18 julho 2009

Ingenuidade política


Diz Edouard Balladur: «Nada escapa à observação dos media e ninguém tem o direito de pretender escarpar-lhes. É um pecado, é uma violação da democracia sustentar que os media não têm o direito de acesso a tudo, de falar de tudo, de emitir juízos sobre tudo - juízos por vezes sumários e peremptórios. [...] Graças a eles [os jornalistas], a crítica exerce-se no dia-a-dia, enquanto o povo se manifesta através do voto apenas de vez em quando; a delegação do poder que ele faz naqueles que elegeu não exclui um controlo quotidiano. Quem poderá exercê-lo senão os jornalistas? E que significaria a liberdade de expressão se eles não fossem indiscretos, irritantes, ousados, malévolos e até de má-fé?» (Balladur, Edouard, Maquiavel em Democracia, Casa das Letras, Lisboa, 2006).
Diz Ondina Margo: «Ora a pergunta que faço é: e se as câmaras não tivessem apanhado o gesto de Pinho em directo? Provavelmente teríamos na mesma um comportamento reprovável que mereceria repúdio, mas duvido que fosse amplificado da maneira que foi, eclipsando por completo o debate do estado da nação e toda a discussão política subsequente em Portugal» (Jornal do Montijo, 17 de Julho de 2009).
Teria preferido Ondina Margo que as câmaras estivessem distraídas? Mas esta preferência interferiria com a competência dos jornalistas. Ondina está a deixar sob maus créditos estes profissionais da comunicação social. E é assim que esta senhora quer ascender ao exercício da política? Mas que ilusão!

3 comentários:

Fonseca Bastos disse...

Donde conheço eu a conversa de matar o mensageiro?

Unknown disse...

Essa conversa é muito antiga, sr. Bastos.

Fonseca Bastos disse...

Tão velha que deu origem à censura prévia.