17 dezembro 2008
É possível alumiar o futuro
A sugestão fora por mim enunciada num comentário a este texto e retomo-a acrescentando algumas ideias complementares. Horas após tê-lo redigido, vários intervenientes num debate na RTP1 pronunciavam-se em sentido idêntico: os portugueses sairão mais ricos desta crise se derem as mãos e agirem.
Que sugeria no comentário?
Guardem-se as bandeiras partidárias nas eleições locais de 2009 em Alcochete e todos – militantes e simpatizantes de partidos, cidadãos indiferentes em geral – dêem as mãos para que a esmagadora maioria dos eleitores vá às urnas sufragar mulheres e homens "novos" que garantam trabalhar e agir «Por Alcochete».
Explico-me melhor acerca dessas garantias, a assumir – individualmente e por escrito – como compromisso de honra:
1. Desempenhar o cargo com liberdade e independência, num espírito de serviço cívico prestado à comunidade, cujos interesses sobrelevam quaisquer outros, tal como determina a Constituição: "prossecução de interesses próprios das populações";
2. Não retirar qualquer proveito pessoal, familiar, empresarial, confessional, partidário ou político, para além do legalmente previsto em matéria de remuneração pelo trabalho desenvolvido;
3. Nortear acções e decisões pela ética e pela transparência, respeitando os superiores interesses da comunidade alcochetana, o seu bem-estar, a coesão social e a qualidade de vida;
4. Regularmente justificar e prestar contas aos alcochetanos sobre actos, decisões e administração financeira, em órgãos informativos das autarquias, para que conheçam e compreendam o sentido e os objectivos das medidas adoptadas, de modo a existir clareza e transparência na relação entre o poder político e a comunidade.
Os partidos podem entender-se e uma coligação global é viável. Seria uma pedrada no charco, a que o poder central dificilmente ficaria indiferente.
Ao invés de proporem três, quatro ou cinco programas eleitorais inúteis, bem como dezenas de candidatos que ninguém conhece de parte alguma, nada obsta a que apresentem listas conjuntas e um único programa de acção. Num tal cenário alargar-se-ia imenso a possibilidade de envolvimento dos melhores, ou dos mais disponíveis e empenhados.
Uma campanha com tais características implicaria muito menor despesa e a receita excedentária angariada por partidos e cidadãos, com a finalidade de a subvencionar, seria canalizada para instituições locais de solidariedade social, às quais estão a recorrer, crescentemente, centenas de alcochetanos estigmatizados pelo desemprego, pela pobreza e pela fome.
Os partidos são a essência da democracia e as suas estruturas locais, pelo menos, têm de demonstrar que a regeneração do sistema democrático ainda é possível.
Puro idealismo? Talvez. Mas demonstrem-me ser injustificável concretizá-lo num período difícil como o do mandato 2009/2013, relativamente ao qual a conservação do poder, o assalto ao poder, as divergências e as ideologias serão factores acrescidos de vulnerabilidade.
Aglutinando forças que permitam enfrentar com bom-senso e esperança as consequências económicas e sociais dos dias negros que se avizinham, creio poderem abrir-se caminhos novos e diferentes.
Quem tem medo de rasgar novos caminhos?
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4 comentários:
Caro FBastos
Reconheco que precisamos de ideais nos quais acreditar, mas na verdade temos que ser mais analíticos em relação à realidade do meio em que vivemos. Infelizmente não podemos só fazer escolhas morais. Temos de fazer escolhas à luz de uma visão realista sobre como encontrar meios políticos de se atingir o desígnio que todos queremos. Mais e melhor Alcochete. Infelizmente não basta dizer que um outro caminho é possível.O que temos que nos perguntar é: que outro caminho é este que é possível? Imaginar utopias é exactamente o que não devemos fazer. O que devemos fazer é analisar a realidade e verificar que escolhas concretas podemos fazer.
Cuidado com as utopias. É que quando constatamos que as utopias não podem ser concretizadas ,a desilusão é ainda maior.
Utopia, caro Luís Proença?
Utópicas serão as campanhas do costume no actual panorama económico, social e político.
Nem mais, FB.
Basta olharmos apenas para o nosso umbigo...que é como quem diz para os politicos da nossa praça.
Agora tirem as vossas conclusões e sinceramente digam-me se porventura não existem condições de se fazer Mais e Melhor??
Não existem limites para os nossos sonhos, basta acreditar!
Eu acredito que existam pessoas com capacidades para desinteressadamente lutarem por um Alcochete melhor que beneficie as suas gentes.
Caro Fernando:
Foi também por saber alguma coisa sobre o modo como se não fez e não faz política na nossa praça que escrevi o texto.
Estou a ficar pitosga ou nunca houve política no nosso concelho, excepto três a seis meses antes de eleições?
Não a enxergo, em parte alguma, fora da época da caça ao voto. Por isso a abstenção se abeirou dos 40% em eleições anteriores e subirá ainda mais no próximo ano.
Considero uma excepção o excelente trabalho de sedução política de Luís Proença, neste blogue, que principiou cerca de dois anos antes. Mas uma andorinha não faz a Primavera...
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