Não sou capaz de entrar numa sala de aula sem saber o que vou fazer. Isto quer dizer que toda a minha aula é previamente preparada, pelo menos nos seus traços mais gerais.
Também já me tem acontecido ir para uma aula muito bem preparadinho e a turma virar-me completamente as voltas ao plano. Na verdade, quando um aluno faz uma pergunta, quer uma resposta. Ora esta nunca é dada por mim num minuto. Respostas dadas em tão curto espaço de tempo ou encobrem a ignorância do professor(a) ou o desprezo pelo outro.
Vem este meu arrazoado a propósito do facto de que no Ensino frequentemente se fala em planear as aulas para um período ou até para um ano lectivo inteiro. Colegas que me conhecem prontificar-se-ão logo a dizer que o meu problema é não ser capaz de fazer um plano de aulas a três meses, tanto mais que eles sabem da minha aversão a folhas A4 seccionadas aos quadradinhos. Hoje não basta ser professor competente, é preciso parecê-lo. Ora eu não pareço um professor competente por muitas razões e também por essa de me ver aflito perante um papel com linhas verticais a cruzar horizontais como ferros em janela de prisão.
Mas, relativamente à planificação das aulas a médio e longo prazo, faço as seguintes perguntas: o sistema educatico e o económico não são inextricavelmente interdependentes? Que tipos de mercados queremos institucionalizar? Livres ou planificados? Numa visão liberal do homem e do mundo são os mercados livres que se defendem. A planificação dos mercados faz parte do universo comunista. Como economia e ensino não se podem separar, a defesa da dita planificação das aulas decorre de que estrutura mental?
Meus amigos, a planificação das aulas não é outra coisa senão um instrumento de poder (libido dominandi) nas mãos de alguns poucos professores.
2 comentários:
Não posso concordar na totalidade!
Dependerá do que se entender por planificação a longo ou médio prazo.
Fazer uma planificação pormenorizada para um período ou ano lectivo não poderei, obviamente, concordar; seria, certamente, constrangedor e inibidor de uma processo ensino-aprendizagem creativo, expontâneo e adaptado a cada situação.
Concordo inteiramente em planificar o ano lectivo ou o período com as grandes linhas orientadoras, estratégias, conteúdos e previsão de tempos, que possam servir de matriz, sempre possível de readaptar a qualquer momento. Este tipo de planificação tem utilidade acrescida quando temos de cumprir um programa para alunos que irão ser sujeitos a um exame nacional.
Meu caro colega, é evidente que, tal como defendes as coisas, eu concordo inteiramente contigo.
Eu escrevi o texto que escrevi exactamente para ver se consigo ainda preservar o espírito do teu.
Acabo este apontamento, pedindo-te que intervenhas neste blog com as tuas opiniões. Precisamos delas.
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