24 julho 2006
Respostas políticas
Alguém me fez chegar duas perguntas em jeito de recado: ganha alguma coisa com as insistentes críticas ao actual poder autárquico? Não correrá o risco de contribuir para o regresso ao passado recente?
Não aspiro a ganhar nada. Nunca retirei, nem penso retirar, quaisquer benefícios da intervenção cívica neste blogue e noutras iniciativas anteriores e posteriores.
Somente gostaria de conseguir a mudança de atitude da comunidade e das forças políticas locais. Aquela porque se alheia demasiado de assuntos em que deveria intervir. Estas por serem inexistentes ou não honrarem nem a mínima parte do que prometem.
E nestas nem distingo entre extrema esquerda, esquerda, centro ou direita, porque o problema é comum e radica no respeito escrupuloso de princípios como a seriedade, a honra, a verdade e a ética políticas. Quem se submete ao sufrágio popular, ganhe ou perca tem de honrar o mandato. Com ou sem lugar nos órgãos, tem um compromisso de lealdade com os eleitores. O dever de informar é o mínimo. Quem não tiver vida nem paciência para tal, no futuro será melhor dispensar-se de concorrer a cargos públicos.
São preocupantes os factores negativos de índole político-partidária, somados ao distanciamento dos cidadãos. Dão rédea solta ao poder para decisões precipitadas e irreflectidas. Algumas serão menos gravosas e poderão corrigir-se no futuro. O pior são as irreversíveis e, quase sempre, tardiamente conhecidas, com pesados e prolongados custos directos e indirectos.
Quanto ao regresso ao passado, julgo poder estar descansado embora continue atento. Se mudar de ideias di-lo-ei sem hesitações.
Primeiro, porque o passado recente foi nebuloso, deu imensas lições aos alcochetanos, creio na inteligência destes e duvido que desejem insistir nos mesmos erros.
Segundo, por ser vontade de gente com quem converso evitar o retorno a tempos de opacidade, de arrogância, de prepotência, de deslealdade, de traição, de mentira e não só. É certo haver quem me pareça excessivamente titubeante, mas admito as justificações para tal.
Não creio que os cidadãos e essa gente esqueçam, facilmente, tal período obscuro da vida local, cujo balanço ainda é ignorado por aqueles mas esta conhece razoavelmente. Esse passado é recente e deixou sequelas, inclusive em pessoas e instituições, pelo que me recuso a admitir falhas de memória. E quem não souber nada pergunte por aí, pois há respostas indesmentíveis em inúmeras esquinas.
É cedo para discutir o futuro – embora fosse saudável aparecer (depressa) alguém em quem, ao menos, se pudesse confiar – mas duvido que os lobos tenham a mínima hipótese, ainda que retornem mascarados de cordeiros.
Aliás, a alcateia era tão pouco coesa e solidária que depressa se desfez. Cada um foi à sua vida e alguns nem a conseguirão reconstruir facilmente. Oxalá a lição lhes sirva de emenda e outros tenham aprendido alguma coisa.
Os cidadãos podem andar preocupados com a vida, mal informados e pouco esclarecidos, mas parvos não são.
Isto serve para alertar quem pense apresentar-se como alternativa que já deveria tê-lo feito ontem. Se esteve de algum modo ligado ao passado, terá de dar provas inequívocas de que se afastou dos lobos.
Este recado deve ser ainda entendido por eventuais independentes que se misturem com dissidentes partidários.
Prepare-se para um longo e persistente trabalho de esclarecimento, de restabelecimento da confiança e de moralização do sistema político. Não hesite em apresentar propostas corajosas, porque os sentimentos de que me apercebo por aí são profundamente negativos. E, nestes casos, não raro um murro na mesa resolve muito.
Não acredito que volte a haver, em 2009, condições para a repetição das ingenuidades eleitorais de 2001 e 2005. O mínimo que poderá suceder é um nível de abstenção nunca antes verificado. Ronda já os 40% e, salvo se houver rupturas com o passado, duvido que fique por aí.
Imagem retirada de http://www.estudiantes.info/ciencias_naturales/images/lobo1.jpg
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