22 abril 2006

A ilusão marxista


No fundo, para ficarmos com uma ideia válida do que é o marxismo, basta ler o Manifesto Comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels. Embora o documento venha sempre assinado por estes dois homens, a redacção do texto coube ao primeiro por ordem expressa da Liga dos Comunistas, também conhecida na época por Liga dos Justos (cf. Marx, Karl; Engels, Friedrich, Manifesto Comunista, Alianza Editorial, Madrid, 2004).
Se há qualquer coisa que ainda espanta é o que me espantou (enganou) na minha juventude. De facto, quem lê o Manifesto fica com a impressão de que entre este texto e o Evangelho há pontos comuns, quando, na verdade, aquele é a destruição deste.
O opúsculo de Marx encararia a História não como um destino fatal, mas como tarefa a realizar pelos homens. Ora, aparentemente, isto é Evangelho porque soa a liberdade. Só que a liberdade cristã ordena-se ao Criador e a liberdade marxista ordena-se à criatura, sempre limitada, o que faz do marxismo um sistema fechado, isto é, um fatalismo.
Esta minha conclusão não deve surpreender ninguém porque as ideologias de esquerda são tentáculos hodiernos do paganismo antigo. Neste, os homens e os deuses submetem-se ao destino do qual não escapam inexoravelmente.

NOTA: a designação inicial de Liga dos Justos (Bund der Gerechten) para o que viria a ser a Liga dos Comunistas é um sinal evidente da raiz gnóstica destes.
Marx e Engels entraram na Liga em 1847.

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