Marx, em meados do séc. XIX, dividiu a sociedade «...em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diametralmente opostas, a burguesia e o proletariado» (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, Aliança Editorial, Madrid, 2004).
Eu divido a sociedade em direita e esquerda, tirando todo o partido destas tão antigas quanto novas categorias.
No tempo de Marx, um burguês, detentor do capital, e um proletário, assalariado daquele, eram figuras antagónicas. Hoje, a própria base militante dos partidos políticos é interclassista e não há partido nenhum que não receba votos de empregadores e trabalhadores.
Por mais que muita gente possa estranhar, há grandes capitalistas que estão com a esquerda. O interesse comum desta e daqueles é o controlo do Estado.
Por outro lado, há pessoas das mais diferentes profissões que vivem simplesmente dos ordenados e votam na direita por considerarem que esta defende valores a conservar como os direitos individuais, a propriedade privada, a família, etc.
Há pessoas que se reclamam da esquerda, mas a análise do que escrevem nos órgãos de comunicação social diz-nos que têm uma estrutura mental de direita. O inverso também se verifica, embora a minha experiência me tenha confrontado com mais casos do primeiro tipo. Qualquer das situações resulta de interesses particulares e/ou ignorância.
De facto, como é que uma pessoa se afirma de esquerda e simultaneamente defende a família, se os valores ancestrais desta entram em conflito visceral com os daquela?
Finalmente, arrisco a dizer que, no fundo, somos quase todos de direita porque há valores indeléveis arreigados à estrutura intrínseca do ser que, ao mais pequeno descuido, põem a nu flagrantes contradições dos esquerdistas.
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