23 julho 2009

Berros e bom-senso

A propósito desta notícia e do deficiente funcionamento de alguns serviços públicos e privados, vem a talhe de foice sublinhar que os alcochetanos, em particular, e os portugueses, em geral, oralmente reclamam muito – às vezes sem razão nem justificação – mas raros se atiram ao teclado do computador ou pegam numa folha de papel, num envelope e num selo de correio, expondo críticas, opiniões e sugestões por escrito a quem de direito.
Se um autarca descura os seus deveres, se um médico não cumpre o horário estipulado, se um serviço está mal organizado e não contempla as necessidades, o desconhecimento, as limitações e os interesses de quem a eles recorre, natural seria que, em vez de reclamarem entre dentes, em alta voz ou aos berros, atingindo até as pessoas erradas, as vítimas visassem directamente os responsáveis, que nunca estão presentes nem disponíveis ou parecem distraídos, cegos, surdos e mudos.
Informando-me, expondo ou reclamando por escrito e denunciando a ineficácia de serviços, nos últimos tempos consegui resolver a bem alguns problemas e até beneficiar de coisas raras nos dias de hoje: respeito e simpatia de pessoas que à maioria pareceriam inacessíveis.
Escreva a reclamar, justificadamente, sobre tudo o que lhe desagrada. Uma mensagem electrónica ou uma carta podem não mudar muita coisa; mas dez forçarão alguém a reflectir e cem implicarão uma revolução.
O exercício activo da cidadania é um direito individual de todos. Exerce-se na vivência diária e não somente em política.

1 comentário:

Anónimo disse...

"O exercício activo da cidadania é um direito individual de todos. Exerce-se na vivência diária e não somente em política"
Subscrevo inteiramente.
Pena que a população, frequentemente, se esqueça desse facto. E quase sempre se riem de expressões como a acima citada...