12 abril 2006

Prática e cor política

Muitas pessoas dizem que, a nível local, o que conta é a prática dos autarcas, independentemente da cor política.
Eu não estou de acordo.
Na verdade, a ideia de que autarcas podem ter uma prática completamente alheia a qualquer posicionamento político só pode arrancar de mim o sorriso da complacência.
Meus amigos, sabemos por todas as ciências humanas que quem está no poder, por mais pragmático que seja, no fundo tem sempre uma ideia pertencente ao espaço político da direita ou da esquerda. Estas duas categorias políticas não são miragens mas sim reais porque fazem parte da estrutura intrínseca do homem desde a bruma dos tempos, embora com os nomes mais diversos. Tudo o que seja morte da tradição é esquerda; tudo o que seja cruzar a tradição com a renovação é direita.
Mas voltemos ao tema. Se a prática destes autarcas pode não ter nada a ver com a força ideológica que os levou ao poder, por que razão eles não entregam a Fundação João Gonçalves Júnior à Paróquia, devolvendo-a às suas legítimas raízes?
Um dia poderá ser que os comunistas venham a tomar tal medida, mas só quando esta for passo inevitável para adiar a queda de um poder moribundo no Concelho.

4 comentários:

Fonseca Bastos disse...

Caro amigo Marafuga:
Como sabe, sou uma das pessoas que discorda da sua tese acerca da prática e da cor política. Pelo menos nos aspectos comezinhos da acção e do papel do poder.
A meu ver, o problema está na qualidade das pessoas e não na ideologia.
Andei alguns dias, no centro, a rever um pouco do país real e vi bom e mau em autarquias de esquerda e de direita.
Por acaso não vi nenhuma que deixasse os jardins ao abandono, ao contrário da prática corrente em Alcochete, tanto com o anterior como com o actual poder.
Penso que a devolução da Fundação João Gonçalves Júnior às legítimas origens e finalidades definidas pela doadora do legado depende única e exclusivamente da sociedade alcochetana.
Alguém se incomoda com isso?

Anónimo disse...

Não está directamente relacionado com o post do caro Marafuga. Mas a leitura do comentário do Sr Bastos foi seguida da leitura de: [in http://www.abrupto.blogspot.com/ 12/04/006]

Trees

They stand in parks and graveyards and gardens.
Some of them are taller than department stores,
yet they do not draw attention to themselves.

You will be fitting a heated towel rail one day
and see, through the louvre window,
a shoal of olive-green fish changing direction
in the air that swims above the little gardens.

Or you will wake at your aunt's cottage,
your sleep broken by a coal train on the empty hill
as the oaks roar in the wind off the channel.

Your kindness to animals, your skill at the clarinet,
these are accidental things.
We lost this game a long way back.
Look at you. You're reading poetry.
Outside the spring air is thick
with the seeds of their children.

(Mark Haddon)

Este texto contrastou com uma forte impressão que tive ao ver, hoje pela manhã , os plátanos podados na vila de Alcochete.
São silhuetas esqueléticas, violadas a arranjar energia para repor o verde que noutras árvores e plátanos não podados já está conseguido.
Quem trata das árvores em Alcochete?
Quem lhes dá atenção?
Quem não lhes sente a falta?
QUANTO CUSTOU, DOS MEUS IMPOSTOS, AS PODAS DAS ÁRVORES DE ALCOCHETE?

OLHEM BEM PARA OS PLATANOS DE ALCOCHETE. SÃO UM RETRATO DE QUÊ?

Fonseca Bastos disse...

... do estado a que isto chegou, com o consentimento geral!

Anónimo disse...

...DEPOIS NÃO QUEREM QUE FALEMOS DO ANTIGAMENTE...(ALIÁS, ESTA PALAVRA É PARA MUITOS SINÓNIMO DE FACHISMO...)...QUANDO EU ERA MENINA ALCOCHETE TINHA 2 JARDINS MUITO BONITOS:O DO LARGO GAGO COUTINHO E O DO LARGO S.JOÃO TRATADOS PELO SR. FERNANDO, PELO SR.DOMINGOS E POR UM OUTRO SR. CUJO NOME NÃO ME OCORRE.ERA OU NÃO JOÃO? AGORA MUDAM-SE AS PLANTAS DE 3 EM 3 MESES (VAMOS LÁ SABER PORQUÊ)E NÃO HÁ A PREOCUPAÇÃO DE VER QUE TIPO DE PLANTAS SE DEVE PLANTAR.

MARIALISBOA