16 março 2009

Municipalismo de outrora (14): as festas de Verão

As primeiras Festas do Barrete Verde e das Salinas realizaram-se a 7 de Setembro em 1941 e até 1945 aparecem nas actas municipais várias referências às mesmas, verificando-se que sempre tiveram financiamento significativo da autarquia.
No ano de 1944 a câmara concederia 4.000$ de subsídio, importância que à época representava pouco mais de 1% do seu orçamento anual. Hoje equivaleria a cerca do triplo da última verba concedida.
Recorde-se que o Aposento do Barrete Verde seria fundado somente a 20 de Agosto de 1944, com a principal finalidade de organizar essas festividades anuais da vila, cabendo a organização das primeiras festas à Santa Casa da Misericórdia de Alcochete.

Foram imprescindíveis, no entanto, os apoios do município, dos srs. Samuel Lupi dos Santos Jorge e José André dos Santos e a colaboração da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898.
O impulsionador das festas foi o jornalista José André dos Santos (1909-1967)[imagem ao lado], natural de Alcochete, que trabalhava no extinto jornal «O Século».
Aproveita a realização da tradicional corrida de toiros e, com o apoio e divulgação do seu jornal e do «Diário de Notícias», consegue pôr de pé as primeiras festas do Barrete Verde e das Salinas – a única vez em que se denominaram das Salinas e do Barrete Verde, pois do ano seguinte até à actualidade foram sempre as Festas do Barrete Verde e das Salinas.

Em 1943 a Santa Casa da Misericórdia recebe uma herança de Carlos Ferreira Prego, 3.º barão de Samora Correia (cujo busto está no antigo Rossio da vila, imagem abaixo), desinteressando-se da organização das festas, passando essa responsabilidade para a Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898, com o apoio da Câmara Municipal.
Perante as dificuldades em encontrar uma entidade ou comissão interessada em organizar as festas, em meados de 1943 a Câmara Municipal decide formar uma comissão presidida pelo vereador António Antunes e constituída por Álvaro José da Costa, Virgílio Jorge Saraiva, Augusto Ferreira Saloio, Augusto Atalaia, João Batista Lopes Seixal, José de Oliveira, Augusto Ferreira Gonçalves de Oliveira e Augusto Ferreira da Costa.
Terminadas as festas desse ano, a comissão convida para um almoço pessoas influentes na vila – nomeadamente António Tomé, Estêvão João Pio Nunes, Joaquim José de Carvalho, Dr. Manuel Simões Arrôs, Joaquim Tomás da Costa Godinho, António Rodrigues Regatão, Manuel Ferreira Perinhas e Carlos Pedro de Oliveira – às quais pretende fazer sentir a urgência em constituir uma entidade que assuma a organização das festas.
Desse almoço sai uma comissão composta por Joaquim José de Carvalho, Joaquim Tomás da Costa Godinho, António Rodrigues Regatão, Augusto Ferreira Gonçalves de Oliveira e Álvaro José da Costa, incumbida de constituir a entidade pretendida, que virá a denominar-se Aposento do Barrete Verde e será fundada a 20 de Agosto de 1944.

(continua)


N.R. - Contribuíram para este texto os srs. Miguel Boieiro e João Marafuga. O excerto respeitante às Festas do Barrete Verde e das Salinas faz parte da história do Aposento do Barrete Verde, editada na década de 80.

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1 comentário:

Unknown disse...

Na minha visão das coisas, José André dos Santos está entre as maiores figuras alcochetanas do séc. XX.
Ele é o homem que tem uma nítida consciência do seu tempo, compreende a função antropológica da festa e a importância agregadora da mesma, evolui sem rupturas, dando o seu contributo incontornável para o justo lugar que a terra de Alcochete ocupa no contexto nacional.