20 janeiro 2009

Grande abraço a Isabel M!




Envio para Londres um abraço a Isabel M, bisneta de António Rodrigues Regatão, a qual, graças a este texto, pôde conhecer uma imagem do seu antepassado.

Repare-se no comentário por ela introduzido no texto.
Já agora, Isabel, especialmente para si aqui tem uma página com tudo o que neste blogue se escreveu acerca do seu bisavô.

E o que ainda não se escrevera, por falta de oportunidade, fica registado em seguida, com duas imagens pouco conhecidas: ao alto, grupo de fundadores do Aposento do Barrete Verde, onde figura seu bisavô. Um pouco mais abaixo, neste texto, há ainda um documento histórico da fundação do Aposento.

Há cerca de sete anos, quando originalmente escrevi e publiquei este texto, registei nele que o filho de António Rodrigues Regatão - reformado e então com quase 80 anos - lamentava que Alcochete se tivesse esquecido do pai, oficialmente tido como o ideólogo do Aposento do Barrete Verde.
Nunca houve justificação para tal e presume-se que a razão seja apenas uma: não nasceu cá!
O impulsionador do Aposento do Barrete Verde foi o jornalista José André dos Santos e na época (início da década de 40 do século passado) surgiram várias ideias acerca do nome a atribuir-lhe, tais como Casa, Pousada ou Albergue.
Chega a ser impressa uma circular, datada de 22 de Agosto de 1944, em que surge estampada a denominação Pousada do Barrete Verde. Todavia, quando é distribuída à população tem sobreposta à palavra Pousada, através de um carimbo, a designação Aposento (ver imagem acima ampliada).
Tudo indica que António Rodrigues Regatão foi quem atribuiu a denominação final ao Aposento e terá também contribuído para a redacção dos seus princípios básicos e do projecto inicial de estatutos.
O Aposento do Barrete Verde nasceu a 20 de Agosto de 1944 e são seus fundadores oficiais Álvaro José da Costa, António Rodrigues Regatão, António Tomé, Augusto Atalaia, Augusto Ferreira da Costa, Augusto Ferreira Gonçalves de Oliveira, Augusto Ferreira Saloio, Carlos Pedro de Oliveira, Estêvão João Pio Nunes, João Baptista Lopes Seixal, Joaquim José de Carvalho, Joaquim Tomás da Costa Godinho, José de Oliveira, Manuel Ferreira Perinhas, Dr. Manuel Simões Arrôs e Virgílio Jorge Saraiva.
António Rodrigues Regatão, falecido em 1966 em Alcochete, era natural de Alandroal, distrito de Évora, onde nasceu em 1890. Foi fundador e presidente do Sindicato dos Ajudantes Técnicos de Farmácia, radicando-se em Alcochete no ano de 1933, para exercer a sua profissão de farmacêutico, adquirindo a Farmácia Gameiro (cujo nome lamentavelmente desapareceu quando, há pouco tempo, o estabelecimento se mudou para a Urbanização do Barris).
António Rodrigues Regatão foi também presidente da Assembleia Geral da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 e tomou parte activa na aquisição do edifício classificado onde se situa a sua sede, na Rua Comendador Estêvão de Oliveira.
Foi criador e ideólogo - na sua forma física, filosófica e programática - do Aposento do Barrete Verde, expressa na circular para angariação de sócios, datada de 22 de Agosto de 1944, publicada mais acima nesta página.
Lutou contra a ditadura do Estado Novo, foi figura destacada e de referência em Alcochete, sendo citado no «Livro Branco do Fascismo». Em consequência das suas opções políticas, foi perseguido na actividade comercial por pessoas influentes e afectas à ditadura.
Em data que não posso precisar – porque o original manuscrito não está datado – a Câmara Municipal recebeu uma proposta para atribuir o seu nome a uma artéria de Alcochete. Nunca obteve resposta. O documento deve constar do arquivo municipal e o seu teor é o seguinte:
"As Festas do Barrete Verde e das Salinas são as festas mais representativas do povo alcochetano, da sua cultura e da sua identidade. Projectaram o nome de Alcochete por todo o país, transpondo fronteiras e proporcionando, todos os anos, a reunião da família alcochetana.
"À personalidade que as criou, José André dos Santos, já foi devida e justamente prestada homenageada. Foi dado o seu nome a uma rua de Alcochete. "Houve alguém que teve a iniciativa, apoiada por um grupo de pessoas que constituíram o núcleo dos sócios fundadores, de criar uma colectividade com a obrigatoriedade de realizar as Festas do Barrete Verde e das Salinas e, consequentemente, de as perpetuar. De estabelecer os princípios que a devia corporizar: trabalhar por Alcochete; fazer a sua propaganda; pugnar pelo seu progressivo desenvolvimento, tornar conhecidas todas as suas belezas naturais; criar um lar regional representativo das tradições, do labor, das tendências e aspirações da família alcochetana e que sirva de casa de recepção de visitantes. "Foi esta mesma pessoa que materializou estes princípios, organizando e dando vida à mais representativa e importante colectividade alcochetana, o Aposento do Barrete Verde. "Este alguém foi António Rodrigues Regatão. "Por analogia com a homenagem a José André dos Santos, e dentro dos mesmos princípios, propomos que seja atribuído o nome de António Rodrigues Regatão a uma rua de Alcochete. Porque nos parece de elementar justiça e gratidão para com a memória de quem fez algo de concreto por Alcochete. Era incontestavelmente seu grande amigo e alcochetano de coração".
Tendo dado pouco ou nada a Alcochete, há quem tenha o seu nome inscrito numa artéria. António Rodrigues Regatão deu algo bem visível, mas cerca de 43 anos após a sua morte ainda não lhe foi feita justiça.

4 comentários:

Fonseca Bastos disse...

Se e quando pensar vir a Alcochete, Isabel M. pode contactar-me previamente por email. Além do mais, dar-lhe-ei o contacto de Fernando Pinto ou de quem na altura presidir aos destinos do Aposento do Barrete Verde.

Unknown disse...

Isabel, estive a falar com o seu avô.
Ele ficou muito contente por a Isabel ter interagido connosco e manda-lhe um grande abraço.

J. Rodrigues disse...

Desculpem, o meu nome e Joana Isabel Marques Rodrigues, eu so decidi por o meu nome como Isabel no meu blog porque queria que ficasse anonimo. Muito obrigado por toda a informacao, fiquei muito feliz por ficar a conhecer que o meu bisavo fez uma algo de especial em Alcochete. Eu ja sabia de uma parte da historia dele, e fico mesmo grata por terem me contactado.

O Sr. Marafuga deve me conhecer, porque andei na fundacao e na primaria com o seu filho, o Edgar, ate vir morar para Londres.

Unknown disse...

Sim, Joana Isabel, o meu filho lembra-se muito bem de ti.