral após um debate público sobre a mesma e depois de garantir a todos a possibilidade de conhecerem a analisarem o Projecto antes de o ratificarem através do voto.»
Quanto à implementação desse Projecto escrevi a páginas 29 e seguintes:
«Preferimos antes centrar a atenção em dois vectores nucleares ao sucesso de qualquer Projecto para o futebol Juvenil digno desse nome:
1º - A instalação de um campo sintético.
2º - Melhoria e reforço dos meios de transporte do Clube.
1º - O FACTOR PISO SINTÉTICO
A aquisição e instalação de um campo sintético deverá figurar entre os investimentos de máxima prioridade para o clube no curto/médio prazo.
A instalação de um piso dessa natureza, marcado para ali permitir a realização de jogos oficiais de futebol de onze e de sete aporta as seguintes mais valias para o clube e respectivo futebol juvenil:
- Desde logo aumento exponencial da capacidade de captação e recrutamento de jogadores ao nível de todos os escalões, mas sobretudo ao nível dos escalões de pré-escolas e escolas.
Efectivamente, está demonstrado, que a instalação de um piso sintético funciona só por si como um chamariz para muitos jovens e respectivos encarregados de educação, muitos dos quais acabam por evitar inscrever os seus filhos em clubes que não oferecem condições de trabalho adequadas. Será certamente significativo o número de pais que opta por não inscrever os seus filhos quando deparam com um pelado mal iluminado, cheio de lama e sem grandes condições para se desenvolver um trabalho com qualidade.
A instalação de um sintético poderá ser decisivo na criação de fontes de receitas autónomas para o futebol juvenil, na medida em que o piso sintético permitirá acolher um maior número de jogadores ao nível das etapas mais jovens da formação, permitindo criar condições para legitimar a cobrança de uma mensalidade fixa por cada miúdo que se inscrever no clube.
À semelhança do que acontece em clubes cuja realidade conhecemos como é o caso do Oeiras, Real Massamá, Benavente e mais recentemente o Cova da Piedade e a partir da próxima época o Moitense , logo que a instalação daquele piso no campo do Juncal esteja pronto, para além de uma jóia de entrada, cada miúdo paga uma mensalidade fixa pela frequência das escolas de futebol do clube. A cada jogador é distribuído um “kit” com um equipamento completo de jogo e treino que fica à guarda e responsabilidade dos respectivos encarregados de educação até ao final da época.
No caso do Real Massamá, o clube definiu protocolos com ATL e Escolas Particulares da zona, as quais, durante o dia, utilizam o campo do clube para actividades desportivas dos seus alunos e utentes contra o pagamento de uma mensalidade ao clube. No caso do Real Massamá, cerca de 1000 crianças frequentam semanalmente o campo do clube, numa iniciativa que para além de ser financeiramente compensadora, permite potenciar exponencialmente o esforço de captação e identificação de valores para o clube.
Outros casos há, como no Sintrense, em que se estabelecem protocolos com jogadores e treinadores de primeiro plano do futebol nacional para utilizarem o clube como Escola de Futebol. Tal facto permite atrair inúmeros jovens para as Escolas de Futebol do clube, o qual, para além das receitas adicionais, terá sempre direito de preferência na escolha dos melhores valores para progredirem no clube, ou direito a uma percentagem na compensação financeira em caso de saída para outros clubes.
Tal esforço de captação e recrutamento de valores tem também repercussão directa ao nível dos outros escalões numa perspectiva de captação, a qual poderá ser promovida no âmbito da actividade do Departamento de Captação cuja criação sustentámos.
Aconteceu-me diversas vezes não conseguir trazer para o GDA jogadores para a equipa de juniores porque preferiam trabalhar em clubes que oferecessem melhores condições de trabalho.
1º - A instalação de um campo sintético.
2º - Melhoria e reforço dos meios de transporte do Clube.
1º - O FACTOR PISO SINTÉTICO
A aquisição e instalação de um campo sintético deverá figurar entre os investimentos de máxima prioridade para o clube no curto/médio prazo.
A instalação de um piso dessa natureza, marcado para ali permitir a realização de jogos oficiais de futebol de onze e de sete aporta as seguintes mais valias para o clube e respectivo futebol juvenil:
- Desde logo aumento exponencial da capacidade de captação e recrutamento de jogadores ao nível de todos os escalões, mas sobretudo ao nível dos escalões de pré-escolas e escolas.
Efectivamente, está demonstrado, que a instalação de um piso sintético funciona só por si como um chamariz para muitos jovens e respectivos encarregados de educação, muitos dos quais acabam por evitar inscrever os seus filhos em clubes que não oferecem condições de trabalho adequadas. Será certamente significativo o número de pais que opta por não inscrever os seus filhos quando deparam com um pelado mal iluminado, cheio de lama e sem grandes condições para se desenvolver um trabalho com qualidade.
A instalação de um sintético poderá ser decisivo na criação de fontes de receitas autónomas para o futebol juvenil, na medida em que o piso sintético permitirá acolher um maior número de jogadores ao nível das etapas mais jovens da formação, permitindo criar condições para legitimar a cobrança de uma mensalidade fixa por cada miúdo que se inscrever no clube.
À semelhança do que acontece em clubes cuja realidade conhecemos como é o caso do Oeiras, Real Massamá, Benavente e mais recentemente o Cova da Piedade e a partir da próxima época o Moitense , logo que a instalação daquele piso no campo do Juncal esteja pronto, para além de uma jóia de entrada, cada miúdo paga uma mensalidade fixa pela frequência das escolas de futebol do clube. A cada jogador é distribuído um “kit” com um equipamento completo de jogo e treino que fica à guarda e responsabilidade dos respectivos encarregados de educação até ao final da época.
No caso do Real Massamá, o clube definiu protocolos com ATL e Escolas Particulares da zona, as quais, durante o dia, utilizam o campo do clube para actividades desportivas dos seus alunos e utentes contra o pagamento de uma mensalidade ao clube. No caso do Real Massamá, cerca de 1000 crianças frequentam semanalmente o campo do clube, numa iniciativa que para além de ser financeiramente compensadora, permite potenciar exponencialmente o esforço de captação e identificação de valores para o clube.
Outros casos há, como no Sintrense, em que se estabelecem protocolos com jogadores e treinadores de primeiro plano do futebol nacional para utilizarem o clube como Escola de Futebol. Tal facto permite atrair inúmeros jovens para as Escolas de Futebol do clube, o qual, para além das receitas adicionais, terá sempre direito de preferência na escolha dos melhores valores para progredirem no clube, ou direito a uma percentagem na compensação financeira em caso de saída para outros clubes.
Tal esforço de captação e recrutamento de valores tem também repercussão directa ao nível dos outros escalões numa perspectiva de captação, a qual poderá ser promovida no âmbito da actividade do Departamento de Captação cuja criação sustentámos.
Aconteceu-me diversas vezes não conseguir trazer para o GDA jogadores para a equipa de juniores porque preferiam trabalhar em clubes que oferecessem melhores condições de trabalho.
- Melhoria significativa das condições de trabalho. Para além do facto de ser inviável passar diariamente o pelado, o qual, durante a semana se encontra completamente irregular dificultando o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do trabalho técnico individual de cada jogador e a execução de exercícios de conteúdo táctico, é do conhecimento geral que durante os períodos de chuva que coincidem com grande parte da época desportiva, o pelado se transforma num verdadeiro pântano prejudicando ou mesmo impedindo de todo a realização dos treinos, para além de, directa ou indirectamente, por em causa a integridade física dos jogadores.
- Melhoria da qualidade dos treinos. Como foi acima referido, todo o trabalho de âmbito técnico-táctico, no plano individual e colectivo beneficia naturalmente da qualidade do piso em que se desenvolve o treino e a competição, conseguindo-se assim maior eficácia no desenvolvimento e qualificação dos jogadores.
Um aspecto que entendo relevante e que entendo necessário ao máximo aproveitamento do relvado sintético em termos da sua influência directa no aumento exponencial da sua capacidade de mobilização e captação de jogadores tem naturalmente a ver com a sua LOCALIZAÇÃO.
Se atentarmos no caso do excepcional complexo desportivo de SAMORA CORREIA entendemos a razão desta preocupação.
Quando recentemente me desloquei a Samora Correia para ali disputar um jogo particular, os dirigentes daquele clube manifestaram-me algum desalento pelo facto do complexo desportivo ter sido instalado numa zona distante do centro urbano de Samora Correia, facto que explica a razão de muitos dos jovens da localidade e arredores optarem por se inscrever na A.R.E.P.A. – Porto Alto, clube igualmente proprietário de um sintético, cuja localização acaba por ser mais vantajosa para os próprios naturais de Samora Correia.
Como há muitos pais que não podem ou não têm condições de transportar os filhos até ao complexo desportivo de Samora Correia, que ainda dista 4-5 Km do centro daquela localidade, o clube local não conseguiu potenciar a sua capacidade de captação com a melhoria dos seus equipamentos desportivos.
No caso do GDA, é óbvio que a fraca qualidade dos equipamentos desportivos colocados à disposição dos atletas dos escalões jovens tem sido relativizada pela excepcional localização do campo pelado.
No caso do GDA, é óbvio que a fraca qualidade dos equipamentos desportivos colocados à disposição dos atletas dos escalões jovens tem sido relativizada pela excepcional localização do campo pelado.
Efectivamente o facto do campo se situar praticamente no centro da vila permite a muitos jovens deslocar-se a pé com facilidade até ao local do treino. Imaginemos então um cenário em que, para além das más condições de trabalho disponibilizadas ao futebol juvenil do clube, a respectiva localização impedia muitos dos miúdos de ali se deslocarem sem ser de carro ou transportes públicos. Nessa hipótese provavelmente que o clube nem teria jogadores suficientes para inscrever nos diversos escalões.
Ou seja, é FUNDAMENTAL que a Direcção tenha a noção que a LOCALIZAÇÃO privilegiada do velho “Foni” é, apesar das fracas condições que o mesmo oferece, um dos únicos e principais factores que ainda assim leva a que muitos jovens aceitem treinar nas condições em que treinam. Imaginemos então o que seria um sintético naquele local.
É pois imperioso que se evite a tentação da alienar aquele espaço para construir um campo de futebol num local ermo ou de acesso difícil sem recurso a automóvel e cuja localização não permita aos jovens residentes em Alcochete deslocar-se sem ser com a ajuda dos pais ou familiares. Como muitos estão ainda nos empregos ou a sair dos empregos à hora em que começam os treinos das camadas mais jovens, muitos não teriam a oportunidade de se sequer comparecer nos treinos.».
Ou seja, é FUNDAMENTAL que a Direcção tenha a noção que a LOCALIZAÇÃO privilegiada do velho “Foni” é, apesar das fracas condições que o mesmo oferece, um dos únicos e principais factores que ainda assim leva a que muitos jovens aceitem treinar nas condições em que treinam. Imaginemos então o que seria um sintético naquele local.
É pois imperioso que se evite a tentação da alienar aquele espaço para construir um campo de futebol num local ermo ou de acesso difícil sem recurso a automóvel e cuja localização não permita aos jovens residentes em Alcochete deslocar-se sem ser com a ajuda dos pais ou familiares. Como muitos estão ainda nos empregos ou a sair dos empregos à hora em que começam os treinos das camadas mais jovens, muitos não teriam a oportunidade de se sequer comparecer nos treinos.».
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Quem se der ao trabalho de ler este «post» , compreendará certamente a enorme alegria que eu sinto quando diáriamente passo junto ao velho «Foni» e constato a concretização de uma obra que reputo de nuclear ao futuro do clube. O sonho do sintético do Alcochetense é quase uma realidade.
O mérito é naturalmente inteirinho da actual direcção. Goste-se mais ou menos do perfil pessoal de alguns dos seus protagonistas , a verdade é que até à data e face ao que todos vemos , justifica plenamente o voto de confiança que eu e tantos outros os sócios lhes deram nas sucessivas Assembleia Gerais realizadas desde Maio 2006.
O dia da inauguração dos novos equipamentos desportivos do GDA marcará na minha opinião a página mais alta da história do clube desde a construção do estádio , sendo indubitavelmente um facto , que pela sua importância , se sobrepõe a todos os sucessos desportivos do nosso clube.
Esta Direcção ficará necessariamente na história do clube.
Viva o GDA
Luis Proença - sócio nº 854 do GDA
1 comentário:
Venham mais 50 homens e mulheres capazes de estudar os problemas, propor soluções e, acima de tudo, pô-las em prática.
Disso é que precisamos. E muitíssimo!
Por isso escrevi, alguns posts antes, que esta equipa vai longe.
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