09 março 2009

Espero sentado

Aqui está uma notícia – IMI sobe 135 euros com cláusula de salvaguarda – cujo tema gostava de ver abordado por candidatos autárquicos em Alcochete, porquanto 2009 será o primeiro ano em que um número significativo de novos residentes começa a pagar Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), cujas taxas são consideradas absurdas por especialistas do mercado imobiliário.
Recordo que 1999 foi o ano imediato à inauguração da ponte Vasco da Gama. Na altura, a isenção de IMI era aceite por 10 anos.
Não quero promessas vãs, quero compromissos claramente assumidos porque no passado e no presente houve um discurso na oposição e
actos muito diversos após a chegada ao poder. O pretexto foi sempre o mesmo: a pesada e imprevista herança deixada pelos antecessores. Todavia, no Município de Alcochete as receitas de IMI mais que duplicaram entre 2000 e 2005 (*) e as projecções apontam para que o valor das cobranças aumente exponencialmente a partir de 2010.
Volto a lembrar que, conforme artigo aqui publicado há mês e meio, aguardo esclarecimentos políticos acerca da actual situação financeira do município, respectivas causas e soluções propostas. As respostas pretendidas não são só de quem está no poder...

(*) - Para ser rigoroso, acrescento que as receitas municipais derivadas da Contribuição Autárquica (a que sucedeu o IMI em 2003) quase decuplicaram em apenas 13 anos: a receita de 1993 foi de 25.135.000$ e a de 2006 de 948.700€ (190.197.000$).

2 comentários:

sousa rego disse...

Com mais "receitas" haverá que distribuí-las equitativamente.Eis a nossa reflexão sobre o assunto:
O “centralismo “ do poder,tende a satisfazer toda uma clientela que lhe está mais próxima,sejam eles os seus membros ,apoiantes ou simpatizantes, e bem assim , a área geográfica,-a urbe-, onde os mesmos vivem.
E no concelho de Alcochete esta tendência,digamos quase “natural”,não sofreu excepção.
No passado século XX e antes da implantação 2ª República com o 25 de Abril de 1974,o “centralismo alcochetano “ reinou como uma forma de poder quase absoluto.
As demais freguesias do concelho tinham de contentar-se com pequenas e insignificantes migalhas.
É o caso do Samouco.
O Sr. F.Bastos nos seus brilhantes trabalhos de investigação sobre o municipalismo de outrora dá-nos conta desta realidade.
No entanto ,é preciso estar atento para poder interpretar alguns dos factos que ali são apontados.
A título de exemplo, a estrada municipal que liga Alcochete ao Samouco só no início da década de 1950 é que viria a ser arranjada.Eis parte do texto polémico:-“na sessão de 3 de Agosto de 1940 a câmara resolve assumir por administração directa a pavimentação dessa rodovia,...
Assim, o piso original dos 5kms da actual Estrada Municipal 501 – em 'macadame' e em mau estado, segundo testemunho de quem a conheceu na época – seria feito com a "prata da casa", sendo pavimentada somente no princípio da década de 50.”
E a polémica sobre a nomeação de um médico para o Samouco.
Eis o excerto do texto em causa:- “O caso tinha alguns contornos políticos – possivelmente devido a divergências herdadas da restauração do concelho, em 1898, quando em Samouco surge um grupo que tenta manter a freguesia no município de Montijo – e a nomeação desse médico para a freguesia periférica andaria embrulhada cerca de ano e meio, resolvendo-se apenas na Primavera de 1944, ao ser nomeado o falecido dr.Manuel Simões Arrôs (1910-2007).
O processo tem início no Verão de 1942, quando o presidente da câmara propõe que o lugar seja posto a concurso, encetando logo diligências para que a sua residência seja fixada em Alcochete, para evitar problemas políticos futuros.”
E os jardins públicos?
Em que estado se encontram os da sede do concelho e os das restantes freguesias.
Dos campos de futebol nem é bom falar.Na sede do concelho um estádio municipal devidamente relvado e outro campo de futebol com relva sintética.
E os das freguesias?Campos de terra batida para variar!
No caso do Samouco talvez uma outra “leitura” possa ajudar a compreender .
A antiga aspiração do Samouco em integrar-se na então Aldeia Gallega,hoje o Montijo,foi sempre uma espécie de “espinho” cravado na garganta” do “centralismo alcochetano”.
A vingança do “centralismo alcochetano” serviu-se a frio ao longo de mais de um século!
É preciso estar atento!O Samouco deve estar atento!

Fonseca Bastos disse...

Interessante análise, que poderá completar-se com piores exemplos do centralismo tacanho: Pinhal do Concelho, Terroal, Passil e Fonte da Senhora.